Especiais

Classificados

Administração

Patrocinadores

 Visitem os Patrocinadores
dos Nobres do Grid
Seja um Patrocinador
dos Nobres do Grid
Como não fazer um evento de automobilismo PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 07 May 2025 18:54

Há quase oito anos temos uma coluna dedicada à cobertura das categorias nacionais do automobilismo – Papo Reto – iniciada pelo ícone do jornalismo especializado, Milton Alves, seguido pelo colaborador voluntário, Paulo Alencar, que ampliou o leque de categorias, sendo muitas delas mostradas apenas pelo nosso site.

 

O trabalho dedicado dos veículos de imprensa – seja o Portal Nobres do Grid, sejam os demais veículos de mídia – requer das pessoas que se comprometam e se dediquem ao mister trabalho de levar um conteúdo com profundidade, conhecimento e responsabilidade (independente da linguagem, seja mais erudita, seja mais despojada).

 

Quando um promotor de eventos realiza um evento, a lógica imputa alguns parâmetros lógicos a serem seguidos: 1° que seu evento esteja cercado de pessoas e recursos com conhecimento, materiais e logística que garantam a boa execução do mesmo; 2° que o evento tenha o máximo de divulgação e visibilidade para seu público alvo e garanta assim o retorno não apenas de mídia, mas principalmente de empatia por parte do público-alvo ao qual foi direcionado; e 3° que o evento tenha uma cobertura dos meios de comunicação (TV, Rádio, Mídias Eletrônicas, etc.) positiva e bem executada. Nada disso aconteceu no último final de semana em Interlagos.

 

A VICAR, promotora da categoria, promoveu uma grande revolução para a temporada 2025, mudando os carros, a motorização e estabelecendo novos parâmetros para a sua principal categoria, a Stock Car. O início da temporada foi postergado do – normalmente – mês de março para o início de maio, a fim de aumentar o tempo de preparação da própria VICAR e das equipes para pudessem realizar o evento dentro do que havia sido programado. Não foi o que vimos. Houve atrasos críticos no fornecimento de peças (teve equipe que recebeu os volantes dos carros quase na hora dos treinos), mesmo com os testes feitos, vimos uma situação de risco onde, inclusive, faltou ação da direção de prova, que não chamou aos boxes o piloto Nelson Piquet Jr. com sua asa traseira se desmanchando (Felizmente não temos condições de corrida em traçados de altíssima velocidade como em Monza, Spa, Silverstone ou Paul Ricard na opção de pista sem a chicane no meio da reta Mistral, onde uma quebra de asa em corrida poderia provocar um grande acidente), a insistência no posicionamento do escapamento saindo entre a caixa de roda dianteira e a porta, que caso seja no mesmo lado do abastecimento aumenta o risco de incêndio como já aconteceu em uma parada e sendo a única utilidade desse tipo de escapamento propiciar barulho de motor mais alto que avião a jato decolando, e isso mesmo que isso venha agradar os fãs de motor V-10, mas pra quem tem um pouco mais de experiência acompanhando o automobilismo é um negócio completamente sem propósito.

 

Ao longo dos 50 minutos de corrida (que foi única e com uma pontuação reduzida devido ao potencial risco de problemas), os problemas aconteceram e 1/3 dos carros tiveram problemas provocando paradas nos boxes e abandonos, que poderiam ser “coisa de corrida” caso não fosse uma situação diagnosticada e reconhecida pelas equipes e pelo promotor, que alteraram a programação em seu formato convencional para a alternativa apresentada.

 

Os veículos de mídia, salvo poucas exceções, não teriam direito a credenciais de estacionamento. Chegou a nossos colaboradores uma mensagem de whatsapp uma instrução, informando que os profissionais que não tivessem “equipamentos de grande porte” (sem definir o que seria isso, mas limitando – se seguido ao pé da letra – às equipes de TV) fossem para o autódromo – em uma região da cidade com restrições de circulação e barreiras dadas ao evento – fazendo uso transporte público ou com veículo de aplicativo, e aos que efetivamente necessitassem (por questões de peso ou valor do material, mas que a VICAR não considerasse ser “de grande porte”) ir de carro que pagassem o estacionamento (terceirizado, como seria de se prever) do bolso deles a um valor diário (o valor cobrado do nosso enviado no ano passado foi de R$100,00 por dia). Ou seja, pague para trabalhar, deixando os responsáveis pela divulgação do evento que necessitavam de carro para se deslocar à mercê dos “flanelinhas” nas ruas próximas, que chegavam a pedir R$ 50,00 para “cuidar do veículo” ou, uma vez que muitas vezes saem do autódromo após um bom tempo depois do final das atividades, expostos a trajetos a pé com câmeras, gravadores, notebooks e ao risco de assaltos. Além disso, já há alguns anos, os eventos da categoria, alegando segurança, tem exigido (para alguns, não todos), o uso de capacetes e coletes para circular mesmo em áreas longe dos carros ou com estes parados, algo que nem a Fórmula 1 exige.

 

A máxima dedicada nos espetáculos circenses, onde o Mestre de Cerimônia dirige-se aos presentes com o famoso “respeitável público” também passou longe no final de semana da abertura de temporada da VICAR. O pequeno público presente (as imagens das arquibancadas mostraram que nem 30% das arquibancadas cobertas estavam ocupadas, mesmo sendo este um espaço muito utilizado por empresas que compram lotes de ingressos e os distribui para seus clientes e a arquibancada descoberta tinha um público menor do que o visto na etapa da Porsche Cup, na semana anterior. Aos que foram para o evento, segundo as informações passadas por eles mesmos, foram extorquidos por preços absurdos nas comidas e bebidas, muitas com a chamada “venda casada” e só acessível na forma de pagamento de um cartão recarregável (que também precisava ser comprado).

 

No ano passado o então CEO, Fernando Julianelli foi um de nossos entrevistados e, em um trecho da entrevista, deixou evidente que com canais de mídia eletrônica e redes sociais, a equipe de profissionais da VICAR, a imprensa na forma convencional ou mesmo mais atualizada com os sites e portais de notícias não eram mais tão relevantes para a divulgação da categoria e que mesmo o público nas arquibancadas não chegava perto do alcance de exposição da categoria e seus parceiros através dos meios eletrônicos gerenciados pela sua equipe.

 

O final de semana deixou explícito que os três princípios citados no início deste editorial foram completamente descumpridos: pecaram na preparação do evento, o que provocou o cancelamento de corridas, caso da Turismo Nacional, a quebra de 1/3 do grid ao longo da corrida com problemas variados, além da asa do carro de Nelson Piquet Jr. e na redução da pontuação da corrida única da categoria principal, numa ação preventiva dada a ciência dos problemas técnicos existentes. Pecaram no tratamento àqueles que fazem o importante trabalho de cobertura e divulgação do automobilismo brasileiro, privando-os de meios, impondo normas incongruentes e esquecendo que muitos destes tem um orçamento extremamente estreito para ainda terem que “pagar para trabalhar”. Por fim, desrespeitaram o público, oferecendo um espetáculo incompleto e cobrando de forma indireta valores proibitivos para os que lá estiveram nos aspectos de conforto e alimentação. Evidentemente, isso não atingiu o público dos HCs.

 

É este o modelo de apresentação do automobilismo brasileiro nas categorias nacionais, que hoje está praticamente concentrado nas mãos da VICAR?

 

Fernando Paiva
Gestor do Nobres do Grid

 


Last Updated ( Wednesday, 07 May 2025 18:55 )