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Como no Poker, existem verdades por trás das verdades... e existe o blefe PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 11 November 2020 22:18

Caros Amigos, chegou ao meu conhecimento um posicionamento do atual presidente da CBA, Sr. Waldner Bernardo de Oliveira, sobre a minha coluna da semana passada onde ele, mesmo abrindo mão de enviar um direito de resposta – que publicaríamos na íntegra – é algo que faço questão de publicar aqui.

 

O Presidente informou que: “em toda história da CBA nenhum presidente não quis concorrer à reeleição. Não houve nenhuma Federação impugnada na eleição passada. A Federações do Distrito Federal e do Espírito Santo não votaram porque deviam à CBA. Isso está no estatuto (inadimplentes não votam) e não se tratou de uma impugnação pontual. O representante da Federação do Mato Grosso sul disse que teve um infarto e não pode comparecer. As federações de Tocantins e Mato Grosso não votaram porque estavam na quarentena de 4 anos, eram novas, e se votassem, os votos seriam meus! Ou seja, a única (tentativa) impugnação que houve foi da FGA à ABPA e seria um tiro pela culatra.”

 

Feito o esclarecimento, passemos ao assunto desta semana. Duas semanas atrás, escrevi que o CEO do Grupo Liberty Media, Sr. Chase Carey estava construindo um ídolo com pés de barro ao levar a sério o projeto da empresa que promete construir um autódromo no estado do Rio de Janeiro bem como teria assinado com a FOM um contrato de compra dos direitos não apenas de promoção do evento, mas também de transmissão da temporada da Fórmula 1 para a televisão no Brasil.

 

Como é praxe em contratos deste tipo, após o mesmo serem acordados, a parte adquirente precisa honrar uma série de compromissos financeiros, cumprindo um calendário estabelecido nesse contrato. Pelo visto, o contrato com a FOM foi algo bem melhor redigido do que o contrato com a DORNA, empresa que promove o campeonato mundial de motovelocidade (talvez com um alerta de Carmelo Ezpeleta).

 

Eis que esta semana a Fórmula 1 divulgou nesta terça-feira um calendário provisório para a temporada 2021 da Fórmula 1 com 23 corridas. Diferente do que surgiu – extraoficialmente – há algumas semanas, onde em um dos casos, não aparecia o GP Brasil, e em outro, aparecia, com a corrida marcada para acontecer no Rio de Janeiro. Desta feita, de forma oficial, o anúncio da categoria traz o GP Brasil marcado para o final de 12 a 14 de novembro... em Interlagos!

 

Evidente que alguns “asteriscos” fazem parte do calendário. Nos casos do Brasil e da Espanha, além da sempre ameaça do coronavírus, ainda precisa acontecer a assinatura de um contrato com os promotores. Chase Carey procurou a prefeitura de São Paulo no fim de outubro para retomar as conversas relacionadas a Interlagos. Ontem, já em hora adiantada da noite, recebi a confirmação por parte de uma pessoa ligada ao governo do estado de São Paulo que o contrato estava fechado e não é apenas para uma temporada, mas para cinco edições, com a última sendo 2025. O contrato seria assinado com a prefeitura da capital paulista, cujo prefeito é do mesmo partido e favorito à reeleição. Uma vitória esportiva – e política – do governador que há bem pouco tempo, queria fazer o autódromo de Interlagos desaparecer do mapa.

 

Nesse processo de novos velhos rumos para a Fórmula 1, a lamentar, talvez, a não continuidade das corridas de Mugello e Portimão, que foram excelentes como competição e espetáculo na televisão.

 

Em um dos “jogos do mundo dos negócios”, onde em muitos casos as negociações lembram uma mesa de Poker com jogadores profissionais, Chase Carey estava fazendo uma aposta alta com uma mão de qualidade duvidosa (Blefe? Isso acontece também no mundo dos negócios) quando investiu na liberação da área da floresta do Camboatá, em Deodoro, para que as obras do autódromo pudessem ser realizadas e o acordo com a empresa Rio Motorpark, de JR Pereira, fosse cumprido.

 

Pelo visto a fama de “blefador” de JR Pereira nessa mesa de negociações – desta vez – não conseguiu levar os demais a crer nas suas cartas e em um comunicado emitido também na noite, a empresa brasileira informou oficialmente não negocia mais com o Grupo Liberty Media a cessão dos direitos de transmissão da Fórmula 1 no Brasil, algo que a FOM já havia comunicado ao empresário dois dias antes. Nesta “mão” o jogador JR Pereira era “carta fora do baralho”.

 

Quem ficou em vantagem nesse processo foi a emissora que ainda é dona dos direitos de transmissão, cujo contrato se encerra no final de 2020. Para Chase Carey e a FOM, fica a desconfortável necessidade de voltar à mesa de negociações onde a outra parte está, no momento, em nítida vantagem para negociar bases mais favoráveis. O Grupo Liberty Media divulgou há pouco tempo que o Brasil detém a maior audiência da F1 no mundo (e neste caso, a TV aberta é uma grande vantagem). São 4 décadas de expertise em transmissão, um formato que funciona que outras emissoras teriam enorme dificuldade em conseguir estruturar. Certamente Chase Carey sabe que “sua mão” é boa, mas tem consciência sobre o que o seu oponente no momento tem na mão. Ainda teremos que ver como ficaram as coisas com as cartas postas à mesa.

 

Um vencedor nesse jogo, mesmo sem ter tido seu nome mencionado em momento algum pela imprensa internacional ou nacional é Tamas Rohonyi, dono da Interpub, empresa de larga expertise em organização de eventos da F1 no Brasil e no exterior, cujo modelo serve de exemplo para novos candidatos. Desta vez ele não será o “dono dos direitos de promoção local” como foi até 2020, mas certamente irá alinhar um interessante contrato para fazer o evento em parceria com a prefeitura paulistana.

 

As novas rodadas que serão jogadas vão ser bem interessantes.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva 
Last Updated ( Thursday, 12 November 2020 14:25 )