Caros amigos (olha eu usando a chamada dos outros mais uma vez), esta semana esqueçam a elegância da chefia e tentem lidar com a truculência do Ogro aqui. Afinal, vai ser uma “overdose de Paulo ‘Shrek’ Alencar” nesta semana que começou com a coluna Rotações por Minuto do domingo passado, passando agora pela coluna do ‘General’ Fernando e voltando a escrever no domingo que vem. A chefia, como todo mundo é claro, tem que ter direito a uma folga, mas acho que o homem manda muito mais do que eu imaginava. Vocês leram a coluna da semana passada? Ele deu um aperto geral no pessoal da Williams e olha o resultado... a equipe veio esta semana confirmar que teremos um russo novo no grid... ô terrinha pra gostar de enterrar dinheiro em piloto meia boca... fala sério. Se gente parar pra analisar, a Williams tem potencial pra acertar a mão em 2018 no projeto do carro. Primeiro, se livrou do Jason Somerville, que junto com Edward Wood projetaram os últimos carros da equipe e que, todos vimos, eram bem problemáticos. No final de 2016 contrataram o sul africano Dirk de Beer, que era chefe de aerodinâmica da Ferrari que construiu o carro do ano passado. Ele chefiou o projeto deste ano. O chefão geral é o Paddy Lowe, que veio da Mercedes, e em maio passado veio Antonio Spagnolo, que foi chefe do grupo de desempenho dos pneus da Ferrari. Se com essa retaguarda a coisa não for pra frente, melhor fechar a bodega. O problema agora é ver se aquela “peça” que fica entre o volante e o banco vai conseguir ajudar. Depois de muita enrolação, a equipe finalmente confirmou aquilo que todo mundo já estava esperando: a equipe inglesa confirmou a contratação do russo Sergey Sirotkin, de 22 anos, para a vaga de companheiro de equipe do canadense Lance Stroll. Da mesma forma que o canadense conta com um sólido suporte financeiro, provido por seu pai, Lawrence, Sirotkin chega à Williams com um forte apoio do banco russo SMP dos irmãos Boris e Arkady Rotenberg, amigos próximos do presidente Vladimir Putin. Os banqueiros vão colocar na equipe 15 milhões de Euros, o que dá pra pagar os motores a serem utilizados na temporada. Pois é, e todo o “carnaval” feito em torno do polonês Robert Kubica acabou em cinzas... bem, mais ou menos. Ele vai continuar com contrato na equipe, mas como “piloto de desenvolvimento”, aquele cara que fica no simulador e aparece nos boxes nas transmissões com um sorriso amarelo. Até onde vai funcionar este esquema de que ele vai, sem ir pra pista, sem disputar corrida, ter um papel importante no desenvolvimento do carro... sejamos sinceros: o novo russo da F1 não foi lá nenhuma “estrela” das categorias de base. Mas o Kubica não tinha assinado pra ser o piloto da equipe neste ano? Não estava “tudo certo”? O problema estava nos detalhes que não são bem esclarecidos para os público. Em 2011 o polonês sofreu grave acidente em um Rally e sofreu sequelas pesadas em seu braço direito. Kubica fez muito trabalho de recuperação para minimizar os danos sofridos, chegou a correr em carros adaptados, mas daí a encarar um carro com a complexidade de um F1 era algo complicado. Correr com carros adaptados não é novidade. Alessandro Nanini, depois do acidente de helicóptero que decepou seu braço, reimplantado em seguida, fez um trabalho de recuperação como Kubica e chegou a disputar o WTCC com uma Alfa Romeo adaptada. Contudo, Nanini nunca se aventurou a tentar retornar para a F1. Kubica teve de usar um volante completamente adaptado em seu Williams, com a maioria dos comandos acionados no lado direito do volante, onde o polonês tem a mobilidade comprometida, jogados para o esquerdo. Inclusive o acionamento da embreagem e do câmbio. Ele usou uma mesma alavanca passar as marchas com movimentos opostos. Foram dois testes com o carro de 2014, a portas fechadas, em Silverstone e Hungaroring, em outubro. No fim de novembro, Kubica andou com o carro de 2017 da equipe inglesa após o GP de Abu Dhabi no Circuito da Yas Marina. Apesar de todo o “segredo” em torno do cronômetro, ficou evidente que o desempenho ficou abaixo do esperado. Alguns detalhes não oficialmente divulgados relataram que Kubica teve muita dificuldade para lidar com os pneus fabricados pela Pirelli. Mas, mesmo assim a equipe lutou por ele junto à FIA. A Federação Internacional de Automobilismo (FIA) soube das reclamações, mas ainda assim aprovou Kubica nos testes médicos e deu o aval necessário para o retorno. O contrato de Kubica tinha umas cláusulas que poderiam tirá-lo do carro por desempenho e isso foi feito pela Williams. Talvez o que tenha salvo a permanência do polonês tenha sido o fato dele ter mais de 25 anos, uma cláusula do contrato da equipe com seu patrocinador principal, a Martini. Com os seus pilotos com 19 (Stroll) e 22 (Sirotkin) anos, respectivamente, eles não poderiam fazer as peças publicitárias da marca de bebidas. Bem que eu gostaria de ver um comercial do Massa tomando um Martini, de smoking, no estilo James Bond... e o Kubica fazendo isso? Contenham os risos... contenham os risos. A torcida fica por um acerto do pessoal da engenharia (o que não ocorre há três anos) para produzir um bom carro em que o motor Mercedes seja um “algo a mais” e não uma “muleta” para evitar que a Williams ande no fundo do pelotão, apesar dos pilotos que, tecnicamente, não transmitem segurança aos olhos de quem vê a categoria. Semana que vem o Fernando está de volta. Felicidades e velocidade, Paulo Alencar |