Daniel Serra merecia conquistar o bicampeonato da Stock Car. Claro que Felipe Fraga também teve seus méritos, mas, como mostraram os resultados antes da última etapa, realizada domingo em Interlagos, Serrinha mereceu mais. Os números não mentem. Na verdade, o título da temporada já estava bem encaminhado, mas não definido. A situação se complicou mais ainda para Fraga no sábado, na complicada definição do grid de largada que teve chuva, garoa e sol, algo normal para o instável clima daquela parte da Zona Sul da capital paulista. Fraga largou no sofrível 18º lugar enquanto Daniel, com todo o cuidado do mundo, saiu na terceira posição, atrás de Ricardo Zonta, que além da pole ainda venceu a corrida, sua segunda no ano e a quarta na carreira. A tevê mostrou que a única preocupação de Daniel era saber, pelo rádio, por onde andava seu único adversário no domingo. Ele se manteve ali, sem forçar o carro, sem tentar brigar de forma mais dura por posições intermediárias e no final acabou num excelente quarto lugar, com Felipe em quinto. Nem que fosse ultrapassado mudaria alguma coisa. O título estava garantido. Mais uma vez Serrinha se mostrou um piloto cerebral e que correu com o regulamento embaixo do braço. Desde o início da temporada nas minhas previsões disse que ele tinha tudo para ser bicampeão e, quem sabe, igualar o feito do pai, Chico Serra, e se tornar tri. Claro que no próximo ano tudo pode mudar, mas como ele se manteve na equipe do insuperável Meinha, Daniel tem tudo para se manter entre os primeiros colocados e caminhar para o tri, algo que não acontece desde 1999, 2000 e 2001 justamente com o papai Chico. A definição do título não merecia um público tão pequeno como o de domingo. Uma pena, mas foi assim quase em quase todas as corridas do ano: pouca gente para um grande espetáculo! Os organizadores precisam fazer alguma coisa para colocar torcedores nas arquibancadas. O quê? Isso deixo para os novos/velhos gestores da categoria em 2019, ano que apresentará, pelo menos, dois números redondos. Na abertura do campeonato, que ainda não teve o calendário oficial divulgado, serão 500 corridas nos 40 anos de vida, a serem completados no dia 22 de abril. Quem vencer entra para a história. A primeira foi vencida por Affonso Giaffone, a de número 100 por Chico Serra, a 200 por Xandy Negrão, a 300 por Cacá Bueno e a 400 por Thiago Camilo. Além da segura vitória de Zonta, a boa atuação do estreante Gaetano Di Mauro chamou a atenção. Em seu primeiro contato com o Stock Car, ele superou gente muito mais experiente, passou para o Q2 e largou em 11º lugar. Um feito, principalmente por o Stock ser um carro de pilotagem difícil e que requer bastante conhecimento. Tomara Gaetano consiga patrocinadores para 2019 e mostre que veio para ficar numa categoria repleta de gente boa e com longas carreiras internacionais. Ele também já correu fora do Brasil, mas nada comparável a Rubens Barrichello, Ricardo Zonta, Antonio Pizzonia, Lucas Di Grassi, Nelsinho Piquet, todos com passagens pela Fórmula 1. Vários outros também fizeram bonito em outras categorias e Gaetano ficou em 11º lugar, mesma e muito boa posição de largada. Agora entramos na época das vacas magras, sem notícias de corridas aqui no Brasil. Vamos ver como será a dança das cadeiras, que já teve várias definições para 2019. Milton Alves
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