Alô galera que lê os Nobres do Grid... Salve Jorge! Nessa primeira coluna do ano (eu já estava com saudades, quase uma abstinência, de acompanhar corridas dos nossos pilotos), vou dividir o foco do texto em duas partes bem distintas. A primeira vai fazer uma prévia de como estão nossos pilotos para os desafios que irão encarar no ano de 2024 pelo mundo. Ainda temos algumas posições de pilotos brasileiros indefinidas e uma possibilidade de algumas lacunas importantes. Na FIA Fórmula 2 temos definidos dois brasileiros no grid: Enzo Fittipaldi na Van Amersfoort Racing e Gabriel Bortoleto na Invicta Racing. Duas vagas importantes ainda não foram definidas, uma na forte ART Grand Prix e outra na Van Amersfoort Racing. Ainda há uma vaga na Trident e uma na fraca PHM Racing (ex-Charouz). Caio Collet é um potencial piloto a integrar a categoria, mas ainda não há nenhuma definição ou rumor neste sentido. Corremos sério risco de não termos pilotos brasileiros na FIA Fórmula 3 em 2024. A Prema não promoveu Rafael Câmara, que fará mais uma temporada na Fórmula Regional Europeia. Para Caio Collet, mais uma temporada na categoria não faria muito sentido. Algumas vagas importantes estão abertas, mas as coisas estão indo em outra direção, com ele estando como piloto reserva da Nissan na Fórmula E e com testes programados na Indy NXT. Uma na Art Grand Prix e toda a equipe da MP Motorsport, que poderia ser uma possibilidade para Emerson Fittipaldi Jr. que vai disputar o campeonato da categoria no Oriente Médio pelo time holandês, mas o brasileiro já teria se definido por disputar a Eurocup-3, “uma categoria abaixo” da Fórmula Regional. Rafael Câmara vai correr sob pressão na Fórmula Regional Europeia em 2024. 5° colocado na temporada passada ele não tem – em teoria – os nomes com o peso da temporada passada. Na Prema, terá com ele Marta Garcia, James Wharton e Ugo Ugochukwu, todos novatos e, tirando Marta Garcia, os três começaram a disputa no Oriente Médio em janeiro. Muitas vagas ainda estão por serem confirmadas. Uma das já confirmadas é a de Pedro Clerot, na Van Amersfoort Racing. Como o campeonato só começa em maio, temos tempo. O início em maio também é algo que ainda dá tempo para que as definições de pilotos nos campeonatos de Fórmula 4 da FIA. Matheus Ferreira deve continuar na categoria italiana. Já Aurelia Nobels vai para a Fórmula Academy, categoria feminina depois de passar o ano sem pontos em 2023, mesmo correndo na Prema. Na Espanha, apenas Filippo Fiorentino já tem confirmação para a temporada. Nos Estados Unidos, na Indy NXT teremos Kiko Porto e Victor Franzoni no último degrau para chegar na categoria principal, mas ambos estão em equipes modestas e não terão vida fácil. Na Indy PRO2000, Nicholas Monteiro fará sua segunda temporada na categoria pela equipe DEForce. O campeão da USF Jr., Nicolas Giaffone vai junto com Lucas Fecury disputar a USF2000. O campeão da FIA Fórmula 4 Brasil, Vinícius Tessaro não foi para a Europa e junto com Bruni Ribeiro e João Vergara estarão juntos na USF Jr. Fórmula Regional do Oriente Médio Encontrar onde assistir as corridas da Fórmula Regional do Oriente Médio foi o primeiro desafio do final de semana, mas para a primeira etapa consegui um canal para isso. Na quinta-feira tivemos a primeira saída de pista para os pilotos e Rafael Câmara foi o mais rápido neste primeiro contato com a pista de Yas Marina. Por total falta de informações no site da categoria, não tive as posições de Emmo Fittipaldi Jr. e de Pedro Clerot nos treinos livres. Depois, as corridas foram disponibilizadas no youtube. Voltei à velha rotina de colocar o despertador pra me tirar da cama e acompanhar ao vivo o treino classificatório da FRMEC. Diferente da FRECA, que tem duas corridas por final de semana, na categoria dos árabes, serão três corridas por final de semana. Os pilotos tem duas sessões de qualificação de 15 minutos que decidirão os grids de largada para a primeira e terceira corrida, respectivamente. A ordem de largada para a segunda corrida, por outro lado, será determinada pelos resultados da primeira corrida com os dez primeiros invertidos. Não há divisão de grupos, todos os carros vão pra pista juntos. Como na categoria europeia, logo todos foram pra pista para condicionar os pneus na primeira metade dos 15 minutos e com 8 minutos para o fim Rafael Câmara conseguiu a P1 provisória, mas logo foi superado por Mari Boya. Antes que Pedro Clerot e Emmo Fittipaldi Jr. marcassem uma volta efetiva tivemos uma bandeira vermelha (a transmissão não mostrou o motivo) quando faltavam 6m59s para o fim desses primeiros 15 minutos de treino. A bandeira verde não demorou e todos voltaram à pista para refazer o trabalho de aquecimento dos pneus e buscarem mudar a classificação para a corrida 1. Os tempos foram caindo e Rafael Câmara virou em 1m43,144s para manter a P2. Pedro Clerot com 1m43,780 fez a P18 enquanto Emmo Fittipaldi Jr. era o P23. Nos segundos finais todos tentaram uma última volta e o brasileiro da Prema caiu para a P5. Pedro Clerot fez uma volta voadora no final, mas excedeu limites de pista, ficando com a P20 a P7 e Emmo Fittipaldi Jr. ficou com a P23, com 1m43928s. Parada rápida nos boxes para voltarem e terem 15 minutos para definirem a classificação para a corrida 3. Mesma estratégia para condicionar os pneus e buscarem as voltas rápidas. Pedro Clerot era o único brasileiro no top10 com 7 minutos para o final, mas os tempos foram caindo e chegamos a ter os 3 brasileiros entre os 10 primeiros. Os tempos de volta estavam na casa de 1m42s, mas os brasileiros ainda viravam em 1m43s. Faltando 3 minutos Rafael Câmara virou em 1m42,886s e subiu para P5. Pedro Clerot era o P15 e Emmo Fittipaldi Jr. o P21. Nos segundos finais depois de prepararem os pneus todos tentaram uma última volta, mas os brasileiros não conseguiram baixar seus tempos. Rafael Câmara ficou com a P5, Pedro Clerot com a P17 e Emmo Fittipaldi Jr. com a P22 para a corrida 3, lembrando que o grid da corrida 2 será com o resultado da corrida 1, tendo o top10 invertido. Foram apenas 3 horas até os 29 pilotos voltarem à pista para a primeira das três corridas do final de semana. Já era final de tarde em Abu Dhabi e a temperatura da pista estava mais baixa. Rafael Câmara, como esperado, era o piloto brasileiro melhor colocado, largando na P5. Pedro Clerot teria que que fazer uma corrida de recuperação, pois largava na P20, assim como Emmo Fittipaldi Jr. que largava na P23. Após a volta de apresentação os pilotos retornaram ao grid e, apagadas as luzes vermelhas para 28 minutos +1 volta, Rafael Câmara largou bem e manteve a P5. Pedro Clerot cometeu uma irregularidade na largada e estava sob investigação. Rafael Câmara perdeu a P5 enquanto Pedro Clerot continuava na P17. Emmo Fittipaldi Jr. era o P23. Na segunda volta o único brasileiro a progredir era Emmo Fittipaldi Jr. que subiu para a P21. Depois de duas voltas a corrida virou procissão. Rafael Câmara tinha alguma vantagem sobre o P7, mas não conseguia se aproximar de Mari Boya, o P5. Pedro Clerot continuava na P17 e Emmo Fittipaldi Jr. na P21 na altura da metade da corrida. O que poderia mudar as coisas no final da corrida eram os avisos de track limits que diversos pilotos estavam recebendo. Finalmente surgiu uma boa disputa pela P2 e isso poderia agrupar o pelotão da frente, favorecendo Rafael Câmara. O pelotão que brigava pela P12, no qual estava Pedro Clerot, estava bem compacto, mas foi Rafael Câmara que se aproximou e tomou a P5 de Mari Boya. O P2 estava sob investigação por ganho de vantagem por passar fora dos limites de pista. Faltando 5 minutos para o fim, Rafael Câmara tentava chegar em James Wharton enquanto Pedro Clerot recebia a 2ª advertência por track limit e caía para a P18, enquanto Emmo Fittipaldi Jr. brigava para manter a P21. Taylor Barnard venceu a corrida com folga. Rafael Câmara cruzou a linha de chegada na P5, Pedro Clerot na P18 e Emmo Fittipaldi Jr. ganhou a P20. Na manhã do domingo (madrugada por aqui) os pilotos da FRMEC voltaram à pista para a segunda corrida do final de semana, com a inversão dos 10 primeiros colocados no grid. Com isso, Rafael Câmara estava largando na P6 enquanto Pedro Clerot largava na P18 e Emmo Fittipaldi Jr. na P20. O sol próximo do meio dia elevava a temperatura do asfalto, o que aumentaria o desgaste dos pneus, sendo um desafio a mais para os 29 pilotos inscritos. Após a volta de apresentação os pilotos retornaram ao grid e, apagadas as luzes vermelhas para os 28 minutos de corrida +1 volta, Rafael Câmara brigou muito nas primeiras curvas para conquistar a P5. Pedro Clerot caiu para a P20 e Emmo Fittipaldi Jr. para a P21. A briga pela P2 envolveu 3 carros enquanto Rafael Câmara acompanhava de perto. Na volta seguinte Martinus Stenshorne recuperou a posição em cima do brasileiro, pouco antes da bandeira amarela e entrada do safety car com a batida no guard rail de Wang Zhongwei. Durante esse período, Fin Green ficou parado na pista. A relargada demorou e veio com 14 minutos para o fim e brasileiros mantiveram suas posições, apesar dos ataques de Tukka Tapponen sobre Rafael Câmara, mas o finlandês tinha mais problemas com James Wharton pra manter a P7, o que dava uma certa tranquilidade para o brasileiro. Exceto por algumas disputas pontuais no pelotão intermediário, ninguém tinha um ataque efetivo sobre ninguém. Rafael Câmara não conseguia acompanhar os carros da frente e só chegou na briga pela P4 quando Martinus Stenshorne passou a atacar Tern Inthra (vou abreviar o nome do tailandês pra facilitar a vida de todos). Numa manobra desastrosa, James Wharton mergulhou sobre Tukka Tapponen, perdeu o ponto de freada e acertou Rafael Câmara na curva do final da grande reta do circuito. Prejuízo total para ambos. O brasileiro levou o carro para os boxes e abandonou com a suspensão traseira quebrada. Pedro Clerot entrou em disputa com Valerio Rinicella e subiu para a P17. Emmo Fittipaldi Jr. era o P19, mas com a escapada de pista de Rinicella, ele subiu para P18, posições onde terminaram a corrida. No final da tarde os pilotos voltaram para a disputa da corrida que encerraria a primeira das 5 rodadas triplas. Rafael Câmara, largando na P5, precisava se recuperar do abandono na corrida 2 graças a desastrada ação de James Wharton. Pedro Clerot largava na P17 e Emmo Fittipaldi Jr. na P22, ambos buscando uma difícil corrida de recuperação no traçado encurtado de Yas Marina, que tirou quase 400 metros da reta principal. Após a volta de apresentação, os pilotos retornaram às suas posições no grid e, apagadas as luzes vermelhas para os 28 minutos +1 volta, Rafael Câmara largou mal e caiu para a P7, mas no meio da disputa por posições bateu rodas 4 curvas após a largada, foi pra fora da pista, indo para o guard rail e abandonando a corrida e provocando a entrada do safety car. Pedro Clerot também teve problemas e foi para os boxes com o carro de segurança na pista, com um dano na parte traseira (câmbio), também forçado a abandonar. Com isso Emmo Fittipaldi Jr., na P19, era o único brasileiro na corrida. A relargada veio com 18 minutos para o final e Emmo Fittipaldi Jr. manteve sua posição. Os pilotos estavam mais ariscos nesta última corrida e as tentativas de ultrapassagem foram mais frequentes. Emmo Fittipaldi Jr. fechava o pelotão que brigava pela P13. Giovanni Maschio e Emmo Fittipaldi Jr. bateram rodas, com o italiano levando a pior na pista e o brasileiro sendo desclassificado após a corrida. Fechada a primeira etapa, Rafael Câmara era o P11 com 10 pontos. Pedro Clerot e Emmo Fittipaldi Jr. não somaram pontos, estando na P22 e P23, respectivamente. Fórmula 4 Oriente Médio Além da categoria equiparada à Fórmula Regional Europeia (em diversos sentidos, uma vez que boa parte dos pilotos correndo em Abu Dhabi e Dubai vão estar no campeonato europeu que inicia em maio), também tivemos a FIA Fórmula 4 com a mesma programação de 3 corridas em 5 finais de semanas. O único representante do Brasil era Aurélia Nobels, que este ano vai correr na Fórmula Academy, categoria exclusiva para mulheres. Nas três corridas disputadas em Yas Marina, a piloto manteve seu “padrão de performance”, terminando a corrida 1 na P32 e as duas seguintes na P25, enfrentando muitas dificuldades para conseguir um bom acerto para seu carro na equipe Sainteloc, que conseguiu pontuar com Matteo Quintarelli. E assim concluímos assim mais um desafio, acompanhando as categorias de base com os brasileiros buscando uma oportunidade de crescer no automobilismo internacional em qualquer dos continentes pelo mundo e vamos continuar tentando manter o compromisso da coluna semanal. Um abraço a todos, Genilson Santos Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid.
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