Caros Amigos, vou me apropriar – temporariamente – da seara da nossa excelente colunista, a Psicóloga Catarina Soares, a quem parabenizei em particular e faço agora de público pelo brilhante trabalho no final de semana das 500 Milhas de Indianápolis, junto com a não menos excelente colunista, a Engenheira Maria da Graça. Para tudo na vida há seu tempo. Estas palavras são muito mais antigas do que se pode imaginar, caros leitores. Desde a Bíblia (Livro do Eclesiastes) tal colocação já era feita. Faz parte dos ciclos que a vida, a passagem do ser humano e mesmo de qualquer ser vivente tem na face da terra. Ciclos vem, ciclos são vividos, ciclos ficam para trás. De forma relativamente surpreendente, Dale Earnhardt Jr. vai deixar as pistas ao final da temporada 2017 da NASCAR, quando estará completando sua 19ª temporada. Por meio de um comunicado de imprensa da equipe Hendrick, que reúne os jornalistas ainda hoje para maiores detalhes da aposentadoria do veterano e do possível substituto. Para os padrões da NASCAR, Dale Earnhardt Jr. não é um piloto “velho”. Aos 42 anos, com 26 vitórias no currículo o “Junior” não só é um dos pilotos mais vencedores da categoria neste século, mas junto com isso também teve ao longo dos últimos anos o “título de mais querido” entre os pilotos da categoria, mesmo sem nunca ter conquistado nenhum título da categoria principal da NASCAR, sem repetir as conquistas da categoria de acesso dos anos de 1998 e 1999. Dale Earnhardt Jr. “herdou” o amor, carinho e devoção que o público gigantesco de fãs que a categoria possui depois da morte de seu pai em Daytona, 2001, em um acidente que, pela transmissão da TV e diante dos impressionantes acidentes que costumamos ver praticamente todas as semanas, não pareceu tão grave. O próprio Dale Pai sofreu acidentes muito pilres, como em Talladega, 1996, e saiu andando do carro. Junto com este amor, carinho e devoção, a torcida por um título do “filho da lenda”, como o herdeiro era chamado. O título não veio. Vieram frustrações, disputas em família e Dale Earnhardt Jr. foi correr em outra equipe, a Hendrick, onde corre “outra lenda”, Jimmie Johnson. Os anos passaram, chances de conquistar o título igualmente e, no ano passado, Dale Earnhardt Jr. sofreu um acidente que o afastou de praticamente metade da temporada. Voltando apenas este ano. Passado cerca de um terço da temporada, o anúncio da aposentadoria de Dale Earnhardt Jr. entristeceu uma grande massa de fãs do automobilismo norte americano e deixará uma lacuna na categoria. Dale Jr. não vem fazendo uma boa temporada e seu rendimento pode estar apontando para sequelas do acidente sofrido no ano passado. Sobre duas rodas, as duas últimas corridas da MotoGP, na sua categoria principal, mostra uma luta intensa por parte de um dos maiores pilotos da história do motociclismo em todos os tempos (Valentino Rossi), que com unhas, dentes e uma técnica fora do normal vem lutando há alguns anos para se manter entre os principais pilotos da motovelocidade mundial. As duas últimas corridas da categoria foram um retrato fiel daquele piloto que está fazendo tudo que pode ao seu alcance – e indo além desse, por vezes – para se manter competitivo contra uma nova geração que cresceu correndo atrás dele pelo paddock atrás de fotos e autógrafos quando ainda eram crianças e/ou adolescentes e começavam a acelerar nos campeonatos locais de seus países. Valentino Rossi é um apaixonado pelo que faz, ao ponto de, entre uma prova e outra da MotoGP, participar de corridas de MotoCross. Inclusive, entre a corrida de Le Mans, onde caiu na última volta, tentando recuperar a liderança perdida para seu companheiro de equipe, Maverick Viñales, 16 anos mais jovem que ele, e a etapa corrida em Mugello no último domingo, sofreu um acidente em um treino, chegando a ser hospitalizado. Quem assiste as etapas do mundial de motovelocidade está acostumado a ver, há mais de uma década, um mar de fãs apaixonados lotando os autódromos com dezenas de milhares de adoradores do fenômeno Valentino Rossi. Quem escreve uma história com letras tão maiúsculas como a escrita pelo italiano, como vai conseguir se conformar com sua cada vez mais constante ausência do pódio? Revendo dois episódios da Fórmula 1, apenas para ilustrar, quem viu o brilhante “Mister Mônaco”, Graham Hill, bicampeão mundial da categoria, arrastando-se no fundo do pelotão nos anos 70 até deixar o cockpit em 1975, poucas semanas antes do acidente aéreo que tirou a sua vida foi deprimente para os que viram o elegante piloto inglês voando com sua BRM e com a Lotus também. Mais recentemente este sentimento foi vivido pelos fãs de Michael Schumacher, pulverizador de marcas, recordes, estatísticas e heptacampeão mundial da categoria, “tomando tempo” por três anos seguidos de um piloto que, bem, venceu um campeonato “estranho” como o do ano passado e mais estranhamente retirou-se das competições. Talvez seja hora, antes de até mesmo algo ruim acontecer, que Valentino Rossi preservasse seu corpo, sua mente e sua brilhante história na motovelocidade e encerrasse a carreira profissional ao fim desta temporada. Um abraço e até a próxima, Fernando Paiva
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