
Há mais de uma década que não há pilotos portugueses nas competições de acesso à Formula 1. Desde as passagens de Álvaro Parente, Filipe Albuquerque, Armando Parente e António Félix da Costa em competições como a GP2, a GP3 e a World Series by Renault, na primeira década deste século, há uma espécie de vazio do qual não foi preenchido. Pelo menos... até agora. É que em 2025, dois pilotos com as cores da bandeira nacional estão dentro de monolugares, e um deles, é herdeiro de um “pedigree” notável. E se para alguns, a Endurance e os GT’s são um bom lugar para preencher a sua carreira, a outros, as ambições são mais altas: a Formula 1. E é por isso que falo de Ivan Domingues e Noah Monteiro. O primeiro, por correr na Formula 3 por uma das mais prestigiadas equipas de formação. O segundo, estreia-se nos monolugares na Formula 4 espanhola, a mais prestigiada competição em termos dessa categoria, a par com a italiana, irá ver se os genes do pai, Tiago Monteiro, não andam muito longe. O POTENCIAL ESTÁ LÁ Aos 18 anos, feitos a 5 de maio, Ivan Domingues é atualmente piloto da Van Amersfoort Racing e irá estrear na Formula 3 da FIA, significando que estará nos fins de semana da Formula 1, como a Formula 2. Contudo, a sua carreira começou antes, em 2022, pelo menos nos monolugares. Começou na Formula 4 UAE pela Xcel Motorsport, conseguindo dois pódios e uma pole-position, acabando com 39 pontos e a 16ª posição, ants de ir para a competitiva Formula 4 italiana, pela Iron Lynx, ao lado da belga Maya Weug, acabando com 21 pontos, sem pódios ou outros resultados de relevo. Melhorou em 2023, agora pela Van Amersfoort Racing, conseguindo um terceiro lugar em Imola, acabando na 11ª posição, com 56 pontos. Foi nessa altura que rumou para a Formula Regional European Championship, correndo nas duas últimas corridas da temporada de 2023 e toda a temporada de 2024. Se nas primeiras corridas, era inelegível para os pontos, na segunda temporada, acabou com dois terceiros lugares – em Hockenheim e Mugello – o décimo lugar final, com 78 pontos até parece algo modesto, comparado com as ambições de subir no campeonato, mas ele acredita que o potencial está lá. Foi por isso que continuou com eles em 2025, pela Van Amersfoort, tendo a seu lado o mexicano Santiago Ramos e o francês Teophile Nael, na Formula 3 internacional, algo do qual António Félix da costa andou por lá... em 2012. "Quero agradecer à VAR e a toda a estrutura pela confiança e apoio. Darei o meu melhor para corresponder às expetativas da equipa, procurando ao mesmo tempo ser mais um embaixador do nosso País e, sobretudo, honrar o talento nacional que sempre lutou muito para realizar-se ao mais alto nível no automobilismo. Acredito verdadeiramente que também aí podemos, e merecemos, estar entre os melhores", começou por afirmar, no anuncio oficial da sua apresentação, a meio de janeiro. "O meu objetivo é correr com a bandeira de Portugal no Mundial de Fórmula 1. Sei que tenho um grande desafio pela frente, mas estou também perante uma grande oportunidade, que vamos procurar agarrar com toda a força e profissionalismo, para dar mais um passo seguro, rumo à Fórmula 2 e depois à Fórmula 1", concluiu. Domingues foi testar, primeiro no Estoril e depois em Barcelona, para os testes coletivos, e a sua confiança estava em alta: "Será o primeiro contacto com um carro novo, que segundo as novas especificações recebe alterações sobretudo nos pneus e no pack aerodinâmico, no sentido de potenciar mais proximidade e oportunidades de ultrapassagem, um pouco à imagem do que se pretende para a Fórmula 1", antevê o jovem piloto.
"Até lá, continuarei cem por cento focado na minha preparação, que implica sessões físicas e de simulador bi-diárias. Todo o planeamento para a nova temporada foi feito no sentido de criar uma estrutura de apoio e uma rotina profissional que permita apresentar-me da melhor forma assim que tenha oportunidade de começar a testar", completou. Do lado da equipa, Brad Joyce, o seu chefe, enquadra a chegada do piloto português ao projeto da seguinte forma:  "Estamos absolutamente empolgados por receber o Ivan na nossa equipa de F3 para a próxima época. O Ivan já faz parte da nossa família, desde a participação na F4 e na Fórmula Regional Europeia. Demonstrou grandes resultados e determinação, e estamos confiantes de que será uma adição fantástica à nossa equipa. Estamos muito entusiasmados por trabalhar em conjunto, para continuar a alcançar bons resultados em pista e fazer parte do seu desenvolvimento". OS GENES ESTÃO LÁ Mais novo que Domingues é Noah Monteiro. Tem 15 anos, mas já está a dar os seus primeiros passos nos monolugares. E se estranha o apelido, tem razão: é o filho de Tiago Monteiro. E a sua estreia nos monolugares acontece precisamente 20 anos depois da estreia do pai na Formula 1, pela Jordan.  Esta temporada está na Formula 4 espanhola, a mais competitiva, a par da Formula 4 italiana, e corre pela Campos Racing. A temporada ainda não começou, mas na Winter Series, os resultados foram interessantes, ao ponto de ter um terceiro lugar numa das corridas da ronda de Portimão, o seu primeiro pódio em monolugares, numa competição que tem, normalmente... 36 carros em pista. Neste momento, é o quarto melhor classificado em termos de rookies, e já pontuou em três ocasiões, quando alta uma ronda tripla em Navarra. “Estou muito feliz com esta estreia e com o trabalho que temos vindo a fazer. O objetivo é continuar a evoluir e aprender o máximo possível nesta primeira temporada na Fórmula 4. Quero agradecer à Campos Racing pelo apoio e confiança, bem como a todos os que me acompanham nesta jornada”, afirmou Noah Monteiro dpeois da sua estreia em Aragão.
E será uma temporada longa: para além das três rondas triplas da Winter Series, haverá mais sete na temporada principal. Cinco delas em circuitos espanhois (Jerez, Barcelona, Aragão, Valencia e Navarra) mais a ronda de Paul Ricard, no sul de França e Portimão, no sul de Portugal. Ao todo, 21 corridas num dos plantéis mais competitivos das formulas de promoção.
Com a idade que tem, o piloto do carro numero 81 – ao contrário do pai, que tem o 18 – tem os genes, e precisa de alguma experiência para saber se tem a rapidez e consistência para saber se será ele a suceder... ao pai como o próximo português a entrar na elite da Formula 1. Ou noutras categorias. Saudações D’além Mar, Paulo Alexandre Teixeira Visite a página do nosso colunista no Facebook Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid. |