Caros Amigos, em praticamente todos os meios do mundo livre, das democracias e até mesmo em regimes políticos onde s liberdades nem sempre – as vezes quase nunca – são respeitadas, existe a figura do “funil”. O “funil” nada mais é que um processo se seleção natural onde os melhores em suas áreas – em teoria – deveriam sobrepujar seus oponentes menos preparados para chegar a posições de mais destaque. Contudo, como bem sabemos, outros fatores além da competência. Não bastasse estes outros “critérios” de seleção, fatores outros podem, inclusive, alterar a “configuração do funil” e estes estão sujeitos a outras variáveis que independem da capacidade dos que desejam avançar em processos e até mesmo de alguns fatores alheios a isso. Acompanhando o automobilismo nas categorias de acesso às categorias top em diversos países, em mais de um continente e aqui no Brasil, observei que o chamado “funil” estreitou e como se vê, outros fatores tem interferido diretamente nos acontecimentos que cercam o mundo do esporte a motor em geram e as competições sobre quatro rodas em particular. Algumas vezes sou obrigado a questionar o bom senso de dirigentes e promotores. No ano passado, quando a Federação Internacional de Automobilismo informou que o “Campeonato de Fórmula 3” seria o nome da então categoria chamada GP3 e que outros campeonatos com carros da categoria seriam chamados de campeonatos regionais ou nacionais, ver estes campeonatos na Ásia ou nos Estados Unidos, como setores regionais de onde os pilotos poderiam partir para disputas de campeonatos mais fortes faz algum sentido (isso talvez pudesse acontecer na América do Sul, se promotores da região investissem na importação de carros atualizados tecnologicamente e equalizassem custos com a forte presença de patrocinadores para aliviar a carga sobre os pilotos. Contudo, na Europa, isso não faz muito sentido uma vez que a chamada “Fórmula 3” (antiga GP3) terá suas 8 rodadas duplas disputadas na Europa. Como fica então o “European Regional F3”? A resposta pode vir em números e estes mostram que houve uma migração da antiga categoria europeia para a promovida na programação da Fórmula 1 e Fórmula 2. No ano passado a GP3 tinha um grid de 20 carros, enquanto o da Fórmula 3 Europeia tinha 28 pilotos disputando a qualificação a cada corrida. Este ano, temos (até o momento) 30 pilotos inscritos e com lugar assegurado na Fórmula 3, enquanto a Fórmula 3 Europeia tem (até agora), apenas 11 pilotos confirmados em uma expectativa de poder chegar a 14 competidores. Detalhe interessante: a equipe Prema tem 3 pilotos em cada uma delas. Infelizmente, a decisão da Ferrari Academy foi colocar o campeão italiano da Fórmula 4, Enzo Fittipaldi, para correr na categoria esvaziada enquanto vários dos adversários que ele derrotou correrão na categoria mais disputada. No caso da Fórmula 3 Europeia a questão reside em uma categoria que é uma nítida “escada” para se subir e chegar à Fórmula 1, com os pilotos sendo vistos por todos os chefes de equipe e empresários que tem os caminhos para levá-los à Fórmula 1, mas o que dizer do que está acontecendo nos Estados Unidos, onde existe um programa chamado “Road to Indy”, que revelou diversos dos hoje pilotos da categoria principal, está passando por uma crise de falta de pilotos. No ano passado a Indy Lights tinha apenas sete (eventualmente oito) carros no Grid e a categoria que a antecedia, a Pro-Mazda, sofria com um grid de apenas dez carros. Apenas a USF2000 tinha um grid com mais de 20 competidores. Este ano a categoria de entrada manteve seu grid, mas apesar do esforço e das tentativas da própria Fórmula Indy em criar meios para que o grid, especialmente da Indy Lights, crescesse, passar de 7 ou 8 para 10 carros como vimos nas duas primeiras rodadas duplas certamente está longe de atingir os objetivos da IMS. A Pro-Mazda está com 14 carros no grid, um número baixo, mas não crítico. No caso, a questão deles é o aumento do que as equipes estão cobrando por temporada aos pilotos, como explicou Willy Hermann em entrevista que está publicada na nossa página. É preciso que se faça uma análise mais crítica do que realmente vale a pena ser feito e como ser feito para que as oportunidades para que novos talentos surjam possam ser concretas e em uma linha de bom senso. Do contrário, além de deformarmos o “funil”, o final pode não levar ao topo aquele que realmente seja o melhor. Um abraço e até a próxima, Fernando Paiva |