E aê Galera... agora é comigo! A primeira coluna do ano de 2024 eu gostaria muito de fazer uma compilação do calendário nacional de atividades do nosso automobilismo para o ano de 2024, mas apesar dos progressos por parte dos nossos prosaicos promotores das categorias nacionais, nem todos conseguiram (definiram ou quiseram) divulgar seus calendários para esta temporada. Como falta pouco – ainda não temos os calendários da Porsche Gourmet Cup, do Brasileiro de Turismo 1.4 e do Marcas Brasil Racing – vou ser camarada com os promotores e dar um tempinho extra pra eles. Vou então aproveitar este período entre as temporadas (que já vai começar em janeiro, mas só acelera no final de fevereiro), tirar umas férias e usar minha coluna pra dividir com a galera que conhece menos meu trabalho no site, algumas das colunas que já assinei por aqui e como o ano ainda está começando, vamos tentar manter a vida com bom humor e dar umas risadas (nem que seja sacaneando alguém) com algumas passagens envolvendo diversos protagonistas do esporte a motor, brasileiro e mundial. Divirtam-se! O dia que o menino do nariz grande virou gente! (Link da publicação original) Era uma vez um menino de nariz grande que queria ser gente... não, essa não é a estória do Pinochio, mas a de um adolescente que – na melhor das intenções – acabou “estragando a festa” para a qual foi convidado. No dia 1º de dezembro de 1991, aconteceu a inauguração de um kartódromo, na Fazenda Dois Lagos, no município de Tatuí, interior de São Paulo. Este fato se perderia na história não fosse a propriedade pertencente ao recém consagrado tricampeão de Fórmula 1, Ayrton Senna da Silva. O astro do automobilismo nacional cercado de uma grande produção publicitária, brincou com as crianças, concedeu entrevistas aos 120 jornalistas convidados e deu atenção para mais de mil pessoas que compareceram à sua fazenda. Além de grandes pilotos nacionais estavam presentes celebridades. A atriz Regina Duarte e sua filha Gabriela, o cantor Fagner, a dupla sertaneja Chitãozinho e Xororó, o humorista João Cavalcante, os “colunáveis” Chico Scarpa e José Victor Oliva, entre outros. Logicamente entre os pilotos convidados não estava Nelson Piquet. No programa oficial, duas corridas marcaram o evento na inauguração do kartódromo, com seus 970 metros de pista, que teve a participação do amigo e rival dos tempos de kart, Mário Sérgio de Carvalho, e de pilotos como Maurício Gugelmin, Renato Russo, Alex Dias Ribeiro, Maneco Combacau, Duda Tatuí... e um tal de Tony Kanaan, adolescente e piloto de kart. Teve treino e tudo e o precoce piloto mostrou serviço desde as primeiras voltas. Fazendo pose, o anfitrião falou que era uma festa para os amigos e tal, que não iria correr porque “não seria justo” (afinal, ele era “o cara”, o tricampeão do mundo) ele participar... mas quem conheceu o espírito competitivo do finado Ayrton sabia bem que era só “provocar a fera” que ele perdia a linha e que tratou de fazer isso foi Mario Sergio de Carvalho, desafiando-o a competir com ele, “como nos bons tempos”. Logicamente que Ayrton Senna não resistiu a provocação (os dois não se falavam desde o Mundial de Kart de 1981, em Parma, na Itália, onde tiveram mais uma das inúmeras brigas fora das pistas) e decidiu participar da corrida, mas para “ser justo com os pobres mortais”, largaria em último. A festa foi... uma festa! Teve hasteamento de bandeiras, hino nacional, show sertanejo... e um moleque intrometido! Para surpresa de todos, quem marcou a pole foi justamente o novato Tony Kanaan. Só que ele teria uma surpresa: terminado o treino, Ayrton decidiu “inverter o grid”, para aumentar a disputa entre os participantes e assim deixar a corrida mais divertida para todos. Dada a largada, Tony Kanaan sai passando os adversários que estavam à sua frente... seguido por Ayrton Senna. Na metade da corrida, Tony já era o líder, com o tricampeão do mundo em segundo... e aí a coisa ficou engraçada: por mais que tentasse, Senna não conseguia ultrapassar aquele “moleque abusado”, chegando até mesmo a perder o traçado na busca do líder e colocar as rodas na grama. Depois de ficar "fazendo de gostoso", o anfitrião colocou o macacão e foi pra pista, mostrar que era o bom! No final, Tony Kanaan venceu a prova e levou o troféu que tinha sido comprado para presentear o vencedor. Logicamente foi o próprio Ayrton Senna quem entregou o troféu... com um enorme sorriso amarelo no rosto. Afinal, ele não deveria ter dificuldades em superar os adversários... ele só não contava com a presença de um moleque atrevido para estragar a festa. Tony Kanaan se diverte quando conta o episódio e o troféu tem um lugar especial na sua casa, ficando ao lado do conquistado pelo campeonato da Fórmula Indy em 2004 e do das 500 Milhas de Indianápolis, conquistado em 2013. Afinal, não é todo dia que se derrota um tricampeão do mundo de Fórmula 1. O sorriso amarelo do anfitrião é algo que não tem preço... Sessão Rivotril. Seguindo meu mestre inspirador, está na hora de receitar as pílulas da semana. - Não tem como não homenagear e ficar triste com a morte de Gil de Ferran no penúltimo dia do ano de 2023. Felicidades e velocidade, Paulo Alencar Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid. |