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Existe vida fora da Fórmula 1 PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 15 January 2020 19:20

Caros Amigos, no ano de 2012, quando minha vida sofreu uma mudança drástica e não planejada, precisei reaprender muitas coisas para tentar continuar vivendo, sendo o pai dos meus filhos, sendo o marido da minha esposa e sendo o profissional da minha área de trabalho. Uma luta diária que travo há anos e que me fez ver muitos aspectos da vida que jamais teria visto, com total segurança, não fosse este episódio.

 

Vendo outras mudanças em um cenário seguramente menos rigoroso, mas também de completa importância para quem se vê, direta ou indiretamente, envolvido, perspectivas de vida que se alteram ou de alguma forma interferem com tudo aquilo que pensamos, de uma forma ou de outra, proporcionalmente ou não, irão impactar no momento de vida e nas perspectivas futuras.

 

Minas Gerais produziu recentemente dois excelentes pilotos para o automobilismo brasileiro. Ambos jovens, velozes e competentes: Sergio Sette Câmara e Igor Fraga. O primeiro conseguiu conquistar aos 21 anos de idade a cobiçada superlicença com o 4° lugar na última temporada da Fórmula 2. O segundo, também com 21 anos, depois de ser o melhor piloto “não Prema” na Fórmula 3 europeia, vencendo algumas corridas na temporada de 2019.

 

No duríssimo – e caríssimo – caminho para a Fórmula 1, algo que ambos tem totais condições de chegar lá por suas respectivas capacidades e habilidades, vemos este início de 2020 com ambos sem maiores anúncios para que destino tomarão em suas carreira profissionais. Igor Fraga, que tem uma carreira paralela no automobilismo virtual e onde conquistou um título mundial individual em 2018 e outro por equipes em 2019 vai competir, a partir deste final de semana, no cada vez mais competitivo Toyota Racing Series na Nova Zelândia, que acontece em 5 finais de semana entre janeiro e fevereiro, que neste ano irá contar pontos para a obtenção da superlicença, ainda não tem nada definido para a chamada temporada regular, que começa na primavera do hemisfério norte.

 

A Fórmula 3 FIA, que seria ou deve ser em se seguindo um planejamento racional para Igor Fraga está de forma surpreendente – ao menos para este humilde colunista – aberta em relação as oportunidades, com diversas equipes com as três vagas abertas. Talvez o domínio da Prema na temporada passada e o potencial domínio para a temporada 2020 esteja desestimulando pilotos e patrocinadores a investir esforços na temporada, apesar da categoria fazer parte do programa da Fórmula 1 e ser uma vitrine direta para os jovens pilotos.

 

Da mesma forma, Sergio Sette Câmara acabou o anos não apenas seu um lugar para pilotar na Fórmula 1 – algo que ele mesmo certamente não esperava – por falta de suporte financeiro e que viu ainda mais prejudicado com o rompimento da Petrobras com a McLaren, onde foi piloto de testes em 2019. Além disso, ficou sem perspectivas dentro da equipe onde disputou a F2 em 2020, a DAMS, mas a categoria ainda tem vagas interessantes para a temporada, na Uni Virtuosi, que no ano passado teve Luca Ghiotto como uma pedra na sapatilha do brasileiro e uma outra na ART GP, que já viveu dias melhores, mas foi a equipe campeã da temporada com Nick DeVries.

 

Contudo, cientes das dificuldades de que sem um programa de formação ou um patrocinador com fundos enormes nossos pilotos, sejam estes citados como outros que correm em outras categorias na Europa ou mesmo nas principais categorias brasileiras precisa perceber a importância que as competições de Gran Turismo tem ganho no mundo e em particular nos Estados Unidos e Europa. Recentemente tivemos três brasileiros chamando a atenção dos chefes de equipe na última edição das 24 Horas de Le Mans, quando Daniel Serra, Felipe Fraga e Bruno Baptista lideraram por muitas horas enquanto estiveram na pista, travaram – e venceram – duras disputas contra pilotos com mais experiência que eles naquelas condições de corrida.

 

O resultado imediato disso foi a contratação de Daniel Serra para ser piloto da Ferrari em diversas competições tanto nos Estados Unidos como na Europa e também Felipe Fraga, que ao assinar contrato com a equipe oficial da Mercedes no Intercontinental GT Challenge, além de outras corridas pela marca alemã, o que fez com que ele decidisse abrir mão da carreira no Brasil, saindo da Stock Car para focar em uma carreira internacional, ele correrá quatro provas com um carro da Porsche no Mundial de Endurance, inclusive as 24 Horas de Le Mans.

 

A decisão de Fraga, que terá apoio da patrocinadora de sua antiga equipe na Stock Car (que anunciou nesta quarta-feira, dia 15, que deixará de ter equipe própria na categoria) em seu projeto internacional é um caminho que pode ser uma opção concreta de carreira profissional para outros pilotos brasileiros com potencial e velocidade para competir no exterior, com carros mais potentes e velozes  que os Stock Car, mas que não tiveram ou teriam condições de tentar trilhar um caminho consistente para almejar a Fórmula 1.

 

É importante que nossos pilotos, nossos patrocinadores e nossos veículos de mídia tenham a percepção para estabelecer um mercado de trabalho e realização para nossos profissionais, que pode também vir a abranger engenheiros, mecânicos, técnicos e muito mais. A prova concreta de que existe vida fora da Fórmula 1.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva 
Last Updated ( Thursday, 16 January 2020 22:47 )