Caros amigos, no próximo domingo teremos o encerramento de mais uma temporada da Stock Car, com a realização da chamada “Corrida do Milhão”, a qual contará com a participação dos três pilotos que disputaram a Fórmula Indy em 2012 (Helio Castro Neves, Tony Kanaan e Rubens Barrichello), além dos pilotos que disputaram a temporada normalmente. Contudo, a prova também será marcada pelo retorno de Marcos Gomes (caso ele consiga um carro para correr), que fora afastado por doping após seu exame acusar positivo ainda na etapa de abertura, no Velopark. Apesar do fato ter sido constatado ainda na primeira etapa, a veloz justiça brasileira e seu STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) só fez com que o piloto fosse punido na metade do certame, antes da corrida de Salvador. Na mesma etapa, outro piloto ganhou as manchetes foi Alceu Feldmann. Não pelo resultado do exame, mas pela recusa do piloto em fazê-lo. Sorteado para fazer a coleta de material para o exame antidoping da categoria. Alceu, alegando que estava tomando uma medicação de reposição hormonal, com conhecimento do Dr. Dino Altmann, médico da categoria. Assim, caso o fizesse – no seu entendimento – teria o resultado positivo para uma substância da lista da WADA, Comissão Internacional Antidopagem. Quando o resultado da pena de suspensão por um ano foi anunciado pelo STJD para o caso de Marcos Gomes (o julgamento aconteceu apenas no dia 22 de agosto), o piloto perdeu seu contrato com a equipe que defendia na Stock Car (a Medley - Full Time), mesmo com a decisão do tribunal abrindo a possibilidade de um recurso. No caso de Alceu foi diferente: diante da recusa ele foi considerado presumivelmente culpado, mas com o uso dos mecanismos possíveis da lei – leia-se, efeito suspensivo – conseguiu suspender a pena de suspensão e continuar correndo até a etapa de Londrina. No caso de Feldmann, foi comutada a pena máxima – dois anos – uma vez que houve a recusa do piloto em fazer o exame, independente do fato dele ter solicitado uma TUE (Therapeutic Use Exemptions), autorização oficial para uso do medicamento contendo a substância, fato do conhecimento da CBA. O mais “interessante” deste imbróglio todo é que a Confederação Brasileira de Automobilismo relutou o quanto pode para não ter que divulgar o nome das substâncias dos casos tanto de Alceu Feldmann como o de Marcos Gomes, da mesma forma que o fez no caso de Tarso Marques, talvez com a mesma alegação dada no caso do ex-piloto da equipe Minardi na F1: querer ‘preservar’ o piloto. Preservar do que, se o piloto foi pego, julgado e punido por uso de substância ilegal? A Confederação Brasileira de Automobilismo presta um desserviço ao esporte tomando atitudes desta natureza e, talvez, vendo a situação por este aspecto, foi divulgado o nome das substâncias encontradas no exame de Marcos Gomes... três substâncias proibidas foram detectadas: metilfenidato, isometepteno e canabinoide. O Metilfenidato é o princípio da Ritalina, medicamento que é usado para quem tem problemas de atenção e concentração e que certamente daria ganho de performance ao piloto denxando-o “mais ligado”. O Isometepteno é o princípio ativo de medicamentos analgésicos, normalmente ligados à dor de cabeça. Já a terceira substância – a Canabinoide – está ligada ao tetraidrocanabinol. Em outras palavras, maconha (Coitado do Paulão)! No caso de Alceu Feldmann, até hoje não foi divulgada qual a substância que poderia ser encontrada em seu exame. Uma vez que o piloto não fez exame, teria que ser ele – ou o Dr. Dino Altimann – o responsável por divulgar qual seria esta substância que apontaria Alceu Feldmann como culpado por uso de substância ilegal. Alceu Feldmann é empresário, tem outras fontes de renda e sustento para sobreviver, ao passo que Marcos Gomes é piloto. Vive do que consegue nas pistas, junto aos seus patrocinadores e que carrega o peso do nome de seu pai, o tetra campeão da Stock Car e um dos maiores pilotos de sua geração: Paulo Gomes, hoje membro da diretoria da CBA. Em uma gestão tão conturbada como esta do Sr. Cleyton Pinteiro, tudo poderia ser considerado possível, mas ver o piloto que, comprovadamente infringiu o regulamento, ter sua pena reduzida pela metade às vésperas de uma corrida que, caso ele ganhe, ressarcirá boa parte das perdas decorrentes pela suspensão e rompimento do contrato com a Medley - Full Time é, ao menos, questionável. Porque ele teria este benefício e Alceu não? Porque ele é piloto profissional que depende do seu trabalho nas pistas e Alceu não? Porque ele fez o exame e Alceu não? Ou porque ele é filho de um Diretor da CBA e Alceu não? A este colunista não cabe julgar os fatos, apenas relatá-los e fazer indagações pseudopertinentes. O julgamento fica para os tribunais, para que ler esta coluna, para a consciência de cãs um dos envolvidos aqui citados. Enquanto isso, no balcão do cafezinho... A Hispania Racing Team, conhecida pela sigla HRT fechou as portas. Afogada num mar de dívidas, a equipe com sede na Espanha não irá alinhar seus carros no grid após três temporadas de extremas dificuldades, de andar na rabeira do pelotão todo o tempo e de não ter demonstrado o menor poder reação. Não vai deixar saudades. Agora faltam duas! A GP2 deve ter apenas um brasileiro no ano que vem – caso o Luiz Razia não acabe tendo que se contentar com ela novamente. Felipe Nasr fará sua segunda temporada retornando ao esquema pelo qual correu na Inglaterra: a Carlin. Com uma estrutura mais forte e um esquema que não o deixará em segundo plano como foi na DAMS, o brasileiro – e todos nós – acredita em um ano de sucesso e na possibilidade do título. Tomara! E os americanos, heim? Sempre inventando. Depois do chapéu de cowboy no GP de Austin, uma senhora jogada de marketing, eles exageraram: a Truck Series, categoria onde correram este ano Nelsinho Piquet e Miguel Paludo, vai ter uma etapa num oval de terra batida. Sinceramente, estou curioso para ver como é que fica a transmissão no meio do poeirão. Nelsinho não deve estar mais lá, indo para a Nationwide, mas Paludo ainda deve ficar para comer, ou fazer comerem poeira. E para fechar, claro, não poderia faltar a polêmica criada com as supostas ultrapassagens “ilegais” de Sebastian Vettel. Que a imprensa espanhola é mais fanática que a italiana nós descobrimos faz algum tempo. Enquanto os italianos são quase uns anarquistas, os espanhóis são quase uns terroristas. Mas daí a Ferrari “comprar a briga”? Tenha santa paciência! Imaginem o que pode acontecer se o Felipe Massa começar o ano “incomodando” o Alonso... Um abraço e até a próxima. Fernando Paiva |