Foi lá pelos idos de mil novecentos e noventa e alguma coisa que tudo isso aconteceu. Eu cobria a Fórmula Indy e falava com todos os pilotos brasileiros constantemente. Christian Fittipaldi, Maurício Gugelmin, Raul Boesel, Cristiano da Matta e algum mais que esqueci de citar. Entre todos eles o que mais chamava a atenção, não tanto pelos bons resultados que já havia conquistado, era André Ribeiro. Por seu estilo diferente dos demais, André era o que todos os postulantes a uma vaga na Fórmula Indy queria imitar. Eram eles: Gualter Sales, Hélio Castro Neves, Tony Kanaan. Explico: André tinha um jeito pra lá de especial para manter contatos com patrocinadores e de atender os torcedores. Na época todos integravam o Marlboro Brazilian Team, que ajudava os brasileiros em seus objetivos de chegar ao topo da categoria, ou seja, uma vaga entre os principais pilotos do mundo, pelo menos do mundo dos Estados Unidos, que é peculiar, mas isso é outro assunto. Uma vez estávamos em Phoenix, no Arizona, acompanhando um treino no oval de lá. Estava marcada uma entrevista coletiva com os brasileiros e ali também estavam alguns jornalistas norte-americanos. André, com seu tradicional espírito de liderança, tomou a frente da coletiva, traduzia as perguntas do português para o inglês e vice-versa, e deixou boquiaberta e empolgada a então molecada que estava ali. E aí assumo, digamos assim, minha parte de culpa por Helinho ter virado um piloto que por mais estressado que esteja, veste a máscara da Monalisa na hora de dar entrevistas. Num papo descontraído com os jovens, disse a eles que o André era o cara certo, pois fazia tudo o que os patrocinadores queriam e ainda dava alguns bônus para eles. E era a mais pura verdade. Confesso que sou um pouco culpado por o Helinho fazer o que faz ainda hoje. Mas, por outro lado (e sempre existe o outro lado) os patrocinadores ficam mais do que felizes com essas atitudes, pois em nenhum momento sua marca está ligada a um piloto destemperado e que sai chutando tudo depois de um problema na pista, como ainda vemos vários por aí. Muito bom ter acompanhado André Ribeiro e Hélio Castro Neves, além do Tony Kanaan, a quem tive o privilégio de ver crescer nas pistas ao lado do Rubens Barrichello. Se eles já estão velhinhos, imaginem eu???? Milton Alves |