Alô galera que lê os Nobres do Grid... Salve Jorge! Nesse final de ano, vamos fazer uma retrospectiva do que acompanhamos ao longo do ano de 2023 nas categorias em que os brasileiros correram pelo mundo. Podemos dizer que o saldo foi positivo. Tivemos um campeão mundial, na Fórmula 3, um vice-campeonato na PRO2000, no Road to Indy e um título na USF2000Jr. Também conseguimos vitórias e boas performances nas categorias na Europa e no Japão. Para facilitar o meu trabalho, vou fazer um resumo das temporadas por categorias e assim, vermos como os brasileiros enfrentaram os desafios ao longo da temporada. FIA Fórmula 2 Em 2023 tivemos apenas um brasileiro na categoria: Enzo Fittipaldi. Depois de um desempenho surpreendente na equipe mais fraca do grid – a Charouz – em 2022, o piloto brasileiro foi integrado ao programa de jovens talentos da Red Bull para o ano que se encerra. Colocado na equipe Carlin – a mesma onde correu Liam Lawson no ano anterior – que há tempos não conquista o título, Enzo Fittipaldi “disputou dois campeonatos”. Além do campeonato com os 22 pilotos que estavam na categoria, havia um “campeonato particular”, onde 6 pilotos que eram parte do programa de jovens talentos da Red Bull estavam lá para mostrar que poderiam ser o futuro companheiro de equipe de Max Verstappen ou pelo menos tornar-se titular da Alpha Tauri. Como companheiro de equipe, o Brasileiro teve o rápido e agressivo barbadiano Zane Maloney. Depois de um começo de temporada vendo seu companheiro de equipe marcando mais pontos e indo ao pódio, Enzo Fittipaldi se acertou com o carro e com seu engenheiro e os resultados começaram a vir, com pódios em Baku, Barcelona e Spa Francorchamps, além da vitória no desafiador circuito belga. No final do ano, sob pressão com a notificação do corte de pilotos do programa na Red Bull, o piloto brasileiro não só manteve-se no programa da Red Bull, como conseguiu definir sua equipe para correr em 2023: a Van Amersfoort Racing, que venceu corridas e fez alguns pódios com Richard Verschoor. FIA Fórmula 3 Tivemos três realidades bem distintas para os três brasileiros que competiram na categoria. Gabriel Bortoleto, após um bom ano na Fórmula Regional Europeia, impressionou os engenheiros e o chefe da Trident nos testes abertos da FIA Fórmula 3 em 2022 e antes mesmo do final da temporada, ele já estava com contrato assinado pra correr a FIA Fórmula 3 em 2023. Caio Collet, que mesmo vencendo duas corridas e conquistando 3 pódios, viu o outro piloto do programa de jovens pilotos da Alpine – Victor Marins – conquistar o campeonato. Ainda com algum apoio dos franceses, mas sem a prioridade, o brasileiro foi contratado pela Van Amersfoort Racing para a temporada de 2023 e seria a referência da equipe para os ainda mais jovens Rafael Villagomez e Tommy Smith. Já Roberto Faria, que saltou da GB3 na Inglaterra direto para a FIA Fórmula 3, assinando com a fusão da fraca Charouz com a estreante na categoria PHM, que teve bons resultados na FIA Fórmula 4. Gabriel Bortoleto soube como tirar o máximo de seu carro nas primeiras etapas do campeonato e, aliado à regularidade aproveitou-se da inconstância de seus adversários diretos para estabelecer uma vantagem confortável na liderança do campeonato para chegar à conquista do campeonato em seu ano de estreia na categoria, algo que não costuma ser comum e não apenas isso, com uma grande vantagem sobre seus oponentes mais próximos. Caio Collet cumpriu com seu papel, conseguiu uma vitória em Spa Francorchamps e outros três pódios, terminando o campeonato na 9ª posição. Apesar de não ter conseguido brigar pelo título – que era seu objetivo – em muito atrapalhado por acidentes onde foi envolvido, o piloto brasileiro continuou no radar da Alpine, que tinha intenção de inclui-lo no programa de corridas de endurance do WEC. Já Roberto Faria pagou um preço alto pelo salto dado de categoria, sem passar pela Fórmula Regional Europeia e em entrar para a equipe mais fraca do grid. Com um carro que mostrava-se bem mais lento que o top 10 da categoria, o piloto brasileiro conseguiu algumas boas performances quando as condições de pista, geralmente afetadas pela chuva, diminuindo a diferença de equipamento, mas na melhor chance que teve de pontuar, seu carro quebrou. Fórmula Regional Europeia No ano de 2023 tivemos dois pilotos brasileiros disputando a antiga Fórmula 3 europeia: Rafael Câmara e Emerson Fittipaldi Jr. Recém promovido da FÎA Fórmula 4 italiana, o pernambucano Rafael Câmara, que ficou na 3ª colocação do campeonato italiano, subia para a categoria acima como parte do programa de jovens pilotos da academia da Ferrari, ainda colhendo frutos de suas avassaladoras performances como kartista na Europa enquanto Emerson Fittipaldi Jr., que também disputou o mesmo campeonato pela Van Amersfoort Racing, em um esquema com 6 pilotos (sendo 4 efetivos para todo o campeonato). Rafael Câmara correu todo o ano sob a mesma pressão interna que teve no ano anterior, onde o fenômeno Andrea Kimi Antonelli, piloto que tem vínculo com a Mercedes era o centro das atenções da Prema e isso certamente pesou contra o piloto brasileiro, que sofreu com erros, acidentes onde não o culpado e algumas performances em treino que não permitiram posições melhores em corrida. Quando conseguiu colocar o que sabe fazer em prática, os resultados vieram, com duas vitórias e outros três pódios, mas o 5° lugar no campeonato com pouco mais da metade dos pontos de Kimi Antonelli esteve longe de seus objetivos. O caso de Emerson Fittipaldi Jr. Foi bem diferente. A meu ver, ele não deveria ter trocado de categoria, fazendo mais um ano na FIA Fórmula 4 Itália antes de ir para a Fórmula Regional Europeia. Entretanto, ele subiu de categoria e o que conseguiu foi um lugar na Sainteloc. Equipe estreante, nitidamente “vendendo lugares” e sem uma referência de pista nas duas primeiras corridas da temporada, Emmo Fittipaldi Jr. Ficou do meio pra trás no grid nas corridas e normalmente largando depois da P20. Sua melhor colocação em corrida foi um 8° lugar em Monza, largando de 22°. Foi um ano difícil de aprendizado para o filho do bicampeão mundial de Fórmula 1. FIA Fórmula 4 Itália A mais forte categoria de Fórmula 4 do mundo teve dois brasileiros no grid, ambos com grande suporte. Matheus Ferreira chegou à categoria com o suporte da academia de jovens pilotos da Alpine graças à sua performance como kartista nos dois anos anteriores na Europa, o que abriu as portas da equipe Van Amersfoort Racing. Aurelia Nobels, vencedora do FIA Girls on Track teve as portas abertas na principal equipe da categoria, a Prema. Apesar do destaque nos testes pré-temporada, Matheus Ferreira não conseguiu converter ao longo do campeonato sua condição na equipe. Foram apenas 5 corridas entre os 10 primeiros e uma única corrida em que ele mostrou o que tinha feito antes do campeonato começar. Concluiu o campeonato na 18ª posição com 15 pontos. Aurelia Nobels passou o ano em branco. Ficou fora de 5 corridas devido a uma fratura no pulso, fruto de um acidente, estes não foram poucos, bem como as rodadas e saídas de pista, não marcando pontos no campeonato. FIA Fórmula 4 Espanha A categoria cresceu muito e tornou-se a segunda mais importante no mundo e despertou o interesse de muitos pilotos, inclusive os brasileiros. Ricardo Gracia Filho, o pioneiro entre os brasileiros na categoria espanhola dois anos atrás, este ano ganhou a companhia de Pedro Clerot, campeão da FIA Fórmula 4 brasileira e de Fernando Barrichello no início da temporada, além de Gabriel Gomez e Filippo Fiorentino para as etapas finais.
Correndo pela MP Motorsport, Pedro Clerot começou o ano se destacando com 2 vitórias e um segundo lugar em Spa Francorchamps. Contudo, não conseguiu repetir a performance nas etapas seguintes e não retornou ao pódio pelo restante da temporada. Ainda assim, terminou o campeonato na P6, com 151 pontos. Ricardo Gracia Filho e Fernando Barrichello estavam na mesma equipe, a Montau Motorsport, uma equipe que não tem grande força na categoria e os brasileiros pagaram caro por isso. Ricardo Gracia Filho ainda conseguiu pontuar em 7 corridas, com uma P4 em Valência como melhor resultado e somando 25 pontos no ano. Fernando Barrichello teve um ano difícil, com muitos abandonos, alguns acidentes e apenas uma corrida nos pontos com a P7 na corrida 3 de Spa Francorchamps, que lhe deu 6 pontos. No final da temporada Felippo Fiorentino e Gabriel Gomez fizeram suas estreias na categoria. Não pontuaram, mas podem ir para a temporada seguinte com alguma bagagem. Indy PRO2000 Nos Estados Unidos, Francisco ‘Kiko’ Porto partiu para sua segunda temporada na categoria. Depois de um 2022 de muita oscilação, a parceria com a DEForce rendeu frutos em 2023. Foram duas vitórias e outros cinco pódios, mas o piloto brasileiro ainda sofreu com o acerto em algumas etapas e isso comprometeu a disputa pelo campeonato, vencido pelo norte americano Myles Rowe. O vice-campeonato não foi um resultado de todo ruim, mas tirou do brasileiro a premiação que o campeão recebe para disputar a temporada na categoria acima no programa Road to Indy, a Indy NXT. Mesmo assim, Kiko Porto participou das duas últimas etapas da categoria, em Laguna Seca e também da prova no misto de Indianápolis. O estreante na categoria, Nicholas Monteiro pagou um alto preço pelo aprendizado na categoria e nos autódromos norte americanos. Para complicar sua vida, o fato de estar em uma equipe de um só carro – a NeoTech Motorsport – ele não tinha uma outra referência para buscar um melhor acerto do carro. A pouca estrutura da equipe também refletiu em seus resultados e a mudança para a TJ Motorsports, equipe com três pilotos fortes, não mudou muito sua vida. USF2000Jr. Mesmo não sendo uma categoria que acompanhei – no caso escrevi regularmente – tivemos muito o que celebrar com a USF 2000Jr, nova categoria de entrada do Road to Indy, onde Nicolas Giaffone, filho de Felipe Giaffone. Dominou completamente a categoria e sagrou-se campeão em seu primeiro ano de automobilismo internacional, após uma temporada na FIA Fórmula 4, derrotando o companheiro de equipe na DEForce Racing, Quinn Armstrong. A categoria ainda teve a participação de Lucas Fecury, que migrou da FIA Fórmula 4 EUA para o Road to Indy e foi companheiro de equipe de Nicolas Giaffone na DEForce Racing, terminando o campeonato na 9ª colocação, com 206 pontos. O campeão da Fórmula Delta – categoria regional paulista – em 2022, Erick Schotten também esteve na categoria pela Exclusive Motorsport e terminou a temporada em 11°, com 199 pontos. Superformula Light Japão Depois de passar por muitas dificuldades, apesar do seu enorme e inquestionável talento, Igor Fraga está reconstruindo sua carreira no automobilismo japonês, ele que é descendente. Em 2023, disputando a Superformula Lights, venceu algumas corridas, conquistou alguns pódios e terminou a temporada na 4ª colocação, abrindo portas e recebendo convites para testes na categoria principal, que é mais veloz que a FIA Fórmula 2. E assim concluímos assim mais um desafio, acompanhando as categorias de base com os brasileiros buscando uma oportunidade de crescer no automobilismo internacional em qualquer dos continentes pelo mundo e vamos continuar tentando manter o compromisso da coluna semanal em 2024, acompanhando o máximo de categorias possíveis. Um abraço a todos, Genilson Santos Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid. |