Caros amigos, o nosso grande colunista, Toni Vasconcelos, abordou em sua mais recente coluna – com a propriedade de sempre – os trâmites que rolam muito além dos olhos dos pilotos, torcedores e de boa parte da imprensa especializada. Por minha vez, vou trazer a discussão um pouco mais para perto do mundo que estamos acostumados a ver. Pelo visto, a crise do Euro na Espanha, com seus 22% de desemprego, encolhimento do PIB e outras mazelas que tanto lembram outras realidades tão conhecidas por nós, brasileiros, parece ter decretado o futuro “rodízio” entre Barcelona e Valência a partir do próximo ano. A busca por ingressos foi menor do que o esperado e mesmo a TV tendo se esforçado em mostrar apenas os setores de arquibancada onde havia um público maior e aquelas “piscinas VIPs”, cheias de meninas de biquíni, quem estava lá falou que tinham muitos “claros” nas arquibancadas. A questão preocupa e de acordo com o presidente da FIA (Federação Internacional de Automobilismo), Jean Todt, a categoria precisa abrir os olhos para a realidade o quanto antes o seu discurso estava bem alinhado com o do presidente da Ferrari, Luca di Montezemolo, que, na semana passada, clamou pela redução de custos na F1. O dirigente francês foi além e teme que times possam entrar em bancarrota se algo não for feito imediatamente, declarou em entrevista a revista alemã, ‘Speed’. Durante a etapa Valenciana, os dois foram vistos juntos diversas vezes, inclusive nos boxes da Ferrari, antiga casa de Todt. Após complicada reunião do Conselho Mundial, realizada no último dia 15 de junho, a entidade emitiu um comunicado oficial à imprensa com um resumo do que foi discutido. Além de assuntos como a definição das etapas do Mundial de Rali na próxima temporada – que está sem promotor para 2013 – a FIA também comentou sobre a discussão pela redução de custos na F1, considerando o assunto como crucial. “Ter discussões ativas com as equipes sobre o controle de custos”, disse o comunicado. O problema está na polêmica: a FIA deixou claro na reunião do Conselho Mundial que quer modificar a regra dos chassis. Bernie Ecclestone defende a ideia de que as equipes grandes do grid vendam para as menores. Qualquer alteração no regulamento deverá ser votada ainda neste mês. “A intenção é ajudar todas as equipes que participam do campeonato de uma maneira justa e igualitária”. O problema é que Ferrari e McLaren são radicalmente contra isso. No caso da Ferrari, a defesa é pelo direito de poder alinhar 3 carros no grid, coisa que ela fazia eventualmente no início dos anos 70. A nota oficial da FIA sobre o assunto foi mais além: “a FIA está mantendo discussões com as equipes sobre o controle de custos e as possíveis alterações nos regulamentos técnicos resultantes de um limite adicional sobre as despesas serão submetidas ao Conselho Mundial por meio de fax para votação antes de 30 de junho. A intenção é auxiliar e fazer com que todas as equipes possam participar do campeonato de maneira justa e igualitária”. O que será que vai sair desta discussão? Particularmente, eu preferia ver 3 Ferraris, 3 McLarens, 3 Mercedes, 3 Red Bull no grid do que ter que ver Hispânias e Marussias se arrastando na pista e atrapalhando as corridas. Um dos pontos polêmicos nessa discussão de redução de custos é a substituição dos atuais motores V8, aspirados, pelos motores V6, turbo. Já existe o acordo para que a F1 use motores V6 turbo no lugar dos atuais propulsores. A troca é criticada por Bernie Ecclestone que alega, entre outras coisas, que o barulho não será o mesmo e que isso pode prejudicar as transmissões de TV. Mas para Craig Pollock (aquele mesmo, parceiro de bastidores do Jacques Villeneuve na BAR), diretor executivo da PURE, fornecedora que pretende entrar na categoria em dois anos. O dirigente admite que o som será diferente do que é hoje, mas ele diz que mudanças são necessárias para progredir. “Acho que vai ser um som espetacular e vai ser diferente, claro, mas é a vida e a ela continua. Tudo muda e você tem que progredir”. Segundo Pollock, “eles vão soar como foguetes”. Vamos ver quantas equipes adotarão este motor ou se irão construir seus próprios (Ferrari, Mercedes e Renault praticamente monopolizam o mercado atual). Enquanto isso, no balcão do cafezinho... Todo mundo fala que campeão tem que ter sorte... e como tem sorte o Fernando Alonso! A corrida estava na mão do Vettel... e ele parou. O Alonso era acossado pelo Romain Grosjean e a “Nega Genii” (aquilo não é Lotus – que já anunciou a saída do patrocínio – e nem Renault, certo?) que vinha mais rápido que a Ferrari... e também parou. Mas a ultrapassagem que o espanhol preparou na saída do safety car e a execução da mesma para tomar a segunda posição em cima do próprio Grosjean foi “manobra de campeão”. Agora Alonso tem 20 pontos de vantagem para administrar para os seus adversários... e ele sabe como fazer isso. Bruno Senna e Felipe Massa envolveram-se em toques e isso acabou por destruir qualquer chance, especialmente no caso de Felipe Massa, de ter um bom resultado na corrida. No caso de Felipe Massa, o resultado foi desastroso. O carro não rendia mais depois do acidente e, é bom lembrar, que durante boa parte da corrida, ele andou perto de Fernando Alonso, com o espanhol em 4º e ele em 7º. Enquanto isso o tempo vai passando, a cobrança aumentando e agora Alonso tem 100 (CEM) pontos a mais que o brasileiro. O caso de Bruno é diferente. A pressão é de um adversário interno que tem – teoricamente – o mesmo nível técnico, tempo de pista e juventude que ele. Pela segunda vez, na Espanha, Bruno envolveu-se em um acidente que comprometeu sua corrida... e desta vez ele foi punido. Em Barcelona era pra ser também, e não o Schumacher, apesar do alemão tem batido atrás. Para ‘sua felicidade’, Maldonado fez um “revival” dos seus tempos de GP2 e jogou fora um possível pódio, tirou o Hamilton da corrida (Alonso agradece) e no final perdeu o ponto que ainda marcou, punido após a prova. Ainda bem que teve brasileiro para ‘salvar a pátria’ no final de semana. Luiz Razia teve uma performance simplesmente espetacular ao longo do final de semana e conquistou um terceiro lugar na prova do sábado – depois de largar na sexta fila – e uma vitória com direito a uma ultrapassagem dupla, na última volta na prova do domingo. Agora está a apenas um ponto do líder do campeonato, David Valsechi. E nos Estados Unidos, Nelsinho Piquet fez uma corrida espetacular, na Nationwide, correndo no circuito misto de Elkart Lake. Piquezinho marcou a pole, andou entre os primeiros todo o tempo e no final foi pra ponta de forma incontestável. Isso mostra todo o potencial que o herdeiro do tricampeão tem para se tornar um dos grandes pilotos da NASCAR num futuro próximo. No WRC, Latvala vacilou (de novo) e adivinha quem ganhou? Sebastien Loeb venceu mais uma e segue a passos largos para a conquista do nono título consecutivo. A parte triste do esporte voltou à tona: O piloto Tcheco Tomás Enge foi suspenso depois de testar positivo em um exame antidoping realizado em maio após a etapa de Navarra do Mundial de GT1. Este não é o primeiro caso em sua carreira. 10 anos atrás, o promissor piloto foi pego no exame por uso de maconha e isso acabou brecando seus anseios de chegar à F1. Agora, aos 35 anos, o episódio se repete. O piloto da Reither Lamborghini se estar surpreso com o resultado do exame e afirmou que tem sido muito cuidadoso com o doping após a suspensão de dez anos atrás. Enge alegou que sofre com problemas de saúde e, por isso, solicitou uma liberação especial da FIA para poder utilizar um medicamento que consta na lista de substâncias proibidas. “Eu sofro com alguns problemas de saúde e recentemente pedi a FIA uma exceção para que eu pudesse tomar remédios que contam na lista de substâncias proibidas”, contou. “Agora eu vou consultar especialistas para descobrir como isso aconteceu”, completou. O episódio nos remete ao que aconteceu com Alceu Feldmann recentemente e, pelo visto, o procedimento da FIA foi similar ao da CBA. Quem será que está copiando quem? Um abraço e até a próxima, Fernando Paiva |