Caros amigos, o texto da minha coluna de hoje não vai falar de nenhuma categoria do automobilismo mundial ou nacional. Não vai falar de nenhum dirigente, promotor ou autoridade, mas falará do pior presente que nós, que acompanhamos automobilismo no Brasil poderíamos receber. Um dos melhores veículos de mídia eletrônica especializado em automobilismo vai encerrar suas atividades no final do ano. É o anticlímax de natal, como se, ao invés de ganharmos, nos fosse tirado um presente... e aquele presente favorito. Foi pelo nosso editor chefe que recebi o seguinte texto: “Esse é o texto que realmente não queríamos escrever. E, se alguns de vocês não vão gostar de notícia, podem ter certeza que para nós é duas vezes pior. Bem, vamos lá: dói quase fisicamente dizer isso, mas, em 31 de dezembro, o Tazio verá a bandeira quadriculada e encerrará suas atividades. Foi uma decisão dura. O Tazio vivia um grande momento, com audiência triplicada nos últimos dois anos e chegando a patamares da época em que Felipe Massa e Rubens Barrichello conquistavam vitórias e disputavam títulos na F1. Nesse período de recuperação, medidores colocavam o Tazio constantemente como o site de automobilismo de maior audiência do Brasil. Considerando o cenário atual do Brasil no automobilismo, é uma façanha e tanto. O problema é que audiência não é tudo. O mercado não dá sinais positivos, e capitalizar em torno do automobilismo anda difícil. Com isso, a F451, grupo que controla o Tazio, decidiu fechar seu departamento automotivo, que inclui ainda o grande Jalopnik (cujo encerramento foi anunciado no último dia 9), para se dedicar com mais afinco às áreas que estão diretamente ligada à origem da empresa em tecnologia e esporte. Não pensem que a decisão se tomou apenas em uma canetada. Por trás do Tazio há várias pessoas que trabalharam durante anos nesse site. Foram seis anos de trabalho duro, plantões de madrugada, folgas cassadas, feriadões inexistentes, férias quebradas. Tudo para oferecer a vocês a informação mais rápida e precisa do que acontecia nas pistas pelo mundo. E todo esse trabalho era feito com paixão, porque só o amor ao automobilismo justificaria uma determinação que muitas vezes desafiava o bom senso”. Não posso, não consigo, mesmo nesta época em que se propaga que devemos ser mais amáveis, mais gentis, mais solidários, deixar de ficar revoltado e simplesmente não entender como funcionam – ou não – certas coisas neste país de 8 títulos mundiais de Fórmula 1 e outros 5 na Fórmula Indy onde um veículo de mídia, sério, prestigiado e respeitado, com mais de um milhão de seguidores, não consegue sobreviver. Nem falo de deixar seus sócios ricos, milionários... falo em sobrevivência! Em contrapartida a isso, sou obrigado a ver, ler, assistir que determinados blogs, dos mais variados e inusitados assuntos, indo do exotismo culinário às prostitutas arrependidas, faturando um volume quase inacreditável de cifrões que só me levam a crer que os políticos cariocas, como Cesar Maia e Eduardo Paes estão certos e nós, os amantes do automobilismo, estamos errados. Talvez só isso explique canais “iguais” na TV por assinatura, onde o mesmo proprietário tem este espaço nas grades das operadoras e uma programação “de produção nacional compartilhada” onde uma senhora quase senil e uma marionete são a atração principal, tendo a mesma empresa, fora do país, um canal de automobilismo que foi “extirpado” da grade de TV nacional. Não sei se felizmente – ou infelizmente – o site dos Nobres do Grid independe de um aporte financeiro por parte de grandes portais, patrocinadores ou mecenas bem intencionados e aventurados para financiá-lo, sendo um projeto de fundo praticamente filantrópico e onde todos os participantes são voluntários, com o pouco que arrecadamos com nossos dois anunciantes fixos, conseguimos sustentar o site, mas se tivéssemos que pagar algum colunista, estaríamos ferrados. Pior que isso, ao menos na minha opinião, nosso trabalho como mídia eletrônica não é respeitado nem valorizado mesmo pelo próprio seguimento. Um bom exemplo disso foi o que aconteceu conosco há menos de duas semanas. Uma famosa marca de produtos para o seguimento automobilístico (com macacões, luvas, sapatilhas e outros acessórios) entrou em contato conosco querendo fazer um contrato de exposição da marca deles em nosso site. Apresentei duas opções de tamanho de espaço, com apresentação em flash player e acesso direto para o site. Passamos um valor pelo espaço que não chegava ao custo de um cafezinho ou uma garrafinha de 500 ml de água por dia... nem sequer responderam! Assim fica difícil fazer automobilismo no Brasil. Seja correndo, seja onde correr, seja noticiando que está fazendo o que e aonde. Querem o quê? De graça? Ah, de graça todo mundo quer! Enquanto isso, no balcão do cafezinho... A nova regra, que determina pontuação dobrada na última etapa da temporada 2014 da F1 – o GP de Abu Dhabi – continua gerando muita polêmica. O homem que um dia já quis fazer um campeonato onde quem vencesse mais (e que os três primeiros colocados ganhassem medalhas no pódio), seria declarado campeão, independente da pontuação, o bom velhinho, afirmou que o Grupo de Estratégia da F1 ainda vai se reunir em janeiro e poderá recolocar a pontuação normal na prova de Yas Marina. A regra da pontuação dobrada gerou resistência dentro da própria F1. Sempre contido, Sebastian Vettel foi um dos maiores críticos da nova medida ao afirmar que isso desvalorizava o trabalho das equipes que foram constantes durante todo o ano. Luca di Montezemolo, presidente da Ferrari, lamentou o novo regulamento... mas justo ele, que tem o poder de veto, de acordo com o novo pacto da concórdia, não fez uso de seu poder! O francês Jean Todt, recém reeleito Presidente da FIA, a Federação Internacional de Automobilismo, questionou se o sistema de pontuação dobrada que será introduzido na próxima temporada não representa uma grande mudança na F1. Para ele, existem outras questões mais importantes, como os custos para a próxima temporada. Mas quem não acha que os pilotos, em peso, estão corretos em reclamar, atire a primeira porca! Outra questão que está gerando discussões antes dos carros de 2014 ficarem prontos é o peso mínimo. Este tem sido um dos grandes pontos na equação da performance a Ferrari tem deixado clara sua posição contrária ao aumento do peso mínimo dos carros. Apesar do aumento no peso dos carros de 642 para 690 Kg com a chegada do novo regulamento da categoria – com os motores V6 turbo de 1,6 L – a escuderia italiana disse que se trata de uma desculpa das equipes mais atrasadas no desenvolvimento, já que isso sempre foi um problema no campeonato. A Ferrari, por outro lado, é a favor de algumas mudanças. Segundo seu presidente, Luca di Montezemolo, uma novidade necessária é a criação de infográficos para a transmissão televisiva, que mostre como está o consumo de combustível dos carros e possa mostrar ao telespectador por que determinado piloto ficou mais lento de repente... jura que é por isso. Isso tiraria a “interrogação” na estratégia das equipes, como se fosse um jogo com cartas abertas. Bobinho, não? Ainda falando sobre Ferrari, a equipe já começou o “jogo político” para 2014 dentro do seu quebra-cabeças interno, com D. Fernando das Lamurias e Kimi “desceoutra” Raikkonen. Luca di Montezemolo voltou a elogiar o espanhol, dizendo que ele é melhor piloto que Michael Schumacher, que conquistou cinco títulos mundiais pilotando os carros vermelhos na F1, entre 1996 e 2006, afirmando que, em termos de velocidade pura, inteligência e comprometimento em não cometer erros, Fernando é o melhor piloto com quem já trabalhou. É, mas quem vai sentar primeiro no carro de 2014 é o Raikkonen! Explica isso? Outra “pedrada” vinda de Maranello foi a celebração da chegada de James Allison para ser o novo diretor-técnico da Ferrari. Montezemolo disse que a vinda do engenheiro, oriundo da ‘Nega Genii’ representa um divisor de águas na trajetória da equipe italiana, e que ele é o melhor a ocupar o cargo desde que Ross Brawn deixou o time de Maranello, em 2006. Pat Fry, que cumpriu a função entre 2010 e 2013, foi totalmente ignorado pelo dirigente italiano. O ano que vem vai ser divertido nas hostes vermelhas... preparemo-nos para boas risadas em 2014. Depois de escapar do primeiro risco de xilindró, o bom velhinho voltou a velha forma e resolveu “chutar o balde” com os americanos de New Jersey. Depois de a corrida entrar duas vezes no calendário da F1, mas ser cancelada devido à falta de dinheiro dos promotores, o “dono da bagaça” afirmou que agora espera algum novo grupo aparecer e tocar a prova adiante. O antigo sonho do octogenário, de ver os carros da F1 com os prédios de Manhattan ao fundo morreu mais uma vez nas mãos de Leo Hindery, o promotor do GP. Só que agora “o buraco é mais embaixo”, com o bom velhinho processando o americano. Bernie não só alega que houve desrespeito ao contrato, mas também não houve o pagamento combinado para colocar Nova Jersey no calendário da categoria. Por causa disso, o chefão da F1 agora está buscando novos interessados para fazer a etapa acontecer. Essa é a verdadeira face do homem! Outro rolo dos grandes com organização de corridas está acontecendo aqui no Brasil, entre a IMS e a Rede Bandeirantes. A administração da Indy entrou com uma ação judicial contra o Grupo Bandeirantes por conta do cancelamento da SP Indy 300, etapa brasileira da categoria realizada nas ruas do Parque do Anhembi, em São Paulo. O processo teve entrada no último dia 12 de dezembro, na Corte de Indiana. A acusação é a de quebra de contrato, uma vez que, inicialmente, previa a realização de sete corridas na capital paulista (de 2010 a 2016), tendo sido este prorrogado até 2019. O problema é que, em 2013, a emissora gastou o que tinha e o que não tinha pra fazer uma super produção na transmissão. Contabilizado o prejuízo, a Bandeirantes foi forçada a cancelar a prova de 2014 para reduzir os seus gastos. O Grupo Bandeirantes tentou encontrar um local alternativo, que não o Anhembi, para manter a corrida no calendário da Indy. Porto Alegre (RS) e Brasília chegaram a ser sondadas, mas não houve acordo. O Grupo Petrópolis, que patrocina Tony Kanaan através da marca de seu energético TNT, apresentou-se como parceiro do projeto, mas este não foi pra frente. A encrenca é tamanha que há o risco de a emissora não poder transmitir a temporada de 2014 para o Brasil. Falando coisas mais amenas, parece que alguns dos novos números para a temporada de 2014 da F1 já estão sendo definidos, apesar de que, a ordem de escolha vai ser pela classificação do campeonato. Contudo, é pouco provável que haja algum conflito. Enquanto o alemão Sebastian Vettel usará o número #1 (mas ele terá o direito de escolher um outro, antes de todos, para quando deixar de ser o campeão). Sérgio Perez pretende usar o #11, enquanto Fernando Alonso parece ter optado pelo #14, número com o qual teria ganho o mundial de kart em 1996. Felipe Massa pretende usar o #19, que usou desde o início no kart (preparem-se pra ver a ‘sapiência global’ dizer que é uma homenagem ao “maior de todos no passado, presente e futuro” por ter sido este o número de seu primeiro carro na 1. A “sacada” mais interessante, até o presente momento, é a do finlandês Valteri Bottas, que pretende usar o #77 para explorar o desenho do número com os dois T de seu sobrenome. Eu sempre termino o “cafezinho” com uma alfinetada ou um questionamento. Desta vez vai ser diferente. Quero pedir a todos que nos leem, independente de seus credos, que se unam a nós numa corrente de oração e pensamento positivo pelo nosso querido Nobre do Grid Emílio Zambello, que encontra-se hospitalizado. Um abraço, até a próxima e feliz ano novo para todos, Fernando Paiva |