Caros Amigos, eventualmente temos a entrada de novos colunistas no nosso site, como este entusiasmado frequentador dos autódromos nos Estados Unidos, Sam Briggs, e do esforçado sobrinho-neto do saudoso Willy Möller, Ian, mas tenho um carinho especial por este dedicadíssimo jovem que eu integrei ao nosso projeto, Genilson Santos. Suas colunas narrando como estão sendo as corridas dos pilotos brasileiros pelo mundo são simplesmente únicas e no ano passado quando ele disse que iria escrever todas as semanas, narrando como seriam as corridas dos nosso pilotos – que eram muitos – eu achei que ele não conseguiria... mas não apenas conseguiu como foi brilhante nas narrativas dos títulos de Igor Fraga e Gianluca Petecof, nas vitórias de Caio Collet e Felipe Drugovich. Tenho certeza que ele se viu realizado com o retorno que teve em leituras e elogios. Entretanto, 2021 não está sendo um ano fácil para os jovens pilotos brasileiros e por conseguinte para nosso colunista. Enquanto tem acompanhado o campeonato da F3 asiática, com rodadas triplas todos os finais de semana e seu conterrâneo Roberto Faria nas pistas de Dubai e Abu Dhabi, ele tem feito a abertura de suas colunas com notícias sobre os pilotos brasileiros que continuam tentando um lugar ao sol neste difícil caminho até o topo. Tenho certeza que foram momentos difíceis – para mim, como leitor, foram – ver Enzo Fittipaldi e Gianluca Petecof deixarem a academia de jovens pilotos da Ferrari, uma vez que são estes programas os que melhor chance proporcionam para um piloto chegar à Fórmula 1. Também vi, li e escrevi sobre a corajosa atitude de Pedro Piquet ao decidir deixar a F2 no final de 2020 e, de forma clara e direta como um bom Piquet, expor a realidade dura e cruel que ele veio vivenciando nos últimos anos correndo nas F3 e F2. Pedro Piquet nos deu um verdadeiro “choque de realidade”: por mais talento que nossos jovens pilotos tenham mostrado nos últimos anos, sem alguma coisa que vai além disso para servir de catapulta e lança-lo ao platamar da F1, dificilmente o sonho destes jovens e de todos nós que vibramos com os títulos de Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna, ou as vitórias de Rubens Barrichello e Felipe Massa vai chegar aonde os sonhos destes chegou. O que leva um programa de jovens talentos abrir mão de campeões? Enzo Fittipaldi e Gianluca Petecof conquistaram títulos para a academia de pilotos da Ferrari. O caso mais recente, o de Gianluca, que derrotou o irmão de Charles Leclerc, na pista e na força mental, com o monegasco errando duas vezes, rodando e jogando fora a chance de vencer o campeonato na última etapa não foi suficiente para a equipe apostar em seu talento. Faltou o combustível financeiro e o que vemos hoje são pilotos levando suporte de 25 a 30 milhões de dólares por temporada para sentar em um F1. Quando Emerson Fittipaldi foi para a Inglaterra, fez parte de uma escola de FFord (embora não precisasse) para conseguir correr “de graça” com a estrutura de Jim Russell. Menos de um ano e meio depois estava alinhado no GP da Inglaterra de F1 com um Lótus 49 ao lado de Graham Hill. Nelson Piquet morou em eu caminhão que dirigiu por toda a Europa para correr na F3 europeia em 1977 e depois na F3 inglesa em 1978. Antes do final do ano estava com contrato assinado com a Brabham. Ayrton Senna chamou tanta atenção que, em 1983 as equipes de F1 o estavam chamando para fazer testes em seus carros. Eles teriam as mesmas oportunidades nos dias de hoje? Enzo Fittipaldi, mesmo com o sobrenome que carrega redirecionou sua carreira para os Estados Unidos, onde os custos são mais racionais e as possibilidades de chegar na categoria principal são consideravelmente maiores. Ele mostrou, nas últimas semanas, que tem uma grande capacidade de pilotagem ao vencer o campeonato da e-F1 promovido pela própria categoria. Em um simulador não é preciso dinheiro, no asfalto e nos orçamentos milionários das equipes da F1, sim. Pilotos com “apenas talento” como nossos Felipes – Fraga e Drugovich – podem competir contra a dura realidade dos cifrões? Será Caio Collet, piloto do programa da Alpine, nossa (ainda) única chance de chegar ao grid? São muitas perguntas, poucas respostas e uma realidade. Um abraço e até a próxima, Fernando Paiva |