A conjunção coordenativa adversativa (aí lembrei meus tempos de escola nas aulas de Português e Gramática), mas sempre está presente quando se deve fazer uma análise ou previsão sobre seja lá o que for. Isso quando se tem seriedade no que faz, claro. Existem profetas de final de semana que mudam de opinião descaradamente e este não é o meu caso. Por isso sapeco o “mas”. Tudo para falar sobre a decisão da Stock Car, marcada para este final de semana no Templo do Automobilismo brasileiro, a pista de Interlagos que encabeça as discussões sobre o esporte a motor no Brasil devido às propostas de privatização do autódromo que geram muita (e bota muita) controvérsia. Voltemos ao assunto da coluna desta semana. A briga está polarizada entre Daniel Serra e Thiago Camilo. Por justiça, o campeão deveria ser Thiago. Explico: a palavra justiça, que não se enquadra em praticamente nenhum esporte, muito menos o automobilismo. Thiago tem mais tempo do que Daniel na categoria, já bateu na trave várias vezes e mereceria ser campeão. Mereceria. Mas (olhe a palavrinha mágica aí) nesta temporada ninguém pode questionar a maior regularidade de Daniel Serra, que desembarca em Interlagos com 325 pontos contra 310 de Thiago. Uma vantagem mais do que expressiva e que pode fazê-lo (como com certeza fará) correr com o regulamento embaixo do braço. O filho do tricampeão Chico Serra precisa de um quarto lugar, isso se o adversário direto vencer pela sexta vez nos 4.314 metros (com a chicane na Curva do Café) da pista paulistana. Daniel Serra é o favorito, mas não se pode descartar as possibilidades de Thiago Camilo. Tudo bem que essas contas valem até a hora em que os pilotos se transformam do doutor Jekyll no mister Hide, personagens da obra O Médico e o Monstro. Para isso basta eles colocarem o capacete. Aquela pessoa tranquila e de voz pausada (Jekyll), se transforma num ser disposto a quase tudo para garantir a vitória e vira o mister Hide. Aí tudo muda e a decisão realmente começará a acontecer. Além do mais um carro da Stock Car tem cerca de cinco mil peças que podem apresentar problema. Nesse quesito entra a competência das equipes e ambas são mais do que boas para evitar, ou pelo menos tentar, que os carros apresentem problema. O restante estará restrito à capacidade dos dois pilotos de escapar de naturais confusões, pois os outros 28, 30, não pensam em outra coisa a não ser encerrar a temporada com vitória para manter ou ampliar o número da patrocinadores. Além, é claro, de vencer justamente em Interlagos, um privilégio para qualquer um. Milton Alves
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