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O desafio aos promotores PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 21 September 2016 23:59

Caros Amigos, ao longo destas últimas semanas onde acompanhei o automobilismo em diversas categorias no Brasil e no exterior, um preocupante fato chamou minha atenção e talvez tenha chamado a atenção dos espectadores mais atentos: a quantidade de espaços vazios nas arquibancadas.

 

Em 2014 eu pedi para o nosso enviado até o autódromo de Cascavel, cidade do Paraná onde o automobilismo é, culturalmente, parte da vida da cidade e onde o autódromo sempre é tomado pelo público, fotografasse o público durante a corrida. Na época chamou-me a atenção a diminuição de público em relação às fotos tiradas dois anos antes, em 2012 para 2014.

 

Em 2014 também pedi que fossem feitas fotos das arquibancadas de Interlagos. Estas eu comparei com as fotos tiradas este ano, em 2016. Em ambos os casos, as categorias fotografadas foram a Fórmula Truck e a Stock Car, categorias de maior apelo popular do país. No caso de Interlagos, que conta com arquibancadas fixas permanentes, a medição acabou sendo mais precisa... e mais preocupante.

 

O público nas corridas aqui no Brasil está diminuindo e isso tem sido um fato que as assessorias de imprensa dos promotores das mesmas tem trabalhado duramente para negar, informando quantidades de pessoas que em alguns casos ultrapassam a surrealidade como foi no caso da última edição da Corrida do Milhão este ano.

 

Apesar de ser a corrida mais importante do ano, devido aos compromissos comerciais com a rede de televisão que transmite esta corrida não pelos seus canais por assinatura, mas no canal aberto, estabeleceu a corrida para ocorrer às 10:00 horas da manhã, como se fosse simples, fácil, o cidadão, o fã de automobilismo, deslocar-se até o autódromo, dirigir, estacionar ou usar transporte público para chegar lá antes da largada... tem que acordar que horas pra isso?.

 

A emissora tem um programa dominical de esporte que vai das 09:30 às 13:00 horas. Porque a largada não poderia ser dada às 11:45 horas, por exemplo? Fecharia o programa e não seria espremida pelas demais “atrações” do programa, fato que fez a emissora cortar a transmissão da festa do pódio do piloto Felipe Fraga, um flagrante desrespeito ao espectador de automobilismo.

 

Talvez, na mente do diretor executivo da VICAR, Mauricio Slaviero, “ruim com eles, pior sem eles”. Provavelmente, partindo desta premissa, a VICAR renovou o contrato de transmissão com a emissora por mais quatro anos com o canal de TV por assinatura e mais dois com o sinal de TV aberta. Com isso, pelo menos até 2018, continuaremos sendo obrigados a seguir as conveniências da emissora para a hora da transmissão das corridas.

 

A assessoria de imprensa da categoria, pessoas por quem tenho pessoalmente um grande apreço, divulgou um release, que muitos sites especializados divulgaram, com a informação de que mais de 41 mil expectadores estiveram presentes na Corrida do Milhão. As fotos tiradas das arquibancadas durante a corrida questionam seriamente este número. As três arquibancadas cobertas tinham 60% de sua lotação. A arquibancada de cimento, que vai do início da curva do café até o início da reta dos boxes, segundo nos revelou o nosso entrevistado, Washington Bezerra, que comporta 12 mil pessoas, estava cheia apenas até a metade ou pouco mais que isso.

 

Se somarmos os convidados dos HCs, talvez cheguemos a um público de 25 mil pessoas. Um público que poderia ser bem maior caso a corrida acontecesse em um horário mais conveniente para quem se desloca de sua casa até o autódromo. Contudo, o público presente na etapa da Fórmula Truck, um mês antes não foi muito maior, com um pequeno aumento na arquibancada de cimento. Para lembrar, há pouco tempo atrás, a Truck ainda montava aquelas arquibancadas extras no “S” do Senna, por insuficiência de lugares fixos.

 

Ver espaços vazios nas corridas tem se tornado algo frequente. Nem a Fórmula 1 tem escapado disso, mas o que se viu na etapa final da Fórmula Indy foi deprimente... lastimável. O autódromo de Sonoma estava com suas arquibancadas completamente vazias. Era possível contar quantas pessoas haviam nas mesmas. É certo que era possível ver diversos trailers estacionados nos pontos de visão panorâmica, mas ainda assim, se colocarmos 20 pessoas por trailer, não tinha 10 mil pessoas assistindo a corrida que decidia o campeonato.

 

As etapas nas Américas do Mundial de Endurance também levaram um público bastante inferior a capacidade das arquibancadas. No México, o “estádio” que fizeram no lugar da curva peraltada tinha 30%, se muito, da sua ocupação. Mesmo com toda empolgação que os mexicanos tem.

 

O fato é que os promotores tem que encontrar uma solução para esta equação. Um autódromo vazio é negativo para os patrocinadores, mesmo aqueles que expõem suas marcas para aparecer na televisão. Arquibancada vazia é sinônimo de pouca popularidade. Se for mesmo isso, investir pra quê?

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva