Caros Amigos, tivemos dois assuntos “fortes” relativos ao nosso automobilismo que fizeram subir o tom nos bastidores, uma vez que as categorias nacionais do esporte ainda não ligaram seus motores. As decisões de fundo gerencial muitas vezes costumam provocar reações emotivas e isso não é de todo mal, pelo contrário. Ter a emoção caminhando ao lado da razão, especialmente quando falamos de esporte, quebra a frieza que o esporte como negócio foi se tornando com o passar dos anos e o profissionalismo. No automobilismo então, nem há como se contestar esta verdade. Depois do hiato de 2016, a abertura do campeonato da Stock Car (que ainda não sabemos se será internacional ou não, visto que o calendário divulgado tem muitas interrogações) volta a ter a corrida de duplas, com pilotos convidados dividindo o carro e fazendo a troca na hora dos pit stops. Uma corrida que já teve grandes atrações, grandes duplas, como em 2014, em Goiânia, com uma grande invasão de pilotos estrangeiros das mais diversas categorias espalhadas pelo mundo. Possivelmente, na intenção de reeditar aquela que, para mim que assisti pela televisão a estas provas, a VICAR estabeleceu um regulamento que de certa forma forçou as equipes da categoria – pelo menos as mais fortes e, consequentemente, mais abastadas – a ter que buscar nas principais categorias do automobilismo internacional os companheiros dos seus pilotos. O regulamento determinou que os pilotos que terminaram a temporada passada entre os 15 primeiros busquem convidados oriundos de categorias internacionais, podendo estes serem brasileiros ou não, eliminando para estes pilotos mais bem classificados no ano passado a possibilidade de contar com um piloto que tenha participado de uma temporada completa da Stock Car ou do Brasileiro de Turismo (que neste ano recebe novamente o nome de “Stock Light”) após 2010 ou que tenha disputado mais de seis provas da categoria principal ou de acesso entre 2011 e 2017. Para as equipes que tem entre os seus pilotos em 2018, algum ou todos classificados a partir da 16ª posição em 2017, estes poderão, excepcionalmente, contar com convidados que correram entre 2011 e 2017 no Brasileiro de Turismo, desde que não tenham corrido na categoria principal no mesmo período. Não preciso dizer que houve protestos, tanto por parte de pilotos como por parte de uma parte da imprensa. A VICAR determinou também que as equipes devem apresentar os respectivos pilotos convidados de cada um dos seus pilotos até o prazo limite de 30 dias para a prova, ou seja, na próxima segunda feira-feira! Sim, uma vez que os treinos para a corrida começam no dia 7 de março e fevereiro tem apenas 28 dias, esta determinação, somada às limitações de elegibilidade dos pilotos que estão fora da categoria colocando todas as equipes contra a parede e numa corrida contra o relógio. Como cronista, não cabe a mim julgar se este regulamento está correto ou não, principalmente por ter o mesmo sido discutido e aprovado pela promotora do evento, a VICAR, e pela Anesc (Associação Nacional das Equipes da Stock Car). Da mesma maneira que não acredito que esta reunião tenha ocorrido nesta semana ou na semana passada. O que derruba o argumento do parágrafo anterior de que as equipes estariam com um prazo exíguo para definir seus convidados. Contudo, não duvido que este prazo seja estendido por toda a próxima semana. É bom lembrar que, uma semana após a etapa da Stock Car em Interlagos, vai ser disputada em Punta Del Este, no Uruguai, uma das etapas da Fórmula E, aquela que deveria ser no complexo Anhembi-Sambódromo, em São Paulo. Com a flexibilidade do calendário da categoria de Alejandro Agag (A corrida anterior é no México, no dia 3 de março), não seria – teoricamente – difícil fazer com que pilotos dos monopostos movidos à bateria viessem fazer parte da abertura do campeonato da VICAR. Além do brasileiro Lucas Di Grassi, que correu em 2014 ao lado de Thiago Camilo, porque não podemos ter Sam Bird, Felix Rosenqvist, José Maria Lopez, Nicolas Prost, Sebastién Buemi Edoardo Mortara, Kamui Kobayashi, Antônio Felix da Costa, Andre Loterer, além de pilotos que fizeram testes em Marrakesh, como Pietro Fittipaldi, Nico Müller e Paul di Resta? Além destes temos Bruno Senna, Fernando Rees, Helio Castroneves, Oswaldo Negri Jr... Como negócio a VICAR está totalmente certa em criar meios para estimular a vinda destes e outros pilotos de categorias como o WTCR (antigo WTCC), IMSA, WEC, Blancpain GT, BTCC inglesa, o V8 Supercars da Austrália, os campeonatos japoneses de GT e Fórmula e mesmo a Super TC 2000 da vizinha Argentina. A corrida vai ser transmitida pelo sinal de TV aberto da emissora que detém os direitos de transmissão da categoria e fazer disso o maior evento possível é função do promotor. A edição de 2015, quando o país mergulhou em mais um dos seus abismos econômicos, associado aos anos de dinheiro à míngua entre a Copa do Mundo e as Olimpíadas foi praticamente aquilo que a VICAR parece ter tentado evitar que se repetisse. Primeiro, com a pequena vinda de pilotos que corriam fora do Brasil – estrangeiros ou não – deixando a corrida como um evento de pilotos e ex-pilotos da categoria. É importante reforçar que a VICAR não se mostrou intransigente com relação à regra, deixando uma possibilidade para que equipes que tenham interesse em ‘pilotos convidados’, que não se enquadram nas diretrizes apresentadas acima, deverão consultá-los para verificar a possibilidade de uma aprovação. Também é importante lembrar que, uma vez tendo sido acordado o regulamento com a Associação das Equipes, “aquilo que é acordado não sai caro”. E, por fim, o espetáculo tem que ser o melhor possível para o público. Um abraço e até a próxima, Fernando Paiva
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