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Extra: SOS Autódromo Virgílio Távora (Ainda tem como evitar o fim?) PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Tuesday, 15 July 2025 22:57

 

Desde o final da década passada o Autódromo Internacional Virgílio Távora, situado na cidade do Eusébio, cidade próxima a Fortaleza vem sendo alvo da especulação imobiliária. O autódromo, inaugurado em 12 de janeiro de 1969 com o evento do Grande Prêmio Ministro Mário Andreazza. No mesmo ano o autódromo recebeu uma das 5 etapas do Torneio Internacional de Fórmula 3, com pilotos de todo mundo. Primeiro autódromo permanente construído na região nordeste, por muitos anos foi utilizado como local de disputas dos campeonatos regionais, além de diversos eventos nacionais, como a Fórmula Truck e alguns outros eventos internacionais, como a Fórmula 3 Sul-Americana entre 2000 e 2002. Em 1997, o autódromo passou por uma grande reforma, garantida por convênio de cooperação técnica assinado entre a Secretaria do Turismo do Estado, a Petrobras e a Federação Cearense de Automobilismo. A reabertura aconteceu em 30 de novembro de 1997 com a realização da prova Seis Horas do Ceará, com 237 voltas, vencida pela dupla Nelson Piquet/Ruyter Pacheco, com uma BMW. Apesar das atividades regulares realizadas pela Federação Cearense de Automobilismo, o autódromo é considerado não operacional pelo governo estadual, que avalia que a utilização restrita não justifica a manutenção do ativo.

 

 

A especulação imobiliária já havia feito uma vítima no seguimento do esporte a motor. O Kartódromo Internacional Júlio Ventura ficava localizado algumas centenas de metros antes de se chegar ao autódromo Virgílio Távora, para quem deixa Fortaleza em direção ao município do Eusébio. Com o passar dos anos a especulação imobiliária foi avançando na direção da pista de 1070 metros comprimento com oito metros de largura, com a possibilidade de usar 25 traçados diferentes (um recurso excepcional), mas foram surgindo mais e mais empreendimentos e cada vez mais próximos, vários deles sendo condomínios de alto padrão. No caso do kartódromo, o mesmo era uma propriedade privada, de um grupo empresarial que atuava com revendas de automóveis, entre outros seguimentos. Após várias investidas, o negócio foi fechado e no final de 2015 o kartódromo foi demolido.

 

Em julho de 2019 o Governo do Estado, proprietário do Autódromo Internacional Virgílio Távora, através de um projeto de lei onde nove imóveis do Estado que devem ser vendidos. O projeto de lei foi enviado pelo governador Camilo Santana e o projeto tramitou em regime de urgência na Assembleia Legislativa e precisava de maioria simples dos deputados para aprovação. Adivinhem o que aconteceu? Aprovado por ampla maioria! Apesar da Federação Cearense de Automobilismo (FCA) argumentar, através de nota oficial, que o Autódromo Internacional Virgílio Távora não gerava custos para o Estado, uma vez que há pelas duas décadas anteriores as contas de energia, funcionários, e demais custos de manutenção vinham sendo pagos pela FCA, por meio de receitas oriundas dos próprios eventos produzidos pelos Clubes Automobilísticos, isso não demoveu os deputados estaduais da sanha privatista.

 

 

Depois de todos os “estudos técnicos” para a venda, foi feita a primeira tentativa de venda veio através da Terra Brasilis Participações e Empreendimentos LTDA, que tomou a avaliação do terreno, feita pelo método comparativo direto de dados de mercado, chegando ao valor de R$ 50.700.000,00 (cinquenta milhões e setecentos mil reais). A CearaPar anunciou um leilão do Autódromo em julho de 2023, mas o imóvel não recebeu propostas.

 

No início de 2024, o presidente da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), Giovanni Guerra, e o presidente da Federação Cearense de Automobilismo (FCA), Lutianne Soares, foram recebidos em audiência pelo governador do Ceará, Elmano de Freitas, para tratar da recuperação do autódromo. No plano apresentado por Giovanni Guerra, o estado seria reintroduzido no calendário nacional e voltaria a receber algumas das principais categorias do automobilismo brasileiro, após um conjunto de ações economicamente viáveis enquanto Luttiane Soares apresentou um detalhado relatório sobre as positivas perspectivas econômicas para o estado, em caso de o autódromo receber novamente os eventos supervisionados pela CBA. O governador considerou extremamente positiva a apresentação, concordou com a pertinência dos argumentos e ressaltou a importância do automobilismo para a economia, gerando empregos e movimentando a economia no setor de serviços. Ainda, colocou na pauta a construção de um novo autódromo no Ceará, no formato multiuso, usando o modelo de Interlagos.

 

 

Contudo, apesar da informação passada pela CBA de que o governador havia convocado parte do secretariado para realizar um estudo de viabilidade. Fazem parte do grupo especial a secretária Yrwana Albuquerque (Turismo), os secretários Rogério Pinheiro (Esporte) e Salmito Filho (Desenvolvimento Econômico), Quintino Vieira (superintendente de obras públicas), entre outros, em dezembro daquele ano o Governo do Ceará promoveu um novo leilão para O Autódromo Internacional Virgílio Távora, sendo o lance inicial desta vez estipulado em R$ 61.290.000,00 (sessenta e um milhões, duzentos e noventa mil reais). A oferta da área anunciava que a área não poderia receber indústrias, o que contrariaria o plano diretor, limitando a utilização dos mais de 261 metros quadrados a empreendimentos imobiliários residenciais e comerciais, permitindo a verticalização pelo plano diretor, o limite de altura de possíveis construções na localidade do autódromo é de até 60 metros, o que seria equivalente a um prédio de cerca de 20 andares.

 

Assim como na tentativa de venda anterior, não foram feitas propostas (lances). Dois representantes se apresentaram demonstrando interesse em dar lances no imóvel, mas a dupla desistiu após ser informada que seria a única a participar. Um dos interessados, que preferiu não se identificar, disse à reportagem do jornal Diário do Nordeste que ele e o parceiro acharam o lance inicial elevado (o que era uma situação – no mínimo – estranham uma vez que o lance mínimo havia sido informado no edital).

 

 

Diante da não venda do autódromo e do governo do estado anunciar em fevereiro de 2025 que o imóvel não seria mais leiloado pela Companhia de Participação e Gestão de Ativos do Ceará (CearaPar), vinculada à Secretaria da Fazenda do Estado (Sefaz-CE). De acordo com a CearPar, o Governo do Estado iria definir “a melhor estratégia de rentabilização” da área. Projetos de desenvolvimento urbanístico da região e imóveis alinhados à política pública de habitação estão entre as possibilidades para o “ativo” (como o autódromo é chamado).

 

Aproveitando a oportunidade surgida com a falta de interessados, a Federação Cearense de automobilismo começou a idealizar uma proposta para tornar o Autódromo Internacional Virgílio Távora em uma arena multiuso. A revitalização, com um investimento estimado de R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais). O projeto apresentado para a Secretaria do Esporte do Estado do Ceará (Sesporte), incluía um centro de formação técnica em mecânica, além de estrutura adequada para provas de automobilismo, esportes ao ar-livre, ciclismo, atletismo e um espaço de treinamento para as instituições do poder público, como as forças de segurança. Para isso, seriam feitas obras como o recapeamento da pista, elevação de boxes e paddock superior, restaurantes e área para shows, com cercamento e pavimentação específicos.

 

 

Apesar da Sesporte, por meio de nota enviada por sua assessoria de comunicação, informou apenas que “um projeto proposto pela Federação Cearense de Automobilismo estava em análise”, enquanto a gestão municipal não se manifestou sobre o assunto, uma vez que o autódromo é propriedade do governo do estado. Ao longo da temporada 2024 a FCA utilizou o autódromo em 16 finais de semana. Para utilizar o espaço, é pago à Sesporte uma taxa de R$ 3.000,00 (três mil reais) por dia utilizado. O valor, segundo a federação, é convertido em manutenção e bem feitorias no equipamento. Em cada evento, segundo números da FCA, em cada evento 40 a 60 equipes participaram, reunindo de 200 a 300 profissionais envolvidos diretamente, e um público de 1 mil a 3 mil pessoas. Além disso, através de parceiros privados da FCA, foram feitos investimentos na conservação e pintura do autódromo e suas edificações, reformas nos banheiros, climatização de ambientes e reparos na pista.

 

Mas a Federação Cearense de Automobilismo tinha um concorrente de peso trabalhando com força junto à assembleia legislativa do estado e o governo do Ceará e no início de junho o esporte a motor nacional sofreu mais um duro golpe: o governo do Estado do Ceará anunciou na última PEC Nordeste que o Autódromo Internacional Virgílio Távora será demolido e em seu lugar o projeto é o da construção de um novo parque de exposições para a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (FAEC), a ser chamado “Ceará Agro Parque”, que substituirá o Parque de Exposições Governador Cesar Cals. Localizado em um ponto central da capital cearense. A previsão de início das obras é para 120 dias, com um investimento total de R$ 100.000.000,00 (cem milhões de reais).

 

 

A situação atual é: o autódromo vai ser demolido, não há plano para a construção de um novo autódromo no estado e o automobilismo mais forte do norte-nordeste para sobreviver deverá recorrer aos autódromos de São Miguel de Taipu na Paraíba e ao autódromo de Caruaru em Pernambuco para dar continuidade às suas atividades. Com isso o Nordeste fica mais longe do cenário nacional do automobilismo, onde categorias correm em circuitos de rua e até mesmo no exterior, mas não sobem além do paralelo 15° de latitude sul.

 

Da Redação

  

Last Updated ( Wednesday, 16 July 2025 09:44 )