Será que o destino do automobilismo brasileiro é a volta ao passado? Essa pergunta tem latejado na minha cabeça há alguns meses. Os motivos são duas categorias criadas no recém-encerrado ano de 2017 nesta terra tupiniquim. A primeira, já consolidada no esporte nacional, é a Old Stock Race, que reúne alguns veteranos das pistas que estavam parados, outros não, mas que curtem a adrenalina nas veias e, principalmente, acelerar algo que tenha motor. A Old Stock tem importantes nomes que passaram pela categoria nas décadas de 70 (teve início em 22 de abril de 1979), 80 e 90. Ano passado foram corridas somente no tradicionalíssimo Autódromo de Interlagos. Já nesta temporada existe uma prova em Tarumã, que, dizem, será junto com a Stock Car, que ainda não divulgou oficialmente (pelo menos não vi nada) seu calendário oficial. A Old Stock, que é uma categoria regional, como consta no projeto inicial, passa a ser brasileira, pois basta uma prova fora do Estado para isso ser assegurado. Curiosamente, repete a Stock, que na temporada de 1988 fez dez provas: nove em Interlagos e uma em Jacarepaguá. Com certeza o público da Stock Car vai gostar de ver nas pistas os Opalões antigos com seus pilotos experientes promovendo pegas sem o Push To Pass e sem toda a tecnologia envolvida nos carros atuais. Não que isso seja um problema. É somente o tempo que passa, o mundo evolui e dá lugar à saudade. Outra que ainda está embrionária, apesar de ter mantido muita conversa, particular e num grupo de Whatsapp, é a Old Truck Racing, sobre quem já falei há algum tempo. Esta categoria pretende reunir, já a partir deste ano, pilotos e caminhões antigos e levá-los de volta para as pistas. Vamos ver se alguém os ajudará a levar adiante o projeto. E aí volto à velha e batida tecla da atuação da CBA. A "Old Stock" já é uma realidade. Vem aí a "Old Truck"? Veremos no decorrer deste ano. A ideia original do grupo que comanda é realizar seis provas e dar o nome de Campeonato Paranaense. Eles pretendem dar a largada em março ou abril, com duas etapas em Curitiba, duas em Cascavel e duas em Londrina. Para correr será preciso, para os que não possuem ter uma carteira especial para guiar os brutos antigos das marcas FNM, Volvo, Mercedes, Scania, quase todos da década de 60. Para esclarecer, os pilotos que têm a Carteira B emitida pela CBA terão de fazer um curso especial para caminhões organizado pela Federação Paranaense (aí está uma amostra de trabalho feito por uma federação e que objetiva facilitar a vida dos pilotos e equipes). Existe até uma conversa que os que possuem a Carteira A e nunca pilotaram caminhões enfrentarão dificuldades para correr na Copa Truck. É esperar para ver. Quem mais tem (ou deveria ter) mais interesse em ver o automobilismo brasileiro ter mais pilotos nas pistas e mais torcedores nas arquibancadas do que a própria Confederação Brasileira de Automobilismo? Vale destacar que suas filiadas, as federações estaduais, também têm culpa no cartório, pois até mesmo aquelas que não possuem pista de corrida (e são inúmeras), mantêm seus representantes com cargos na CBA. Por isso, de uma maneira ou de outra, deveriam trabalhar. Mas... Será que neste ano teremos mesmo duas categorias de veteranos nas pistas? Uma está garantida e seria muito bom termos a segunda, pois existem muitos amantes dos caminhões espalhados pelo Brasil. Foi isso o que constatei nos dois anos trabalhando na Fórmula Truck. Milton Alves
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