E aê Galera... agora é comigo! O final de ano está chegando e neste final de semana, que inclui a véspera do natal os pilotos e suas equipes já deveriam estar todos em casa, com seus familiares, com os carros nas garagens, mas em São Paulo isso não foi possível. Para completar o calendário de corridas do ano, dependentes de um único local para fazer competições – o centro de eventos aleatórios de Interlagos – onde um dia houve um autódromo, os pilotos de diversas categorias foram pra pista desde a última quinta-feira. Uma vez que, há algum tempo, trata-se um local para todo tipo de evento e, eventualmente, alguns de esporte a motor, tomaram tantas datas com os demais eventos para o qual o local foi inclusive adaptado, com obras de infraestrutura, pilotos, equipes, promotores e a FASP não tiveram alternativa. Mas a coluna desta semana é uma retrospectiva do que foram as competições que eu acompanhei neste ano de 2023... e não foram poucas! De categorias de entrada tivemos em cima do Campeonato Brasileiro de Turismo 1.4, do Marcas Brasil Racing (o Campeonato Nacional de Turismo 1.6, que é oriundo do Turismo Nacional quando este era autêntico) e a Turismo Nacional, que adotou motores 2.0 e seu promotor “vendeu a alma ao diabo” e integrou-se à programação da VICAR. Falando nela, também cobri em detalhes as corridas da Stock ex-Light e da Stock Car. Entre os carros de corrida de verdade, também registrei tudo o que aconteceu na Porsche Cup, a categoria mais gourmet do país, e o Campeonato Brasileiro de Endurance, que sofreu com os rearranjos de calendário ao longo do ano. Finalizando com a galera peso pesado, não pude deixar de cobrir a verdadeira categoria de corrida de caminhões do Brasil, a Fórmula Truck, mas também a usurpadora, a categoria que tem a mão do Rei Midas por trás e uma proximidade não assumida com a VICAR. Também não deixei de fora a NASCAR Tapuia, que promoveu algumas corridas mais interessantes do que as da Stock Car, e a Copa HB20, categoria monomarca. Foi um sufoco! No Campeonato Brasileiro de Turismo 1.4 não faltaram corridas e disputas fantásticas (o advérbio não era bem esse...) com mais de 30 carros no grid na maioria das etapas e os campeonatos chegando em aberto nas classes A; B e nos Masters. A etapa decisiva foi no Circuito dos Pequizais, aquele cheio de árvores e que as grandes categorias não vão mais. Quem chegou na frente depois de 5 etapas correu usando o regulamento para conquistar o título. O gaúcho Bernardo Cardoso nem precisou vencer na rodada mineira para se sagrar campeão. Bastam um 4º, um 5º e um 6º. O mineiro Wanderson Freitas garantiu o vice-campeonato. Na classe B e Master, a história foi praticamente igual. Juca Bassani (Toyota Etios) chegou ao Circuito dos Cristais tendo apenas que concluir a primeira corrida para carimbar o título, mas ele se impôs e venceu as quatro corridas. Na Master, Marcos Paiolli (New Onix) deveria se manter à frente de Davi Oliveira (Onix Joy). O paulista venceu também as quatro provas. Numa das poucas ações inteligentes por parte dos promotores, a Turismo 1.4 fez a maior parte do campeonato junto com o Marcas Brasil Racing, dividindo as custas do autódromo e permitindo que os pilotos que correm nas duas categorias tivessem uma vida mais fácil. Como nossos promotores de automobilismo são, quando não amadores, incompetentes e, não raro as duas coisas, a melhor categoria de automobilismo do país, a Turismo Nacional sofreu um grande baque com uma ruptura entre os pilotos e equipes quando o promotor da categoria, Ângelo Correa, associou-se à VICAR e uma parte dos pilotos manteve-se no evento com o nome original enquanto outra parte manteve-se fiel ao projeto original da Turismo Nacional, criando a Marcas Brasil Racing. Na Marcas Brasil Racing, que foi fruto da associação dos donos das equipes, os motores continuaram sendo os aspirados 1.6 litros, com os motores originais das marcas envolvidas na disputa, com motores e carros passando por um processo de equalização e os pilotos divididos nas classes Super; A e B, além dos Masters. Foram 6 etapas com 4 corridas cada uma e corridas de tirar o fôlego, com muitos retrovisores ficando pelo caminho na bateção de portas. Gustavo Magnabosco (VW Gol #63), pela classe Super, com 488 pontos; Gabriel Ymagava (VW Gol #48), pela A, com 471; Nicolas Dallagnol (VW Gol #7), pela B, com 525, e André Jacob (VW Up #38), pela Sênior, com 480, foram os campeões e na final em Londrina tivemos a “MBR Cup”, com 10 pilotos competindo e o título ficando com Natan Sperafico. Infelizmente o grid, que começou com mais de 30 inscritos e terminou com 24. A MBR criou no final do amo a MBR Cup, categoria de “entrada”, com caros equipados com motores de 8 válvulas, de custo mais baixo e que fará parte do programa do Marcas Brasil Racing a partir de 2024, com boas expectativas. Já a Turismo Nacional, que bandeou-se para o “lado negro da força”, a VICAR, foi turbinar o projeto inicial de D. Corleone, que em 2022 tentou criar um campeonato de turismo “popular”, mas com carros equipados com motores 2.0 litros, padronizados e de câmbio borboleta, que ficou com um grid empacado na casa de 10 carros (começou com menos). Na força da grana e das promessas, com o “name rights” da Turismo Nacional, o grid cresceu de tamanho e tirou alguns pilotos do Marcas Brasil Racing ao longo da temporada. Com pilotos que corriam com os motores 1.6 litros no Campeonato Brasileiro de Turismo Nacional (o verdadeiro), que elevaram o grid para a casa dos 20 carros (em algumas corridas mais alguns) proporcionou boas disputas (os pilotos não tem nada a ver com as políticas fora da pista e querem mesmo é acelerar), mas ficou evidente os domínios de Juninho Berlanda na classe A e de Augusto Freitas na classe B, de forma ainda maior quando tiraram o lastro dos carros com melhor posição no campeonato. Promotores com grana tem suas vantagens e os campeões ganharam para 2014 um conjunto câmbio/motor zero bala da Audace (que equipa os carros da categoria), além do aceno de que o campeão de 2024 vai ter uma premiação para poder disputar a Stock ex-Light em 2025. Agora é ver o efeito disso nas outras categorias de turismo “de base”. Entre os carros verdadeiramente de corrida, a categoria gourmet do Brasil, a Porsche Cup fez mais um campeonato com eficiência germânica e muito profissionalismo de seu promotor (aparentemente o mais racional e pragmático entre os Tapuias, Dener Pires). A categoria do povo que não tem problema com dinheiro, mas que tem no grid alguns pilotos que mesmo sem ter a grana dos abastados, estão nela graças ao interesse – e visão – do promotor para “elevar o nível da categoria” e exigir mais dos endinheirados, vem mantendo seu modelo de 6 corridas ‘Sprint’ e 3 corridas de ‘Endurance’, com grids muito bons, com mais de 20 carros nas classes Carrera Cup e GT3 Challenge. Como dentro dessas existes as “subclasses” de Rookie, Sport, Masters, etc. a festa se faz completa com 5 pilotos no pódio. Raro aquele participante que não leva um troféu pra casa no final de semana. O campeonato deste ano foi dominado – na Carrera Cup – pelo piloto carioca Nicolas Costa, que veio dar uma elevada no nível da competição, venceu a maioria das corridas e subiu o sarrafo para Marçal Muller, Werner Neugebauer e Miguel Paludo, que também viram o crescimento de Lucas Salles e Lineu Pires, prometendo um ano de 2024 bem interessante, na pista e fora dela (tem coisas rolando na cabeça do promotor, que em 2024 pretende fazer mais etapas no exterior. Na categoria GT3 Challenge, a dos pilotos “com tocada mais suave”, mais milhagem ou menos velocidade, tivemos um show da Moleca Sensação (que deveria estar no programa da Ferrari no lugar daquela “desnatada” que lá está), Antonella Bassani, que deixou os Tios da categoria de cabelo em pé, culminando com a apelada do então líder do campeonato, Marcelo Tomasoni jogar o carro em cima dela e espremê-la contra o muro na largada da corrida 2 na etapa final em Interlagos, provocando o abandono da piloto e sua desclassificação, o que deu o título para a adolescente de 17 anos, que teve na segunda metade do campeonato a companhia de um Moleque Abusado, Eduardo Taurisano, que venceu várias corridas com um ritmo alucinante. A Moleca Sensação deve correr na Carrera Cup em 2024 e Eduardo Taurisano, se fizer mais um ano de GT3 Challenge, vai por mais cabelos brancos na cabeça dos Tios. O Campeonato Brasileiro de Endurance, a outra categoria com carros de corrida de verdade, está vendo a migração de alguns pilotos das classes de Grand Turismo GT3 e GT4, com aqueles carrões dos sonhos, para a classe dos protótipos, que tem hoje a competição entre os AJR, produzidos pela Moro, no Rio Grande do Sul, da Sigma, em São Paulo e os LMP3 da Ligier, adaptados ao regulamento da competição nacional. Como há uma perspectiva de algumas duplas (ou trios) de pilotos trocando os seus GTs por protótipos, o grid desta classe deve aumentar em 2024, com uma eventual redução dos GTs no grid. O campeonato deste último ano sofreu com as coisas extrapista como os eventos musicais no Centro de Eventos Aleatórios em Interlagos, além do rolo político que paralisou as corridas em Santa Cruz do Sul (esse assunto eu abordarei em outro momento). Com a falta de autódromos decentes na República Sebastianista de Banânia (e a teimosia em não ir para alguns lugares, como Campo Grande), a categoria repetiu muitos autódromos em 2023, mas como piloto quer correr, não importa onde, tudo estava valendo... até mesmo fazer três corridas em Goiânia, duas no sem graça Velopark e duas na pista de track day de Mogi-Guaçu. Ao longo do ano a disputa foi bem equilibrada em todas as classes (P1; GT3 e GT4), com a decisão na pista de track day de Mogi-Guaçu vendo os títulos passando de mão em mão até termos os pilotos que levariam os respectivos canecos. Não apenas as corridas foram de Endurance, mas as reviravoltas no campeonato também foram e no final, com a combinação de velocidade, resistência e regularidade, o título da P1 ficou com Gaetano di Mauro (detalhe para o fato de que, como não disputaram todas as corridas, Guilherme Bottura e Gustavo Kiryla, que correram na etapa final não tinham o mesmo número de pontos do campeão). Na classe GT3, título para a regularidade da equipe Stuttgart, com Marcel Visconde, Ricardo Maurício e Marçal Muller ao longo do ano e na classe GT4, outro Porsche da Stuttgart, com Jacques Quartiero e Danilo Dirani (o Coach Cabeleira). Pegando no pesado, vamos falar dos Brutos e começando pela verdadeira categoria de corrida de caminhões do Brasil, a Fórmula Truck! A categoria definitivamente se consolidou no ano de 2023 como uma categoria de força e de interesse para o público caminhoneiro, levando grandes públicos aos autódromos, superando a presença de espectadores em relação à Stock Car e à usurpadora (a outra) em grande parte do ano. O regulamento mais simples, o custo operacional mais baixo e a possibilidade de caminhoneiros e apaixonados colocarem um macacão e um capacete para correr, fez da Fórmula Truck um sucesso de popularidade, contando ainda com seu “vovô propaganda”, o inoxidável Pedro Muffato, que aos 83 anos mostrou ainda ter muito Diesel para acelerar. Evidenciando a diferença dele para os pilotos que ainda estão aprendendo a arte da pilotagem, o “Senhor de Cascavel” dominou o campeonato e sagrou-se campeão (acho que isso é recorde para o Guinness book) entre os pilotos da classe Injeção Eletrônica. Na classe Bomba Injetora o título ficou com Marcio Rampon. Na outra categoria, a usurpadora, também houve muito equilíbrio na disputa do campeonato da classe PRO, com os caminhões da equipe do Véio da Kombi e a do Corintiano Fake se revezando nas vitórias e chegando à última corrida com a disputa em aberto entre o Dr. Smith e o próprio Corintiano Fake, que colocou tudo a perder ainda no início da corrida 1, saindo da pista e batendo na curva Bico de Pato. Mesmo recuperando-se e chegando na P8 pra largar na frente, seu caminhão não estava mais a 100% e isso complicou sua vida, especialmente no final da corrida 2, quando em uma disputa pela P2 com o próprio Dr. Smith, depois de baterem porta, o Corintiano Fake seguiu pela área de escape do S da Sadia... e não devolveu a P2 para o Dr. Smith. Os ‘comissacos’ levaram 3 horas pra dar o título para o piloto do Véio da Kombi. Na classe super, tudo estava encaminhado para o título do Tozzado, mas uma turbina estourada frustrou as chances do piloto e da equipe, que assistiu o regularíssimo Risonho (que não venceu nenhuma corrida na temporada), fazer dois bons resultados e ficar com o título. Fora da pista, exceção feita à última corrida em Interlagos, os públicos no autódromo pra acompanhar a categoria tem sido pequeno. Não há identidade com a nação caminhoneira e para 2024, as coisas podem seguir assim. A Stock ex-Light, depois do grid fiasco de 2022, com apenas 7 carros, jogou pesado e na tentativa de fazer um grande grid para 2023, introduziu um programa de controle de custos, para a categoria sair por “apenas” 750 mil reais e ofereceu uma premiação de 2,5 milhões de reais para o campeão entrar na Stock Car, que precisa renovar seu grid, cheio de quarentões e até cinquentões. A receita não funcionou tão bem quanto eles esperavam. Um grid de 12 carros não era bem o que eles esperavam e como quantidade não é qualidade, a brigas animadas de 5 pilotos nas corridas de 2022 foi praticamente reduzida a 3 em 2023 (e um ficou pelo caminho por falta de patrocínio), mas alguns pilotos cresceram durante a temporada, como Arthur Gama e Enzo Bedani. Teve gente de quem eu esperava mais, como Bruna Tomaselli e tivemos também aquele pessoal que “fez figuração” no grid. A disputa direta pelo título estava entre o meu piloto, o Zezinho (Mugiatti), Gabriel Robe e Pietro Rimbano (que ficou sem combustível financeiro na reta final do campeonato) e graças à regra dos descartes, meu piloto – o Zezinho – que no início da temporada tinha Pietro Rimbano como maior adversário, conseguiu ficar mais tranquilo na liderança, mas tranquilidade não era garantia e o campeonato chegou ainda aberto em Interlagos – última etapa da temporada – com Gabriel Robe a 17 pontos dele e com uma rodada tripla, tudo podia acontecer. Com velocidade e regularidade, Zezinho Mugiatti garantiu o título na última corrida depois de seu carro ter um rendimento bem abaixo na segunda corrida e ele tendo que largar dos boxes para a corrida final. A categoria tem expectativas de que o grid seja maior em 2024, mas não basta apenas um grid maior. É preciso que tenhamos qualidade no grid. Na categoria mais badalada do automobilismo nacional, a Stock Car, o equilíbrio foi a marca registrada deste ano, com 12 vencedores diferentes em 24 corridas (duas corridas em cada evento) e com 7 pilotos chegando à corrida final com chances de título, que ficou em boas mãos com Gabriel Casagrande, que venceu três corridas (mesmo número de vitórias que seu principal adversário, Daniel Serra), mas pontuando muito bem na maioria delas, chegou ao final do ano numa condição bem confortável. Quem começou o ano muito bem, mas depois de duas vitórias nas 5 primeiras corridas foi Thiago Camilo, que desde então não colocou mais os pés no pódio. Quem poderia ter chegado mais perto da briga pelo campeonato foi Felipe Fraga, mas o campeão mais jovem da categoria (em 2016), deixou de participar de uma etapa (interlagos em julho) por um compromisso fora do país. Para 2024 teremos uma perda de qualidade no grid, com a saída do Nuestro Hermano Assador, Mathias Rossi, que vai se concentrar nas corridas em seu país, mas certamente, no último ano dos sedans e dos motores V8 na categoria, o equilíbrio deve continuar. De mais, tivemos as primeiras vitórias do Macarroni na categoria (a primeira na competência e a segunda numa sorte danada) e a de Bobby Filho, que se tomou pau de todo mundo em monopostos na Europa, nos carros de turismo parece estar mais confortável. Apesar das bolhas de fibra imitando carrões americanos, o primeiro ano da associação da Sprint Race com a NASCAR norte americana foi um verdadeiro sucesso. A família Marques, do Paraná acertou em cheio com seu formato para a criação de uma NASCAR Tapuia, que apesar das minhas gozações, mostrou-se uma categoria muito mais interessante (e mais barata) na formação de pilotos do que a Stock ex-Light. Com pilotos correndo em duplas e alguns pilotos da Stock Car no grid para “puxar a molecada”, viu os figurões tomando sufoco de alguns moleques ao longo do ano. Leo Torres, que correu em parceria com Julio Campos, venceu corridas e mostrou que pode andar até mesmo na Stock Car (se tiver dinheiro). Algumas corridas foram vencidas (na classificação geral) por pilotos da classe PROAM, mostrando que o nível está subindo. Vamos ver o que teremos para 2024. Sessão Rivotril. Seguindo meu mestre inspirador, está na hora de receitar as pílulas da semana. - Com as atividades em pista paradas, o receituário ficará suspenso por enquanto. Felicidades e velocidade, Paulo Alencar Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid. |