Caros Amigos, Acredito que muitos dos meus estimados leitores já ouviram falar ou leram em algum lugar a expressão “trem da história”. Normalmente esta expressão está ligara ao fato daqueles que “perdem o trem da história”, deixando de tomar decisões ou atitudes, perdendo oportunidades – por falta de visão, de interesse ou de ação – deixam de seguir um caminho de desenvolvimento, uma cadeia de oportunidades, seja nas nossas vidas pessoais ou no mundo dos negócios. Uma vez que este espaço semanal é dedicado a falarmos sobre questões ligadas ao esporte a motor, neste caso específico nós nos tornamos “experts” em “perder o trem da história”. Tenho um exemplo que be voltou aos olhos no último domingo, quando assisti pela internet a corrida da Fórmula Indy no Texas, com a vitória de um piloto mexicano, Patricio O’Ward. Para a maioria dos entusiastas do automobilismo, o nome de Patricio O’Ward veio ao seu conhecimento quando este estreou na Fórmula Indy ou, quando muito, ao vencer em 2018. Um ano antes, entretanto, quando corria provas no “calendário de inverno”, onde ocorrem as corridas da NACAM, no México, ele foi sucessivamente superado pelo piloto brasileiro Igor Fraga. No início de 2020, disputando o campeonato de monopostos patrocinado pela Toyota na Nova Zelândia, Igor Fraga derrotou o piloto local, patrocinado pela Red Bull, Liam Lawson, correndo em circuitos que nunca havia competido, ao contrário do piloto local. Ambos foram para a F3 FIA no ano passado. Lawson, com forte apoio local e da Red Bull, em uma das melhores equipes da categoria, a Hitech, enquanto Igor Fraga foi para a Charouz. Em 2021, Lawson foi para a F2, enquanto Fraga, que desde sempre precisou lutar por patrocínios, está fora dos campeonatos até o momento. Dois dos nossos melhores kartistas, que depois de carreiras vitoriosas foram para os monopostos tem difíceis desafios pela frente: Gianluca Petecof teve apoio de uma grande petrolífera, com negócios no Brasil, em um projeto desta empresa e, com seus resultados e a ligação desta com a Ferrari, entrou para a Academia de Pilotos, conseguindo títulos e inúmeras vitórias. Em 2020, derrotou Arthur Leclerc na disputa da F. Regional Europeia na equipe Prema. Ao brasileiro, caberia um lugar na equipe da F3-FIA, mas sem suporte financeiro, acabou desligado do programa italiano. Agora, está na F2, na equipe Campos, a mais fraca da categoria. O outro, Caio Collet, ainda faz parte no programa de jovens pilotos da Renault e, depois do vice campeonato na F.Renault Europeia, vai disputar a nova F. Regional, contra outros 31 pilotos, na equipe da fábrica, a Alpine, que tem um piloto francês (Victor Martins) no mesmo time e com resultados melhores que o brasileiro nos últimos dois anos em que foram adversários na F.Renault Europeia. No mês passado, em coluna aqui no nosso site, Rodrigo Botana relatou a conquista de Rafael Câmara, de apenas 14 anos, ao sagrar-se campeão da categoria OK no WSK, um dos maios importantes – senão o mais importante – campeonato de kart da Europa, onde vão correr todos os principais aspirantes a piloto na Fórmula 1. O brasileiro superou, entre os seus mais de 30 adversários nesta categoria, o italiano Andrea Kimi Antonelli, que está no programa de desenvolvimento de talentos da Mercedes e Arvid Lindblad, é integrante de jovens talentos da Red Bull. Caso não seja possível um trabalho de mobilização em torno de mais este talentoso piloto que vem se destacando no kartismo e que recentemente, impressionou os integrantes de uma equipe italiana da F4 quando teve seu primeiro contato com um monoposto em um treino privado, vai terminar sendo mais um talento brasileiro perdido. Perderemos mais uma vez o trem da história. Um abraço e até a próxima, Fernando Paiva |