Caros amigos, todo ano, nesta época do ano, com o pessoal soterrado de trabalho nas fábricas e sob neve lá na Europa e zero de atividade nas pistas, só tem um jeito de fazer com que o noticiário fique movimentado – apimentado seria o melhor adjetivo: fazer declarações polêmicas. Nos anos 80, Nelson Piquet atiçou a fúria de toda a comunidade ferrarista, desde o ‘Comendadore’, até a moça do cafezinho, passando pela mídia e pela apaixonada e fanática torcida quando chamou o fundador do império de Maranello de “gagá”. Longe de ser grosseiro, mas sim debochado, o brasileiro falou algo que talvez fosse apenas uma dura e crua verdade. Afinal, a ordem natural das coisas seria todo mundo envelhecer e afastar-se de suas funções de trabalho para “curtir a aposentadoria”. Nesta semana foi justamente um dos “ofendidos” por Nelson Piquet, Luca de Montezemolo, quem usou de um discurso similar para questionar a avançada idade do mecenas da Fórmula 1, nosso querido e bom velhinho, Bernie Ecclestone. Aos 82 anos, o outrora “garageiro” e negociante de carros usados (entre outros negócios) Bernie Ecclestone – assessorado por seus companheiros de trabalho desde os tempos da Brabham – vem há praticamente três décadas, controlando os destinos da categoria mais importante do planeta com muita política, um grande tino comercial e uma capacidade de “fazer acontecer coisas a seu favor”. Tanto que tornou-se um dos homens mais ricos do Reino Unido e do mundo. Contudo, ninguém – e a história prova isto – foi capaz de agradar a todos e da mesma forma que conquistou aliados, o bom velhinho conquistou críticos à sua postura administrativa. Um destes críticos é um caso típico de amor e ódio, de interdependência e uma verdadeira rusga de gato e rato: Luca de Montezemolo! Desta feita o presidente da Ferrari “sugeriu de forma mais veemente” que Bernie Ecclestone deveria deixar o comando dos destinos da categoria e abrir espaço para o surgimento de um novo dirigente (sem citar nomes), capaz de levar a categoria a novos rumos... e pegou pesado, relembrando o processo sobre a nebuloso caso da venda dos direitos da categoria para a CVC e que corre na Alemanha. Mas que rumos seriam estes? Quem sabe aquele que permitiria a Ferrari – e outras equipes interessadas – alinhar três carros no grid, pleito de alguns anos da equipe italiana que nos anos 60/70 fez isso por diversas vezes. Na verdade, seria muito mais interessante ter 3 Ferraris, 3 McLarens, 3 Red Bulls, 3 Mercedes ou quem mais fosse aderir ao terceiro carro do que ver as “chicanes móveis” das nanicas, que neste ano não serão mais três, apenas duas. A grande pergunta não seriam os rumos da nau, mas seu novo capitão. Claro que ninguém neste mundo é insubstituível e nós temos um belo “exemplo caseiro” com o que aconteceu na Fórmula Truck após a fatídica morte de Aurélio Batista Felix. A categoria não apenas se manteve, mas também cresceu e modernizou-se. Voltando a pergunta: quem poderia ser o “novo Bernie”? Houve um tempo que o próprio Bernie chegou a ventilar o nome do empresário (e canastrão, para dizer o mínimo) Flavio Briatore como um potencial substituto em uma eventual, mas sem data, sucessão. O antigo diretor da Benetton e da Renault sempre teve tantos ou mais contestadores que o próprio Bernie Ecclestone, mas no caso “Singapura Gate”, com o escândalo do “acidente programado” com Nelsinho Piquet, Briatore teve a imagem chamuscada e até hoje, apesar do “perdão” de Bernie Ecclestone, não tem mais a mesma importância. Jean Todt, hoje na presidência da FIA seria um nome potencialmente forte. Ele vem fazendo um bom trabalho, fortaleceu campeonatos além do mundial de Fórmula 1, tem investido esforços no Rally, seguimento onde foi navegador até o início dos anos 90 e poderia vir a ser um nome de consenso... E cá estou eu jogando mais gasolina nessa fogueira. Enquanto isso, no balcão do cafezinho... Bruno Senna parece estar cada vez mais distante de correr a próxima temporada do mundial de Fórmula 1. Romain ‘Crash’ Grosjean conseguiu segurar seu lugar na ‘Nega Genii’ ao lado Kimi ‘Tomotodas’ Raikkonen. Assim, a Force Índia ficou como a única e última equipe “não nanica” a ter ao menos uma vaga disponível, mas todos os indícios tem apontado para longe do nosso continente, o que inclui o baiano Luiz Razia ou qualquer outro patrocinado pela PDVSA. A decisão parece estar pendendo para o lado do Adrian Sutil, que já pilotou na F1 e andou bem, tendo ficado “a pé” por falta de patrocinadores, com Jules Bianchi correndo por fora. Quem também andou bem e andou muito nos últimos anos e que acabará sem carro no grid é o Koba San. O samurai Kobayashi depôs a espada semana passada, agradeceu a ‘vaquinha’ que seus fãs fizeram para tentar mantê-lo no grid e o seu discurso foi desolador. Será muito triste o automobilismo perder um valor como ele por conta apenas de dinheiro. Depois do susto que foi ver a etapa de Curitiba fora do calendário preliminar do WTCC, a categoria comandada por Marcello Lotti anunciou outro calendário, com a inclusão da etapa brasileira no dia 28 de julho... sem estar dividindo os boxes com nenhuma categoria da VICAR! Como o contrato entre as duas partes ia até este ano, ainda tem coelho neste mato... Um passo importante para que um sonho nosso se concretize foi dado nesta última semana: a Audi anunciou a contratação do brasileiro Lucas Di Grassi como um de seus pilotos para a temporada de 2013 no Campeonato Mundial de Endurance. A equipe alemã ainda não definiu em que esquema o brasileiro irá correr. Muito pouco provável que ela desmonte o trio que venceu o Mundial de 2012, mas o fato da equipe já ter informado que alinhará três carros híbridos para as 6 Horas de Spa e as 24 Horas de Le Mans dá a entender que a possibilidade de Lucas estar presente ao menos nestas duas provas, além da etapa brasileira, é grande. Quem sabe não acontece o que nosso editor – e eu também – tanto desejamos: que no ano que vem, 50 anos depois da irreparável perda de Christian Heins, um brasileiro venha a vencer em Le Mans. E a Vicar decretou mesmo o fim da Copa Montana. Em 2013 a Stock Terá companhia em 8 de suas 12 etapas da nova categoria de acesso – ainda sem nome – que, segundo a JL, empresa da família Giaffone, é completamente novo, sendo mais largo e estável que o modelo anterior. Contudo, o motor será o mesmo V8 restringido a 350cv como era na Montana. O carro é bonito, lembra os carros que os cearenses fazem em seu campeonato regional, contudo, deve ter um preço bem mais salgado! Um abraço, feliz Natal e até a próxima, Fernando Paiva |