A temporada 2013 da Stock Car vai começar neste domingo, dia 3 de março em Interlagos, contudo, uma das mais importantes inovações da categoria deu sua ‘largada’ no final da temporada passada, em Curitiba, que foi a estreia do novo banco, desenvolvido para aumentar a segurança dos pilotos. Mais resistente, com uma maior proteção especialmente para as pernas e a cabeça do piloto, o novo banco é um componente extra para se buscar evitar lesões com gravidade em caso de acidentes. Ouvimos a opinião de seis dos pilotos que estiveram no grid na estreia do banco para saber das suas considerações sobre este novo dispositivo. Contudo, antes deles, procuramos o Sr. Guenther Steiner, engenheiro que desenvolveu o equipamento para nos mostrar as características deste novo componente de segurança dos carros da Stock Car. NdG: Guenther, você poderia explicar para nós como foi concebido este novo banco para os carros da Stock Car? Guenther Steiner: Basicamente é ter um banco melhor, estruturalmente falando. Que ele seja o mais adequado possível à célula de sobrevivência do carro e que suporte os esforços, vetorialmente falando, aos quais os carros possam a vir ser submetidos. Não apenas aqueles em condição de corrida, mas principalmente nas múltiplas situações que podem ocorrer em caso de acidentes. Para isso, o banco tem a sua estrutura feita em fibra de carbono e o seu revestimento é de um material de alta absorvição de impacto, capaz de dissipar senão toda, a maior parte da energia produzida em um caso de impacto. Ou seja, ele é uma célula de sobrevivência dentro de uma outra célula de sobrevivência. NdG: Bem, em teoria os outros bancos fazem ou deveriam fazer a mesma coisa, no que o banco que o senhor projetou é diferente dos outros? Guenther Steiner: Bem, começa pelo conceito. Não o chamo de ‘banco’ ou ‘assento’, mas de ´célula’. Neste sentido não trara-se apenas de um molde ergonômico para o piloto ficar sentado e pilotar o carro, mas sim a concepção de uma célula onde o piloto tem uma proteção maior com relação às forças normais durante uma atividade e possívels sobre esforços em caso de acidentes, que geram desacelerações bruscas, por exemplo. NdG: É claro que existem bancos muito bons e eles estão em uso em diversas categorias de carros de turismo pelo mundo. Bancos semelhantes aos que eram usados anteriormente na Stock Car, uns um pouco mais modernos, talvez, outros nem tanto, e seus construtores sempre pensando em segurança para os pilotos. Mas se for o desejo dar-se ‘um passo adiante’, em termos de conceito de segurança, tem que se reestudar as possibilidades, usar novos materiais, conceber um novo projeto, reavaliar ergonomicamente o que precisa ser feito. É um conjunto complexo de variáveis para te levar a um produto final e que depois de pronto precisa ser testado para se comprovar sua eficiência... e nós fizemos isso. A JL deu este ‘passo adiante’ e não o fez pensando apenas no dia de amanhã. Eles estão pensando 10 anos na frente! É claro que todos os anos, a cada nova temporada, a cada nova corrida, a cada novo dia nós vamos aprendendo, descobrindo coisas novas. Pode ser que daqui há três ou quatro anos, até mesmo antes disso, apareça uma evolução deste conceito, um produto melhor. Nunca se sabe, mas hoje a Stock Car está com um produto de tecnologia de ponta mundial ao dispor dos pilotos brasileiros. Logicamente a preocupação do Mr. Steiner foi a de fazer não apenas um equipamento seguro, mas também de ser, ergonomicamente falando, o mais confortável possível para os pilotos que ficarão presos a ele ao longo de treinos e corridas. De forma – digamos – democrática, procuramos ouvir pilotos de diversas estaturas entre aqueles que disputam o campeonato. Do mais baixinho (Ricardo Maurício) para o mais alto (Átila Abreu) são mais de 40 centímetros de diferença. Assim, procuramos ouvir dois pilotos “baixinhos”, dois de “estatura média” e dois “altões” para saber como eles receberam a novidade em seus carros. Allam Khodair. “Eu gostei do novo banco. Realmente, comparado com o banco anterior ele tem uma estrutura melhor e é mesmo mais seguro, apesar de haver uma limitação no movimento da cabeça, o que restringiu um pouco a visão periférica, nas é o caso da gente se acostumar. O importante é que é um avanço na busca do aumento de segurança dos pilotos e isso é sempre positivo. Acredito que o que hoje está sendo novidade para 2013 todos vão estar adaptados e o campeonato vai ser duro como está sendo este ano.” Giuliano Losacco. “Eu achei o banco bastante confortável. Encaixei certinho no que foi instalado no meu carro. Fiz o teste para sair do carro e consegui sair tão rápido quanto eu saia com o banco anterior. É claro que ele tem diferenças, a gente fica mais ‘enterrado’ na concha e com isso os movimentos laterais ficaram muito mais restritos, mas a gente vai acabar se acostumando,é só uma questão de tempo e isso faz parte da vida do piloto, ir se acostumando com as mudanças de regulamento.” Thiago Camillo. “Honestamente, eu não gostei. A posição do piloto é forçada, empurra a gente para baixo machucando os ombros e provocando dores na região lombar. Quando fiz os testes para sair do carro também senti mais dificuldades e levei mais tempo do que levava com o banco anterior. Esse banco novo era pra chegar no meio da temporada, colocar agora, na reta final do campeonato é complicado. Podia ter ficado para 2013, mas como é uma questão de segurança, com segurança nunca devemos deixar para amanhã.” Daniel Serra. “Eu achei o novo banco bem confortável. O encaixe tanto dos ombros como das pernas ficou muito bom para mim. Em relação ao banco anterior, que era mais baixo, para mim ficou melhor. Quando fiz o teste de saída do carro, consegui me soltar e sair rápido tanto pela porta como pelo teto. Mas estou ouvindo que os pilotos mais altos estão reclamando muito. O Cacá [Bueno] até não falou tanto, mas o Átila [Abreu] está reclamando muito (risos). Acho que os baixinhos vão levar uma vantagem nessa, pelo menos por enquanto.” Rubens Barrichello. “Acho que sou o menos adequado a fazer uma comparação entre os bancos, anterior e atual, por praticamente não ter tido contato como o banco anterior, mas achei que o banco é bom, cumpre o propósito de segurança que ele tem que cumprir e isso é o mais importante. Em relação ao banco de um monoposto, ele é bem diferente, com o piloto ficando numa posição bem mais vertical, mas eu encaixei bem nele. As pernas, os ombros, não senti nenhuma dificuldade extrema, se bem que para mim é tudo novo, mas está tudo legal, sem problemas.” Átila Abreu. “Que o banco é seguro não tem nem o que comentar, mas eu tive problemas com ele. O ajuste nas pernas é muito apertado e eu tive câimbras nos treinos livres. Também senti muitas dores nas costas, pois a posição que ficamos é um pouco forçada. Nos ombros acho que ficou bom, mas acho que perdi um pouco de visão periférica com o movimento de cabeça mais restrito. Levei mais tempo para sair do carro do que com o banco antigo. Com um tempo todo mundo vai se acostumar, claro, mas não dava pra colocar este banco agora, na reta final do campeonato, faltando três provas para o fim.” |