160 milhões de motivos pra fazer a coisa certa! Print
Written by Administrator   
Friday, 19 July 2013 02:19

 

Caros amigos, em meio a todos os movimentos sociais – e alguns distúrbios de arruaceiros – que vem ocorrendo pelo país afora, talvez seja este um momento propício para abordar um tema que envolve diretamente a enorme quantidade de dinheiro que é sangrada do bolso de cada cidadão que paga impostos neste país.

 

Foi anunciado pela Prefeitura da Cidade de São Paulo, através da sua secretaria de turismo, a SPTuris, que o Autódromo Internacional José Carlos Pace a abertura da licitação para a execução das obras no autódromo que, mais que uma exigência do bom velhinho, é uma necessidade premente para que a Fórmula 1 continue no Brasil.

 

O valor orçado de 160 milhões de reais (que eu, particularmente, duvido que fique só nisso) pode saltar aos olhos de quem os vê, mas é algo condizente com os custos – e nisso aí jogue-se toda a carga tributária a ser paga por cada tábua de tapume, cada quilo de cimento, cada parafuso de fixação de guard rail – de qualquer coisa que se faça neste país. A pergunta é: vale a pena gastar tanto? No meu entender, dependendo do que for feito, a resposta é sim!

 

Porque eu digo o “dependendo do que for feito”? Fazer uma reforma desta envergadura em um autódromo de 73 anos de idade precisa ter a garantia de que a mesma dê o retorno necessário ao investimento. Caso contrário, será o meu dinheiro e o seu também, leitor, que estará indo para o ralo.

 

O momento esportivo do país é favorável para investimentos. Contudo, o mesmo está sendo canalizado – a nível nacional – para a realização da copa do mundo da FIFA (E eles fazem questão que seja dito que a copa do mundo é da FIFA, e não do país onde é jogada... Já pensou se o tio Bernie ‘adora’ a ideia?) e, em seguida, os jogos olímpicos. Com isso, o automobilismo ficou ainda mais marginalizado no mercado comercial para fomentos e patrocínios.

 

Contudo, passados estes eventos, serão necessárias algumas décadas para um retorno e aí o esporte sobre rodas poderá voltar a ter mais atenção de quem tiver um mínimo de visão empresarial. Sim, porque um automobilismo bem feito atinge uma massa tão grande quanto um evento de futebol, com um custo de montagem de uma praça de esportes bem mais em conta. Se compararmos os investimentos de varar a casa de um bilhão de reais de certos estádios com o custo que seria construir um autódromo FIA 2 ou 3, por exemplo, esta valor é 5 ou 6 vezes menor.

 

Um evento da magnitude de uma etapa de Fórmula 1 atrai turistas do Brasil inteiro... e não é turista mochileiro, uma vez que não é mais possível acampar no autódromo como se fazia nos anos dourados do automobilismo nacional e também porque o preço dos ingressos não é coisa pra mochileiro... e vai ficar pior!

 

No projeto, o setor mais barato vai se tornar um dos mais caros, uma vez que será diante do antigo ‘Setor G’, que deu nome a uma de nossas sessões, que será a nova reta de largada e chegada das corridas a partir do ano que vem (considerando que as obras serão realizadas sem nenhum problema, embargo, protesto, etc).

 

Vendo os desenhos do projeto que foram divulgados pela SPTuris, me permiti, mesmo com toda a minha falta de habilidade com recursos gráficos do computador, fazer um exercício de viabilização de uma adaptação do traçado original do circuito, mesmo com todas as reformas.

 

Sim, se houver boa vontade das autoridades, força da CBA e coragem para dar uma peitada no bom velhinho, Interlagos pode voltar a ter um traçado razoavelmente próximo daquele que o fez despertar em todos nós a paixão pelo automobilismo. Contudo, para isso, algumas coisas precisam ser mudadas no projeto de reforma.

 

 

A primeira é a entrada dos boxes, que ao invés de ser no “S” do Senna, seria já na curva do sol. A segunda seria a desistência em se construir arquibancadas permanentes na que será a reta dos boxes. Nas fotos que foram tiradas durante a etapa da Fórmula Indy no Anhembi, pudemos ver arquibancada montadas muito confortáveis. Cobertas, acarpetadas, com rampas de acessibilidade para portadores de necessidades especiais, com assentos numerados... tudo o que pode ser feito e desmontado todos os anos, sem gerar o alto custo de construção e de manutenção.

 

Com um pouco mais de investimento – para ter o autódromo de volta como ele era, nem duvidaria de uma ‘vaquinha’ entre os pilotos – é possível reabilitarmos não apenas o traçado próximo do antigo, mas também o anel externo, tornando Interlagos num complexo automobilístico e novamente na grande escola de pilotagem que um dia foi.

 

Enquanto isso, no balcão do cafezinho...

 

Esta semana foi dia de fórmula 1 na pista! Hoje, enquanto o amigo leitor estiver lendo esta coluna, estará acontecendo o terceiro dia de testes com os pilotos novatos – alguns nem tanto – e alguns pilotos de teste bem rodados, além dos titulares de algumas equipes na pista de Silvrestone, num teste que serve para dar uma chance dos novos treinarem e da Pirelli tentar encontrar uma solução para o problema que ela mesma criou entre a temporada passada e esta.

 

A Mercedes, punida com o jugalmento do ‘penugate’, não teve o direito de treinar, mas isso não vai ser um problema. A Pirelli vai passar para todas as equipes, Mercedes inclusive, os resultados dos testes realizados nos três dias de carros no autódromo. Será que eles passaram os dos testes de Barcelona para os outros times também?

 

A grande estrela dos testes tem sido o australiano Daniel Ricciardo, alçado à condição de ‘tester’ da equipe principal das bebidas energéticas, a Red Bull. Apesar de ter andado virando até tempos mais rápidos com o carro da sua equipe, a Toro Rosso, Ricciardo tem se saído bem tanto dentro quanto fora da pista, evitando maiores comentários e especulações sobre a sua ida ou não para a equipe principal em 2014, no lugar de Mark Webber.

 

Entre os ‘herdeiros’ das pistas, quem fez melhor, até eu fechar a coluna, foi o filho do piloto de Rally, Carlos Sainz Jr, que no segundo dia de treinos ficou com uma excelente marca, bem perto da de Daniel Ricciardo. Kevin Magnussen, filho do piloto que derrubou os recordes de Ayrton Senna na F3, fez o melhor tempo na quarta-feira. O outro que testou foi o Nicolas Prost, com um carro da ‘Nega Genii’, mas não conseguiu estabelecer um tempo entre os primeiros. Certo fez o filho do Damon Hill, que desistiu da carreira e da pressão e foi ser músico!

 

Quem anda com a flauta atravessada na garganta é o bom velhinho. Bernie Ecclestone foi formalmente acusado pela justiça alemã de suborno no caso envolvendo a venda dos direitos da F1 ao grupo CVC, em 2005. Em entrevista à agência de notícias ‘Associated Press’, o dirigente confirmou que recebeu a denúncia, mas alegou que “não fez nada de ilegal”.

 

Agora, os advogados de Bernie Ecclestone devem responder à corte alemã nas próximas semanas. Somente depois de ver as alegações de defesa e de acusação que a justiça da Alemanha vai decidir se haverá um julgamento.

 

E não bastaram os avisos de que o Autódromo Internacional Nelson Piquet, em Brasília, estava com graves problemas de segurança, constatados na última etapa da Stock Car. Depois da CBA e da VICAR dizerem, há algumas semanas que ‘confiavam no trabalho das autoridades e que novas reformas seriam feitas’, tivemos em decorrência disso mais corridas... de carros e motos... e agora, uma morte!

 

Vanessa Daya, pilota de 31 anos, faleceu por não resistir aos ferimentos sofridos na etapa do regional de motovelocidade. Depois de uma queda na curva do drive in, a piloto deslizou para uma valeta e foi atingida na cabeça pela própria moto. Agora, depois da tragédia ocorrida, a pista está interditada! Uma comissão vai investigar as causas do acidente e o equipamento de proteção da pilota.

 

Depois da casa roubada, vamos por uma tranca na porta, certo?

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva