Caros amigos, Jean Todt foi oficialmente reeleito para um segundo mandato de quatro anos como presidente da Federação Internacional de Automobilismo, após a assembleia geral anual da entidade em Paris, capital francesa. O dirigente está no cargo desde 2009, quando substituiu o britânico Max Mosley. Durante boa parte dos últimos meses, o presidente – agora reeleito – sofreu diversos questionamentos por parte de um “candidato de oposição”: o inglês David Ward, presidente da Fundação FIA, cargo para o qual foi nomeado por seu amigo e antecessor de Jean Todt, o ‘chicotinho’, como ele é chamado carinhosamente na nossa “redação”. Contudo, semanas antes do pleito, David Ward, apesar de não assumir ou declarar – jamais – tinha o típico perfil do “testa de ferro”, retirou sua candidatura, alegando impossibilidade de formar uma chapa de oposição. Retirou a candidatura, mas “continuou atirando”, primeiro, “alertando” para uma possível “farsa” no ato eleitoral que acontecerá no final do ano. O britânico afirmou que, quando Todt recebeu no passado mês de março o apoio de onze das doze federações automobilísticas da América Central, numa reunião em Montevidéu – apenas El Salvador não o fez – isso seria uma manobra política para inviabilizar uma campanha da oposição (mas na época, não havia nenhum sinal neste sentido). Para ser elegível para as eleições presidenciais da FIA em 2013, um candidato precisa propor um vice-presidente para cada uma das sete regiões, incluindo a América do Norte. Tendo a tal carta de apoio sido assinada por 11 dos 12 clubes e/ou federações do continente, restaria a Ward nomear o vice-presidente de sua chapa para região no país que não tem nenhuma projeção no cenário automobilístico internacional. O candidato de oposição afirmou que não pode esperar a mudança de posição de qualquer clube/federação, deixando de apoiar Todt, uma vez que poderá sofrer represálias. A fim de “tentar garantir a integridade das eleições”, Ward disse ter entrado com um pedido no Comitê de Ética para que a carta de apoio não seja reconhecida no processo eleitoreiro, uma vez que ela foi redigida seis meses antes do prazo onde as candidaturas e a campanha pelo cargo eram permitidas. Não foi Jean Todt quem criou o modelo, mas ele – e qualquer um que venha a ser eleito, só vai sair de fizer uma bobagem muito grande – caso de Max Mosley – não se recandidatar ou renunciar ao mandato. Afinal, para compor uma chapa de candidatura há que se “cooptar” um gigantesco efetivo de parceiros, costurar intermináveis acordos e – claro – tentar agradar o mundo inteiro, literalmente! Além do cargo de Presidente, a chapa tem que ser composta por um “presidente do senado” e dois “presidentes nomeados” para esporte e mobilidade, neste caso foram, respectivamente: Nicholas Craw (ACCUS, United States of America); Graham Stoker (MSA, United Kingdom); e Brian Gibbons (NZAA, New Zealand). Além destes, sete vice-presidentes regionais, onde o planeta foi dividido em sete regiões. Foram então eleitos: Nasser Khalifa Al-Atya (QMMF, Qatar) pelo Oriente Médio; Surinder Thatthi (MSA, South Africa) pela África; José Abed (OMDAI, Mexico) pela América do Norte; Hugo Mersan (TACPY, Paraguay) pela América do Sul; Morrie Chandler (Motor Sport NZ, New Zealand) pela Ásia e Oceania; e Michel Boeri (ACM, Mônaco) também Carlos Gracia Fuertes (RFEA, Spain) pela Europa, que tem dois representantes. Um outro órgão que é considerado muito importante na FIA é o Conselho Mundial para o Esporte a Motor, o World Motor Sport Council (WMSC). Para este conselho foram eleitos 14 membros aos quais se juntam os sete vice-presidentes e o “presidente nomeado”. São eles: Garry Connelly CAMS, Australia; Nicolas Deschaux FFSA, França; Zrinko Gregurek CCKF, Croacia; Yoshiki Hiyama JAF, Japão; Victor Kiryanov RAF, Russia; Vijay Mallya FMSCI, India; Radovan Novak ACCR, República Checa; Lars Österlind SBF, Suécia; Cleyton Pinteiro CBA, Brasil; Vincenzo Spano TACV, Venezuela; Angelo Sticchi Damiani ACI, Italia; Teng Lip Tan SMSA, Singapura; Hermann Tomczyk DMSB, Alemanha; e Heping Wan FASC, China. Só aí já temos 24 membros compondo a chapa candidata. Acontece que, além dos citados acima, ainda temos os membros do conselho de mobilidade e turismo, para o qual existem outros 17 membros. Se somarmos ainda os presidentes e vices de todas as comissões desportivas, teremos mais 42 eleitos, perfazendo um total de 83 pessoas. Não pelos reais motivos que ele não apresentou, David Ward tem uma certa razão em questionar o sistema! Para desgosto de muitas pessoas aqui no Brasil, o nosso ‘sorridente presidente’ da CBA, Cleyton Tadeu Correia Pinteiro foi eleito para o ‘Conselho Mundial para o Esporte a Motor’, “quebrando as pernas” do nosso amigo oráculo, Américo Teixeira Junior. A eleição do presidente da CBA para o Conselho encerra um período de cinco anos sem a presença de um presidente da nossa entidade na FIA. Com o término do mandato do então presidente Paulo Scaglione (último brasileiro eleito a fazer parte de um dos conselhos da FIA), no início de 2009, o Brasil perdeu esta posição visto que não se trata de um lugar reservado para a entidade brasileira, mas sim de eleição nominal e o presidente foi convidado a participar da eleição. Agora é esperar que ele possa contribuir efetivamente para que coisas positivas ocorram tanto a nível internacional como bons reflexos venham para o Brasil. Enquanto isso, no balcão do cafezinho... O preterido portuga, Antônio Felix da Costa ganhou um “prêmio de consolação”: ser o piloto reserva da Red Bull! Se bem que é algo – no mínimo – curioso que, para os testes com os pneus Pirelli, o escalado foi o Sebastien, Buemi! Parece que passaram a perna no portuga mais uma vez. Mas o patrício não vai ficar a pé: ele foi contratado pela BMW para disputar o DTM. Ele e Maxime Martin entram nas vagas que eram de Dirk Werner e Andy Priaulx. O segundo, que era uma verdadeira pedra no sapato de Augusto Farfus Jr. nos tempos de WTCC, está indo para a divisão dos Estados Unidos, para correr na nova United Sports Cars, enquanto Werner se dedicará a corridas de GT e endurance. Voltando ao portuga, ele impressionou o chefe da montadora bávara, Jens Marquadt, que destacou não apenas o sucesso obtido por ele nas categorias de base, mas também pela rápida adaptação ao carro, tendo participado de apenas um treino nesta semana. Ano que vem vamos ver o que o puto (é assim que chamam os rapazes em Portugal) vai fazer. E mais um Piquet começa a trilhar o caminho da F1. Pedrinho Piquet, meio-irmão de Nelsinho, vai fazer a sua estreia nos monopostos em 2014 competindo pela equipe M2 da Toyota Series, campeonato que acontece entre janeiro e fevereiro na Nova Zelândia, torneio que poderia perfeitamente ser aqui e que é uma excelente oportunidade para se adaptar o mais rápido possível aos carros de fórmula, uma vez que poderá disputar 15 corridas no período de apenas cinco semanas. Pedro foi um dos brasileiros de destaque em 2013 no kartismo ao ter vencido uma das corridas do Troféu Academia da FIA. Só espero que, desta vez, as coisas tomem o rumo correto e tenhamos um Piquet entrando com o pé certo e sem ter que sair pela porta dos fundos... Para a turma do, “quanto pior, melhor”, na disputa dos Troféus Promocionais da F1, os promotores do GP do Brasil, foram eleitos os melhores do ano. A prova em Interlagos é organizada pela Interpro, que tem Claudia Ito como diretora-executiva. Foi a primeira vez que o GP Brasil ganhou este prêmio. Parece que, desta vez, ninguém barrou o Emerson Fittipaldi por estar sem credencial. Uma das grandes queixas dos pilotos com relação aos pneus Pirelli pode ter solução para 2014: os italianos estão trabalhando para reduzir a granulação apresentada pelos compostos. Em algumas corridas, a quantidade de farelo da borracha deixado na pista, especialmente pelos pneus macios e supermacios, foi impressionante. Chegamos uma vez a fazer um cálculo que chegou a quase meia tonelada de borracha na pista. Essa sujeira dificulta o trabalho dos pilotos – e atrapalha a corrida – uma vez que andar “na farofa” como falamos aqui no Brasil ou “marbles” como é em inglês é tão arriscado que tirar o carro da parte limpa da pista para tentar uma manobra de ultrapassagem pode acabar tirando-o da corrida! Não será uma tarefa fácil, uma vez que a maior tração que os novos motores turbo devem proporcionar teria para os atuais compostos uma granulação ainda maior, com as rodas patinando na saída das curvas. Paul Hembery, o diretor da Pirelli, disse que se trata de uma questão claramente relacionada ao desgaste e explicou que a solução passa pela construção de um composto mais forte. A solução, segundo ele, é aumentar a força mecânica dos pneus. Contudo, há um limite: caso a Pirelli exagere nessa resistência, as rodas podem perder a tração ainda mais e assim, não haverá aderência. Hembery sabe que “encontrar o ponto certo” não vai ser fácil e isso pode se tornar um componente extra para quebrar a cabeça dos projetistas, chefes e pilotos das equipes, uma vez com a nova aerodinâmica poderá haver grandes diferenças entre os times. Mas entre as mudanças que vem para 2014, estou achando esta dos números fixos extremamente interessante. Espero que os pilotos e as equipes sejam bem criativos com esta novidade. E a FIA quer também que os números sejam colocados nos capacetes(?) Bem, contanto que eles fiquem mais visíveis, ótimo! O que eu não gostei foi a ideia de fazer com que a última prova tenha pontuação dobrada, mas o novo sistema de punições pode ser interessante. 5s, para infrações leves e como ela será aplicada – durante um pit-stop ou ao final da prova – ainda será discutido com as equipes. A questão “leve” é que me preocupa, especialmente diante das decisões que os comissários tomaram – ou deixaram de tomar – ao longo da temporada que terminou. A última mudança é o teto orçamentário, que entrará em vigor em 2015. Um grupo de trabalho, que será nomeado nos próximos dias, terá a função de propor como isso funcionará até o mês de junho do ano que vem. Essa vai ser uma briga dura, mas pode ser que, desta vez, seja possível conseguir um ponto razoável de equilíbrio. A FIA anunciou ontem a aprovação do sistema de penalização por pontos na superlicença, que passa a ser válido já a partir da temporada 2014 da F1. A nova regra consiste na suspensão automática de uma corrida para o piloto que cometer infrações que cheguem a um total de 12 pontos em um intervalo de 12 meses. De acordo com o novo regulamento expedido pelo Conselho Mundial, caso um piloto acumule 12 pontos por penalidades, sua licença será suspensa para o evento seguinte. Após isso, os 12 pontos serão retirados da licença. Os pontos de penalização permanecerão na superlicença de um piloto por um período de 12 meses, sendo removidos depois disso, respectivamente no 12º mês após sua imposição. É algo semelhante ao que temos em nossas carteiras de motorista. Entre as penalizações que valerão pontos, consta, também, a liberação de um piloto dos boxes de forma perigosa ou considerada insegura pelos comissários de cada prova. A regra, contudo, é interpretativa: um incidente durante a corrida pode valer perda de dez posições no grid da prova seguinte sem que, necessariamente, haja a punição por pontos. O mesmo vale para incidentes que resultem em drive-through ou stop and go. Interessante é a regra para os novos motores turbo V6. Pelo regulamento, eles serão 'divididos' em seis módulos separados, com um máximo de cinco itens de cada um dos módulos podendo ser utilizado livremente. São eles: motor de combustão interna, gerador de energia cinética (voltado ao Kers), unidade geradora de calor, unidade geradora de energia, turbo-compressor e controle eletrônico. O primeiro uso de uma sexta unidade de qualquer uma das seis partes resultará em dez posições perdidas no grid. As demais utilizações custarão cinco lugares perdidos em qualquer uso além do sexto. Se o motor for substituído por inteiro, no entanto, o piloto deve começar a etapa largando dos boxes. As caixas de câmbio devem ser utilizadas, também, por seis GPs seguidos. Com a volta do Rio de Janeiro ao calendário da Fórmula-E, Lucas di Grassi, piloto e diretor de projetos especiais da categoria, revelou que o traçado que será utilizado na etapa brasileira da categoria, no Rio de Janeiro. Será na Marina da Glória, na capital carioca, e contará com 2.291 km de extensão, tendo sido desenvolvido por ele próprio e, como ele disse, respeitando os limites do local. Depois de fazer o desenho básico do traçado, usando o ‘Google Earth’, Di Grassi e a FIA encaminharam-no a uma empresa especializada, que aprontou o que precisava ser feito em termos de áreas de escape, recapeamento, que é para receber o 'padrão FIA'. Ele também adiantou que o circuito que vai ficar ‘semipronto’, podendo ser usado também por outras categorias. As retas não ultrapassarão 600 m, por questões econômicas: retas mais longas exigiriam maior potência, mais investimento nos motores e, também, mais despesas com a montagem do circuito em questões relacionadas à segurança. Segundo Lucas, vários pilotos de alta capacidade já demonstraram interesse em disputar a F-E. Reservas da F1, titulares do Mundial de Endurance, gente que saiu de categorias como a GP2, a Indy... Podemos haver uma espécie de Corrida dos Campeões com vários competidores de diversas categorias. Di Grassi, animado. A corrida do Rio está marcada para 15 de novembro... se as autoridades locais não enfiarem as rodas na caixa de brita novamente. Dez equipes já confirmaram inscrições na nova categoria – entre elas, as ex-F1 Virgin e Super Aguri e, também, Dragon e Andretti, ambas em atividade na Indy. Vai parecer que estou “chovendo no molhado”, mas a situação da ‘Nega Genii’ estacada vez mais preta. Tudo indica que a equipe está sem dinheiro sequer para pagar pelos novos motores que usará em 2014. Como o “aporte” – para não dizer socorro – da tal de “Quantum” não aparece, Romain Grosjean e Pastor Maldonado podem começar a ficar preocupado... Saindo da F1, o novo campeonato dos Estados Unidos parece estar no caminho certo: com 60 carros inscritos para a temporada completa, a United Sports Car, que inclui as principais equipes dos campeonatos American Le Mans Series e Grand-Am podem dar um retorno extremamente positivo para as corridas de endurance. Os carros estão divididos entre protótipos e modelos de GT em um total de cinco classes. O número deve ser ainda maior nas 24 Horas de Daytona, em janeiro, na qual devem competir os times que também disputam o Campeonato Norte-Americano de Endurance, atingindo a casa de 68 inscrições – o maior desde 2007. Os protótipos (25 no total) competirão em três subdivisões: seis Protótipos de Daytona (DP), cinco LMP2, o Delta Wing, e uma equipe que ainda confirmará qual modelo utilizará, além 12 carros na classe PC – exclusiva para protótipos Oreca FLM09. Os GTs (35 restantes) competirão em duas classes, a GT ALMS (10) e a GT Daytona (25). Aston Martin, Porsche, Audi, Ferrari e BMW estarão participando. No WEC, A Audi, na tentativa de ganhar mais velocidade, divulgou que seu equipamento terá dois motores híbridos, sendo um deles muito parecido com o que será usado na F1 em 2014, recuperando a energia térmica dos escapamentos. O MGU-H, como a peça está sendo chamada, vai recuperar energia térmica dispersada pelos gases do equipamento, armazenando-as nas mesmas baterias do Kers. Assim, o piloto poderá acionar o sistema para ganhar mais velocidade. Eles também anunciaram que o modelo do ano que vem não terá o difusor aquecido. Enquanto isso, liberado gentilmente pela Red Bull, Mark Webber já começou a trabalhar com a Porsche para 2014. Outro que já está testando também é Juan Pablo Montoya, que andou no carro da Penske em Indianápolis. Confesso que ainda não sei como ele conseguiu entrar no carro! E como não poderia deixar de falar dele, o bom velhinho parece que vai escapar do xilindró na Inglaterra. Sua defesa deve conseguir livrá-lo de pagar uma multa de aproximadamente 100 mil euros no processo movido pelo grupo alemão Constantin Medien. Na ação, que está em andamento em uma corte londrina, os advogados de Bernie Ecclestone conseguiram virar o jogo, segundo reportagem do jornal ‘The Guardian’. A publicação informa que o juiz, Justice Newey, falou em falta de provas por parte da acusação. O advogado do Constantin, Philip Marshall, então, citou o depoimento dado por Ecclestone em novembro, no qual o inglês afirmou não saber qual o valor exato da F1, pois não precisava se preocupar com isso já que não era o dono das ações, mas mencionou uma quantia de US$ 1 bilhão, a qual Gribkowsky teria dito que deveria ser dobrada. Contudo, a defesa do bom velhinho, representada por Robert Miles citou um relatório do Bayern LB no qual o banco se mostrou satisfeito por obter “lucros extremamente altos” – ou seja, considerou que vendeu a F1 por um preço justo. O julgamento chegará ao fim nesta sexta-feira. O veredito é esperado para o começo do próximo ano. Mas ainda falta o processo por suborno que já colocou o banqueiro alemão em cana... Um abraço e até a próxima, Fernando Paiva |