Vale o quanto pesa? Print
Written by Administrator   
Monday, 13 May 2013 00:40

 

Caros amigos, durante os treinos para a formação do grid do GP da Espanha, desviei meus olhos dos carros e da pista para observar as arquibancadas. Qual não foi a minha “surpresa”, vi que muitas delas eram arquibancadas montadas, destas que são feitas no GP do Brasil de Fórmula 1 ou algumas que recebi as fotos tiradas por nosso Editor Chefe no circuito montado no Anhembi para a Fórmula Indy.

 

As arquibancadas montadas no Anhembi eram cobertas, com carpete no piso, cadeiras de plástico para sentar e dotadas de cobertura e rampas de acesso para pessoas com necessidades especiais. A montagem e desmontagem é terceirizada e contratada para empresas que tem experiência em fazer este tipo de estrutura.

 

Ter uma série de arquibancadas de concreto implica em manutenção durante todo o ano. Isso quer dizer: materiais sujeitos ao sol e chuva, infiltrações, desgastes estruturais e cujo a manutenção não é barata. Portanto, além do investimento inicial na construção, haveria um custo extra para a manutenção das mesmas. Se valesse a pena, Barcelona teria construído as suas, não é mesmo?

 

É sabido que o nosso querido e bom velhinho vem insistindo em que sejam feitas profundas reformas na estrutura do Autódromo Internacional José Carlos Pace para que o mesmo possa receber a Fórmula 1 com um mínimo de condições de locomoção para todos os que trabalham no evento. Contudo, isso não deveria implicar na construção de arquibancadas fixas no lado oposto ao futuro pit lane, que ficará na reta dos boxes.

 

Fazendo minhas as palavras do grande John Lennon, ‘vocês podem dizer que eu sou um sonhador, mas eu não sou o único’! Eu, como muitos outros, ainda sonhamos com a recuperação do traçado antigo de Interlagos e, sem a construção de arquibancadas fixas, a integridade da antiga pista tem como ser mantida e – quem sabe um dia – recuperada, apesar de que, caso isso aconteça, é bem provável que alguns pilotos venham a questionar a sua segurança.

 

Foi com espanto que vi o pentacampeão da Stock Car, Cacá Bueno, falar que “Interlagos é seguro para a Fórmula 1, mas não é seguro para a Stock Car” no programa Linha de Chegada desta última semana. O piloto disse que a curva do café não é segura, que a entrada dos boxes não é segura...

 

Ora bolas, se uma entrada de boxe como a de Interlagos onde um Fórmula 1 se aproxima a mais de 250 Km/h (no caso do Stock, nem chega aos 200) e a mesma não é “insegura”, o problema não é do circuito, é dos carros... ou mesmo dos que estão ao volante dos carros!

 

A curva do café tem quase 20 metros de largura, um “soft wall” de circuitos ovais como os dos Estados Unidos, o problema talvez possa ser resolvido ali com a remoção ou deslocamento do muro que fica do lado esquerdo, o que ampliaria a área de visão dos pilotos.

 

Acho que o nosso piloto, hoje festejado como o melhor piloto de carros de turismo do Brasil (e se não o for, é um dos cinco melhores, certamente) deveria assistir aos filmes em super8 das provas dos 500 Km de Interlagos, disputadas no anel externo, das etapas da Copa Brasil e mesmo das provas da stock Car nos anos 70.

 

Os pilotos de hoje falam muito em segurança... eu gostaria de falar sobre habilidade e capacidade de pilotagem. Será que os pilotos dos anos 50/60/70 eram tão mais habilidosos do que os de hoje? Será que eram tão mais corajosos do que os de hoje? Ou eram um bando de loucos irresponsáveis? Sou contra comparações entre pilotos, carros e condições de competição em diferentes épocas, mas, do mesmo jeito que todos tem a consciência de que o automobilismo é um esporte caro, é preciso ter também de que trata-se de um esporte perigoso.

 

Voltando ao ponto da obra, o prefeito da cidade de São Paulo, Fernando Haddad, parece ter percebido que, ao menos no automobilismo, o melhor é deixar as coisas com quem entende delas, tanto que o Nobre do Grid Chico Rosa continua em Interlagos e, na estrutura da organização da Fórmula Indy, não houve grandes mudanças.

 

A mudança mesmo, acredito, vai ocorrer para 2014. Ou as conversas e promessas viram realidade ou São Paulo não vai mais se orgulhar de ser a única cidade do mundo a sediar uma etapa da Fórmula 1 e da Fórmula Indy... e ainda com o risco da perda da etapa por parte do país. Afinal, tem um monte de gente maluca, fazendo juras de amor e prometendo pagar tudo o que quer o bom velhinho para ter uma semana de ocupação em uma pista que custará algo em torno de 300 milhões de dólares.

 

Nestas horas sou obrigado a concordar com o nosso sempre sorridente presidente da CBA, Cleyton Pinteiro que diz, que o importante é o Brasil não perder o GP. Ele tem (pelo menos isso) consciência de que, caso isso aconteça, vai ser difícil trazer a corrida novamente para cá. Portanto, não se trata de uma ‘pressãozinha’. O problema são as opções...

 

A ilusão do autódromo de Deodoro – que tem um desenho ridículo, sem uma reta decente – no papel e que mesmo com o terreno teoricamente disponível ainda não tem as tais complexas licenças ambientais que liberam a construção e nem um centavo sequer de qualquer esfera de governo (Federal, Estadual e Municipal), é a opção para 2014?

 

O desejo de Alex Murad, presidente do grupo Beto Carreto, que tem o projeto, tem o terreno, tem o apoio do governo do estado de Santa Catarina, mas que ainda precisa buscar os recursos para a execução da obra fica como a alternativa mais palpável à termos uma alternativa para Interlagos.

 

Quem quer que venha a assumir o desafio de manter a Fórmula 1 no Brasil vai precisar pesar bem se vale a pena o tanto a ser investido.

 

Enquanto isso, no balcão do cafezinho...

 

Na fórmula 1, os pilotos deverão começar a contar outro tipo de pontuação além daquela que os leva ao título da temporada. Agora, quem tiver alguma conduta considerada antidesportiva, antiética ou perigosa na pista, estará sujeito a uma punição em pontos que irá se acumular em casos de reincidência. Quando o piloto atingir 12 pontos, estará sujeito a uma suspensão por uma corrida.

 

A FIA ainda precisa aprovar a ideia numa das próximas reunião de seu conselho, contudo, a ideia não conta com a unanimidade das equipes. A Williams (do Pastor ‘Desastrado’), a Nega Genii (do Romain ‘Grosjeargh’), além de matriz e filial austríaca dos alados energéticos, segundo a revista britânica ‘Autosport’.

 

Algumas perguntas ainda estão sem respostas sobre este assunto. Os pontos são cumulativos de uma temporada para outra? A punição será dada logo que o piloto complete os 12 pontos? Dá pra imaginar uma punição para um ‘piloto da casa’ justamente no GP de seu país? Comercialmente seria um desastre e desastres comerciais não fazem parte dos planos do bom velhinho. Bom, vamos ver o que sair desta novidade.

 

Novidade por novidade, a nossa nova promessa para a Fórmula 1, Felipe Nasr, teve mais uma grande atuação na GP2, com um segundo lugar na corrida do sábado e um terceiro na corrida do domingo. A disputa pelo campeonato começou a se polarizar entre o brasileiro e o ítalo-monegasco Stefano Coletti, que tem muito mais quilometragem na categoria. Felipe Nasr precisa melhorar suas largadas uma vez que, em ritmo de corrida, ele tem sido sencacional.

 

E nos Estados Unidos, na Nationwide, em Darlington, Kyle Busch venceu – de novo – a corrida... sorte dos pilotos que ele não soma pontos para o campeonato. Neste, Regan Smith, da JR, foi o 7º e continua líder. Sam Hornish Jr. Foi o 8º. Nelsinho Piquet fez mais uma corrida apagada terminou em 16º depois e largar em 21º.

 

O brabo com o brasileiro foi o que aconteceu depois da confusão da corrida anteror, onde depois da troca de agressões e com uma ida a delegacia, Nelsinho e outros integrantes da equipe sofreram uma tocaia e foram agredidos por membros da equipe adversária. Isso é caso de polícia!

 

Na Sprint Cup, Depois de repetir o domínio da noite anterior, parecia que Kyle Busch faturaria mais uma... mas “carreras son carreras” e mesmo tendo liderado mais de 2/3 da prova, no final, ‘Buschinho’ caiu de rendimento e Matt Kenseth venceu a prova. Destaque para o cerebral Jimmie Johnoson, que terminou em 4º e tem 44 pontos de vantagem para o 2º colocado no campeonato. 

 

Como falei na semana passada, com os carros na pista, o bom velhinho não precisa ficar criando manchetes... A corrida da espanha teve a vitória do Alonso das Lamúrias (que não reclamou de nada), com o Kimi 'põe mais uma' em 2º. Felipe Macarroni fez, apesar de continuar sendo um dos grandes 'lixadores de pneu' do grid, fez uma grande corrida, recuperou-se da punição – correta – que sofreu e foi para o pódio. Com o 4º lugar do Baby Vettel, o campeonato deu uma animada, aproximando os candidatos ao título na pontuação.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva

 

 

 

 

Last Updated ( Monday, 13 May 2013 11:40 )