Olá leitores!
Como estão? Espero que todos bem. Confesso que não foi fácil acompanhar as corridas esse final de semana, envolvido que estava com minha filha comemorando o aniversário de 16 anos (que aconteceu no meio da semana, mas não tinha como comemorar, pois estavam em época de provas na escola), mas fiz o meu melhor para conseguir uma coluna decente para vosso deleite. Ou pelo menos eu acredito que vocês gostem de ler essas mal traçadas linhas... enfim, o fã de esporte a motor não teve do que reclamar esse final de semana. Vamos começar com o Mundial de Superbike, que foi até o meio do nada, digo, Nevers, para mais uma rodada dupla do campeonato, dessa vez na pista de Magny-Cours. Aqui cabe um adendo: no geral, corridas de 4 rodas nessa pista são – na melhor das hipóteses – chatas, mas para 2 rodas ela funciona muito bem. Quer dizer, não tão bem assim... a penúltima curva tem um leiaute muito parecido com a segunda freada forte de Red Bull Ring, se alguém tiver algum problema naquele trecho e a brita não segurar, corre sério risco de pegar a meia nau quem está saindo da curva em aceleração. Para evitar isso, tem uma mureta de proteção, com grande camada de pneus para amortecer o impacto. Pois bem, no segundo treino livre o Toprak sofreu um tombo ainda pouco antes do trecho de freada, e foi deslizando pela brita em direção à barreira de pneus, batendo bem na “quina” da barreira. Ainda bem que bateu com o peito, pois pelo modo que vinha girando a chance de ir de cabeça ali seriam consideráveis. Sem Toprak, mas com muita chuva, a corrida do sábado foi das mais interessantes de se acompanhar. Michael van der Mark, companheiro de equipe do Toprak e um piloto que se dá muito bem em piso molhado, dominou as difíceis condições da pista e venceu com mais de 8 segundos de vantagem para Bautista, que fez uma ótima corrida de recuperação da péssima posição de largada (17º). Mais de 24 segundos atrás do vencedor chegou o 3º colocado, Petrucci, que apesar do bom resultado nitidamente “duelou” com sua moto a prova toda. A chuva foi de tal monta que apenas 12 pilotos viram a bandeirada. No começo a pista estava apenas úmida, com boa parte do grid largando de pneus slick e poucos arriscando os intermediários. Após o tombo sincronizado de Bulega e Rea na conclusão da primeira volta (com Rea sendo levado pro hospital com fratura do polegar direito e Bulega com contusões no ombro e na clavícula) a chuva veio com foco, força e fé, fazendo com que entre as voltas 3 e 5 a grande maioria dos pilotos parassem para trocar os pneus pelos de chuva intensa (sim, na Superbike você troca os pneus, não a moto inteira como no Mundial de Motovelocidade). Toprak viu a corrida dos boxes, após receber alta do hospital com um pneumotórax traumático leve. Ainda vai ser avaliado pelos médicos antes da próxima etapa para ver se consegue voltar ou não a pilotar. No domingo, Bulega, que não terminou a corrida do sábado, não apenas venceu a corrida curta da Superpole como dominou de ponta a ponta a corrida principal, vencendo com quase 3 segundos de vantagem para Danilo Petrucci e mais de 4 segundos para o 3º colocado, Garrett Gerloff, que conseguiu seu primeiro pódio com a BMW. O vencedor do sábado terminou em 5º lugar, logo atrás de Alex Lowes, que enfiou um temporal do seu irmão Sam Lowes, que cansado de apanhar na Moto2 foi para o Mundial de Superbike para apanhar lá também, nesse caso abandonando antes do final da prova. Ainda em 2 rodas, o Mundial de Motovelocidade foi para sua primeira prova em Misano, num final de semana cheio de disputas e emoções. Na Moto3 uma verdadeira apresentação de gala do Angel Piqueras, que mesmo cumprindo 2 penalidades de volta longa conseguiu se recuperar nas voltas finais e, saindo do 17º lugar após cumprir as punições, em 20 voltas passou o enxame de motos à sua frente com extrema determinação. As 2 voltas finais, claro, foram proibidas para cardíacos, e Piqueras conseguiu sua primeira vitória no Mundial com a monumental vantagem de 35 milésimos de segundo sobre Daniel Holgado, que tentou tudo na última curva, mas não deu para ele dessa vez. Na 3ª posição chegou Ivan Ortola, outro que lutou bravamente pela liderança. A Moto2 teve uma corrida das mais empolgadas, com Ogura e Canet protagonizando belos duelos pela liderança da prova, que começou com Arbolino (que largou muitíssimo bem) na liderança, depois Canet assumiu a posição e, enfim, com um ritmo superior, Ogura foi para a ponta na volta 19 para não mais a perder, apesar dos ataques de Canet perdurarem até o último instante. A distantes 4 segundos e meio dos dois primeiros colocados, para alegria da torcida italiana, chegou Arbolino. Diogo Moreira fez uma corrida bem decente, e o 8º lugar foi bastante merecido em um grid com tantos bons pilotos como esse da Moto2. Já na categoria rainha, a MotoGP, um domingo amargo para as pretensões de título do Jorge Martin: após uma contundente vitória na sprint race do sábado, o espanhol tinha uma vantagem de mais de 25 pontos sobre o atual campeão Bagnaia. Só que no domingo as condições do tempo estavam instáveis, e com as motos largando com pneus slick, a direção de prova desde o início autorizou a troca de motocicletas caso a água viesse com mais força. Pois bem, quando começou a pingar mais forte o Martin, acreditando que viria mais chuva, entrou para pegar a moto com os pneus para pista molhada... só que a água parou rapidamente, e quem preferiu arriscar e ficar na pista com os pneus de pista seca se deu muitíssimo bem. Quem parou para trocar teve que retornar aos boxes para pegar novamente a moto de pista seca, perdendo uma volta. Quem agradeceu essa gentileza foi Marc Márquez, que após quebrar o jejum de mais de mil dias sem vitórias em Aragão venceu novamente nesse domingo, de ponta a ponta na corrida. Mais especial ainda: a Gresini correu com uma pintura especial, homenageando o título da finada 125 do criador da equipe, Fausto Gresini, que morreu durante a pandemia por conta da Covid-19 (aquela que os brasileiros patriotas garantem não precisar de vacina, por se tratar apenas de “uma gripezinha”). E com a moto 2023, Márquez mostrou para Bagnaia (com a moto 2024) o tamanho da encrenca que ele vai enfrentar ano que vem. Pois Bagnaia tentou, e tentou muito ultrapassar o MM#93, mas simplesmente não conseguia. A cara de velório dele após a corrida dava bem uma ideia do quão prejudicado emocionalmente ele estava ao final da prova. A entrevista no parque fechado antes do pódio, claro, foi uma oportunidade do Márquez fazer o que faz de melhor, discurso enaltecendo a equipe, a torcida e inclusive sugerindo que “alguém lá em cima” (Fausto, claro) o ajudou a tirar esse desempenho todo da moto. Para melhorar as coisas, um dos filhos do Fausto subiu ao pódio pra receber o troféu da equipe. O degrau mais baixo do pódio foi ocupado por um esfuziante Enea Bastianini, e esfuziante com motivos, já que para alcançar essa posição ele fez uma grande corrida, com belas ultrapassagens. Já Martin, que teve seu momento “Iñaki Rueda” de estratégia, teve de se contentar com um suado único ponto, que quase perdeu, pois Viñalez o pressionou bastante e quase conquista a 15ª posição. A NASCAR iniciou os playoffs numa pista que os estadunidenses adoram, e eu não consigo ver muita graça, Atlanta, e ao menos o final da corrida foi interessante. Claro que num oval de 1,5 milha em playoffs o povo iria aprontar alguma nas voltas finais, e a prova iria para a prorrogação. Na relargada da prorrogação, a disputa da liderança ficou entre Logano e Suárez, e o mexicano até conseguiu desenvolver bem enquanto teve Truex Jr. empurrando ele, mas o carro de Truex apresentou perda de aderência duas vezes na curva 3. A primeira foi suave, ele conseguiu recuperar o ritmo e encostar novamente em Suárez, na segunda (provavelmente por furo de pneu ou problema mecânico) ele acertou com força o muro e ajudou a desencadear um “mid one” do meio pra trás do pelotão, fazendo com que a bandeira amarela aparecesse quando Logano já tinha um carro inteiro à frente de Suárez. Com essa vitória o piloto da Penske já carimbou seu passaporte para a próxima fase dos playoffs, e a decepção de Suárez após a bandeirada com o segundo lugar era visível. Enfim, tem dia que passa perto. Em 3º chegou Blaney, que contribuiu significativamente para a vitória do seu companheiro de equipe o empurrando após a relargada e acelerando em conjunto com ele nas duas últimas voltas. A 4ª posição ficou com Christopher Bell, e Alex Bowman fechou o top-5. Mau dia para Kyle Larson, que repentinamente perdeu o controle do carro no meio da curva e bateu fortemente no soft wall, sendo acertado por Chase Briscoe ao voltar para a parte de dentro da pista. Felizmente ambos saíram andando do carro, foi apenas o trabalho que vai ficar para recuperar o carro durante a semana. Até a próxima! Alexandre Bianchini Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid.
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