Caros amigos, na minha infância, quando ainda era seguro se brincar na rua, os meninos maiores costumavam fazer certas brincadeiras e jogos entre eles que despertavam o interesse dos mais novos. Contudo, nossas tentativas de participar eram sempre frustradas com a afirmação que aquilo não era “brincadeira para pirralhos”... ou, quando entrávamos, éramos massacrados pelo poderio deles. Não tive como não ver com estes olhos a forma como Tony Fernandes deixou o circo após anos lutando para fazer a sua Lotus, nome que lhe foi extirpado pela lei – nem sempre imparcial e correta – dos tribunais para ser dado a uma outra equipe numa briga que sempre me pareceu mais uma guerra local (entre ele e os também malaios da Proton, que são donos da marca comercial Lotus) do que um interesse da montadora em entrar na categoria, como acabou se revelando. A compra da Caterham Cars, que passou a dar o nome para a equipe na Fórmula 1 foi uma das formas como Tony Fernandes decolou em manter seu sonho vivo de dono de equipe de Fórmula 1. Empresário de sucesso, dono de um conglomerado que tem a companhia aérea AirAsia como principal negócio, Tony Fernandes entrou na F1 em 2010. Investiu pesado na montagem do time – como se faz necessário na F1 – mas os resultados na pista não vieram. O melhor foi um 11º lugar com Vitaly Petrov no GP do Brasil de 2012, numa prova com muitos abandonos. Ele também investiu no Mundial de Motovelocidade, com uma equipe na Moto2, na GP2 e em outras áreas do esporte, desde o kartismo. Montar do zero uma equipe de Fórmula 1 é muito mais que um desafio para um mega empresário de sucesso como é o caso de Tony Fernandes. Talvez apenas Bernie Ecclestone o veja como um fracassado, uma vez que não conseguiu levar a cabo o crescimento de sua equipe na Fórmula 1 e permaneceu, com o rótulo de “nanica” durante estas quatro temporadas e meia sob seu comando. Eu atrevo-me a chamar de falta de visão a atitude de Bernie Ecclestone em não querer dentro do circo da Fórmula 1 um empresário jovem (Fernandes completou 50 anos este ano), dinâmico e arrojado, dono uma empresa aérea e um time de futebol na caríssima liga inglesa – o Queens Park Rangers. E foi justamente quando o ‘circo’ passou pela Inglaterra que foi feito o anúncio da venda da Caterham para “um consórcio de investidores da Suíça e do Oriente Médio”. O nome da equipe permanece o mesmo, por enquanto. Não há ainda uma definição neste sentido. A sede também continua em Leafield, na Inglaterra. Contudo, se em outros negócios Tony Fernandes tinha sucesso, na F1 ele estava na caixa de brita. Uma questão judicial promete manter o nome de Tony Fernandes preso à categoria por conta de empregados que foram demitidos e que estavam com salários atrasados. Os novos donos alegam que as dívidas são responsabilidade de Tony Fernandes. Os 38 empregados alegam que foram demissões ilegais e que não foram pagos seus atrasados. Quando vejo essas coisas, não posso deixar de pensar se o Gene Haas e o Ion Bazac, donos das equipes que pretendem entrar na categoria em 2016 tem ideia do que realmente vão enfrentar pela frente. Não apenas em termos de desafio tecnológico e financeiro, mas também Em lidar com gente como Bernie Ecclestone. Não é brincadeira para “pirralhos”... e além do Tony Fernandes, outros estão apanhando também. Enquanto isso, no Balcão do Cafezinho... A rádio Paddock – aquela que fala mais do que sabe ou do que deve – anda tocando seus “hits” no mais alto volume. Depois que o circo voltou das férias de verão, então... nem se fala! E som ainda fica turbinado quando há declarações oficiais em meio as especulações. Por exemplo, a McLaren já deixou claro que deseja um “Piloto Campeão” em 2015, início da parceria com a Honda. Alias – e aí entra a parte não oficial da coisa – estaria ela, a fabricante japonesa por atrás (e com a mala de dinheiro) do desejo por este nome, isso também porque vai investir alto também como patrocinadora da equipe. Este tipo de coisa não é novidade por parte deles. Em 1985, foram atrás do Nelson Piquet para o projeto na Williams e em 1988, quando levaram Ayrton Senna para a McLaren, ficaram com os 3 melhores pilotos da época usando os seus motores. O “nome da vez” seria o do “Príncipe das Lamúrias”, o Fernando Alonso. Apesar da “Rádio” falar também do ‘Darth’ Vettel e do ‘Neguin’ Hamilton. A coisa é meio esquisita, em se tratando do ‘Lamúrias’. Ele foi pra McLaren em 2007 e, depois de apenas uma temporada, muitos conflitos, uma guerra interna com o ‘Neguin’ Hamilton que era “o filho de ouro da casa” e uma batida de frente com o dono da bodega, o carrancudo Ron Dennis, sua volta teria que ser totalmente “cacifada” pelos japas... mais ainda assim, tem um problema. Tanto ele quanto as outras duas alternativas tem contrato até o final de 2015. Contudo, os alemães da ‘Auto Motor und Sport’ afirmam que há uma brecha no contrato de Alonso com a Ferrari que libera o piloto antes do fim do acordo. Seria uma cláusula de performance da equipe, que caso o ‘espanhór’ como diz o Ciro estivesse estiver a 25 pontos ou mais do líder do campeonato até 1º de setembro, estaria livre dos compromissos com a equipe italiana, podendo negociar com outros times. Esta situação já aconteceu no passado e o empresário do piloto chegou a ir no motorhome da Red Bull tentar colocá-lo na vaga do Mark Webber. No momento, Alonso ocupa a quarta posição no Mundial de Pilotos e está a 99 pontos do ‘Paquito’ Rosberg, na classificação e com chances quase nulas de reduzir esta diferença. Daí tudo isso acontecer... tendo o Ron Dennis que engolir um sapo do tamanho da Penísula Ibérica... Enquanto os dirigentes fazem seus discursos, com o ‘Capo’ Ferrarista, Marco Mattiacci dizendo que o seu piloto não sai, o ‘Lamúrias’ se esquiva da confusão e dos microfones, não diz que sim nem que não e disse orgulho de ter o nome cogitado “pelas melhores equipes” do grid. Em entrevista à Sky Sports inglesa, afirmou não ter intenção de mudar, desejando vencer pela Ferrari e terminar o trabalho que começamos há alguns anos (seria um anúncio de aposentadoria após o 3º título?). Também reiterou não ter qualquer interesse em deixar a Ferrari e ir para outra equipe. Até aí, politicamente correto, esta semana o ‘Lamúrias’ mandou um “tijolaço” na mídia afirmando que seu empresário de início de carreira e amigo Flavio Briatore não deveria ficar longe da F1. Na visão dele, o ex-dirigente poderia contribuir bastante com o esporte, algo que o Bom Velhinho já andou descartando (em público). Contudo, como nunca sabemos o que se desenrola nos bastidores... Na contramão do que falou o piloto da Ferrari, Toto Wolff e Christian Horner disseram-se aliviados com “a volta à normalidade” da categoria com o Bom Velhinho – livre do xilindró na Alemanha – de volta ao comando da categoria, com todos os seus poderes reestabelecidos. Na visão do chefe da Red Bull, A F1 precisa dele neste momento. Há algumas questões que necessitam de soluções rápidas e eficientes que somente ele consegue resolver. O Diretor da Mercedes foi mais além, afirmando que Ecclestone deve voltar ainda mais forte, o que é muito bom para o futuro da F1 e que isso é o mais importante para manter a estabilidade na categoria. Se estabilidade quer dizer menos desafios, neste caso não se pode afirmar. O que ficou menos desafiadora foi a curva parabólica de Monza, que teve a sua área de escape asfaltada, para protesto de fãs e pilotos que viam no risco de se perder a corrida ali um algo a mais do circuito italiano. No sentido oposto daqueles que amam a competição, A FIA (Federação Internacional de Automobilismo) saiu em defesa das mudanças feitas na área de escape na curva Parabólica. Charlie Whiting saiu em defesa da mudança e afirmou que a troca de brita por asfalto foi um pedido dos próprios pilotos. Romain Grosjean avaliou que a remoção de parte da brita na Parabólica vai facilitar para que os pilotos encontrem o limite da pista, pois não haverá o medo de um grande acidente. Segundo o delegado de segurança da FIA, Cerca de 35% da brita foi substituída, não tudo, mas ter o Grosjean como referência é o fim da picada... se bem que podia ser pior. O que será que pensa o Maldonado? Se na pista há mudanças, nos boxes não haverá... pelo menos na Red Bull com relação aos seus motores. A ideia da Red Bull é desenvolver sua atual unidade de força ao lado da Renault, com um projeto para os próximos anos onde não apenas os taurinos, mas todas as outras equipes que utilizam motor Renault se beneficiem. Por outro lado, depois de todo mundo ficar sabendo que o motor da Ferrari foi subdimensionado a pedido do departamento de aerodinâmica, o ‘Capo’ Marco Mattiacci andou reclamando do congelamento dos motores e da impossibilidade de se fazer mudanças grandes para resolver seus problemas. Será que ele ainda não descobriu que seus problemas são bem maiores? Até o franceszinho do nariz torto, o Alain Prost, que agora é chefe de equipe na Fórmula E, veio falar do assunto. Para ele, a restrição não deveria ser tão dura, porque dessa forma aqueles que fazem tudo corretamente no início vão vencer para sempre e com o atual regulamento parece impossível melhorar os motores o bastante para gerar competitividade. Quem ainda não entrou na brincadeira, mas está correndo atrás é o americano Gene Haas, que vai estrear com sua equipe, agora chamada Haas Haas F1 Team. Nesta semana ele informou que a Ferrari será sua parceira técnica na estreia em 2016. A nova equipe da F1, baseada em Kannapolis, no estado americano da Carolina do Norte, receberá da construtora italiana a unidade de força, caixa de câmbio e suporte técnico com outros componentes. A Ferrari também vai ser parceira da “Forza Rossa”, equipe romena que será comandada por Ion Bazac, ex-ministro da Saúde da Romênia e dono da principal concessionária da Ferrari. Sinceramente, não sei se este pessoal sabe o tamanho da encrenca em que estão se metendo... eles deviam conversar com o Tony Fernandes. Enquanto isso, nas hostes prateadas da Mercedes, a guerra continua. A equipe enviou um comunicado sobre os desdobramentos da reunião do dia 29 onde lavou-se mais um cesto de roupa suja. No texto, deixam claro que não haverá de ordens de equipe para limitar a ação de seus pilotos e que os dois permanecem livres para disputar o título deste ano na F1, mantendo, portanto, a política de igualdade de condições pregada pela escuderia desde o início do ano. A Mercedes, entretanto, também esclareceu que um novo incidente “não será tolerado”... aham, sei. A Mercedes ainda afirmou que Rosberg assumiu a responsabilidade pelo toque e pediu desculpas pelo episódio todo. O documento informou também que o time tomou “medidas disciplinares” com relação ao comportamento de Nico, mas não especificou que tipo ação foi realmente tomada contra o piloto. Vazou na imprensa que teria sido uma multa, mas o valor não foi apurado. Time campeão também tem seu dia de choro... O diretor-executivo da Mercedes, Toto Wolff, admitiu que a construtora alemã tentou assinar um contrato com Max Verstappen para trabalhar em seu desenvolvimento antes do holandês acertar com o programa de base da Red Bull. O austríaco admitiu que o programa de jovens pilotos da Mercedes até existe, mas não é tão organizado como o da marca de energéticos. A conversa com Max e seu pai, o ex-piloto Jos Verstappen, sobre a possibilidade de fazer parte da transição do holandês da F3 Europeia para a GP2, onde trabalharia, com o suporte da Mercedes, em seu desenvolvimento, existiu, mas a proposta da Red Bull foi considerada melhor, o que nos leva a pensar: será que foi mesmo? Olha o que está escrito na coluna da semana passada... E é com outro assunto da semana passada que passamos a régua no cafezinho desta semana. O piloto ‘carioca’ Helio ‘Vasco’ Neves sagrou-se tetra-vice campeão da Fórmula Indy depois de cometer um erro grotesco na entrada para o último pit stop. Punido com um ‘Drive Through’, ficou fora da disputa e não teve a chance de se beneficiar dos problemas enfrentados por Will Power na parte final da prova. E ele estava indo tão bem... Um abraço e até a próxima, Fernando Paiva |