Caros amigos, neste período de muita olimpíada e pouca corrida, um dos poucos assuntos que me chamou atenção foi a declaração de Felipe Massa, que cumpre seu terceiro e último (caso não seja renovado) ano de contrato com a equipe inglesa onde afirmou não estar interessado em continuar na Fórmula 1 apenas para estar lá, mas apenas se ainda tiver chance de ser importante para a sua equipe. Esta está sendo a 14ª temporada do brasileiro na categoria (seria a 15ª, mas em 2003, Felipe perdeu seu lugar na Sauber, ficando como piloto reserva dos alemães Nick Heidfeld e Heinz-Harald Frentzen), que passou 12 de seus 15 anos de carreira na categoria ligado à Ferrari, onde certamente aprendeu muito e tornou-se um piloto valioso como conhecedor de projetos e desenvolvimento. Nos seus três anos de Williams, o primeiro foi praticamente uma lua de mel, que por pouco não terminou em um final de semana perfeito, com o segundo lugar na corrida de encerramento da temporada que poderia ter sido uma vitória, uma vez que a Williams conseguiu andar, de forma incrível, no mesmo ritmo da Mercedes de Lewis Hamilton. O problema começou no ano seguinte, com a visível perda de terreno da Williams em relação à Mercedes e com a aproximação das outras equipes, apesar da equipe inglesa contar com os melhores motores da categoria... e aí foi com este detalhe que o brasileiro acabou falando mais do que devia (ou o que não devia), afirmando que os motores que a Williams recebia não eram iguais aos motores da Mercedes, o que causou uma grande celeuma entre as partes envolvidas. Se no ano passado as coisas não foram tão boas, este ano estão sendo terríveis. A Williams perdeu a mão na concepção do carro e os carros brancos com faixas vermelhas e azuis deixaram de frequentar as primeiras filas do grid de partida e nem mesmo o poderoso motor alemão tem conseguido fazer a diferença, com a Williams andando atrás de Ferrari, Red Bull e mesmo da Force Índia, que também usa motores Mercedes. Sendo bem realista, se a Williams tivesse a sólida intenção de continuar com Felipe Massa, já o teria feito como outras equipes grandes que já definiram suas duplas para o ano que vem, um ano importante porque será um ano de grandes mudanças no regulamento, com carros bem diferentes, pneus maiores e um piloto com uma milhagem como a de Felipa Massa deveria ser algo cobiçado. Contudo, a Williams “deixou de ser uma equipe grande” há muito tempo. Além das “derrapadas” cometidas pela equipe inglesa nestes últimos dois anos, Felipe tem andado atrás do seu companheiro de equipe desde o primeiro ano de contrato e se isso não estiver pesando numa possível decisão de trocar seu piloto experiente por um outro e o inglês Jenson Button está em vias de estar disponível para trocar de equipe e Button tem algo que Massa não tem... e não é da nacionalidade que estou falando, mas de um título mundial conquistado brilhantemente e com um grande companheiro de equipe para ameaçá-lo. Há algumas semanas tem se falado na Renault como uma possibilidade para Felipe continuar correndo na Fórmula 1 com um mínimo de dignidade, desde que a equipe francesa, que retornou neste ano ao grid como equipe, recomprando a Genii, mas que não tem mostrado, neste primeiro ano, ter um carro ou um projeto em condições de competir sequer no pelotão intermediário, andando à frente apenas da pequena Manos e da descapitalizada Sauber. A minha pergunta é: mesmo que tivesse todas as promessas do mundo de um grande projeto, de um investimento maciço, depois de 15 anos de Fórmula 1, valeria a pena se expor a andar ainda mais atrás no pelotão? Dinheiro o brasileiro não precisa mais. Ganhou bastante nos últimos anos, em particular nos anos de Ferrari. Talvez seja justamente isso que tem passado na cabeça de Felipe Massa: sair da categoria com dignidade e que se respeite a história que ele escreveu na F1. Ninguém fica 15 por lá se não for muito bom! Um abraço e até a próxima, Fernando Paiva |