Os descaminhos da Stock Car Print
Written by Administrator   
Monday, 18 March 2013 00:23

 

Caros amigos, em um final de semana de abertura de campeonato mundial de Fórmula 1, seria – talvez – o óbvio ver todos os colunistas falando sobre o final de semana na Austrália, sobre as expectativas do campeonato, sobre “o ano do Felipe Massa”, etc. mas eu vou me ater a outra corrida acontecida neste final de semana que – ao meu ver – pode ter fatores mais importantes relativos ao nosso futuro nas pistas do que a distante maior categoria do planeta.

 

Curitiba recebeu a segunda etapa da Stock Car, duas semanas após a prova de abertura em Interlagos. Quem viu as imagens (que escaparam e que o editor de imagens deve ter sido chamado à atenção) feitas na cabine de transmissão enquanto o narrador e os dois comentaristas falavam e, como eu, ao invés de focar a atenção na imagem da pessoa de camisa alaranjada, olhou para a imagem do fundo, percebeu que a arquibancada na saída da curva do café estava completamente vazia. Durante a execução do hino nacional, uma outra tomada – esta mais rápida – mostrou a arquibancada de cimento, ali, pouco antes da parte coberta e com cadeiras, já na reta, também vazia! Tinha algo errado... mas o que?

 

Uma das maiores reclamações que ouvimos o ano passado, por parte do público que frequenta os autódromos, foi que o horário da corrida, uma imposição da rede de TV aberta que queria transmitir a corrida “no horário que os brasileiros estão acostumados a assistir corridas”, o que poderia ser pior, uma vez que a largada da maioria das corridas de Fórmula 1 é às 9 horas da manhã e não às nove e meia como largavam os Stocks.

 

É claro que isso tinha a ver com a grade de programação da emissora, que colocou a largada para depois do programa sobre carros (pago) que exibe e antes de começar – de verdade – o Esporte Espetacular, que costumava cair de assistência quando a corrida era transmitida às 11 horas da manhã. Claro! O automobilismo além de “muito bem divulgado e promovido”, é muito menos interessante que os campeonatos de peteca, descida de escadaria de bicicleta e outras “coisas espetaculares”.

 

A aposta da emissora foi por água abaixo quando os índices de audiência ficaram aquém do esperado (com a divulgação que fizeram, até tenha sido muito, afinal, uma coisa é acordar cedo pra ver a Fórmula 1, outra é pra ver a Stock). Nem mesmo com a chegada de Rubens Barrichello a categoria teve o apelo – e o retorno – para manter a transmissão na grade de programação além de sofrer um outro revés: Exceção feita à corrida em Cascavel, à estreia do Rubinho em Curitiba e a corrida do milhão, o público nos autódromos caiu drasticamente. É claro! Para estar na arquibancada na hora da largada o fã de automobilismo tinha que estar de pé a que horas? Isso sem falar que a corrida dura ridículos 40 minutos.

 

Para 2013 houve uma “troca camarada”, e honesta: a emissora de sinal aberto transmite 3 corridas, entre elas a do milhão. As demais passam no canal por assinatura, no horário decente das 11 horas da manhã... mas continuando com os mesmos ridículos 40 minutos. Diminuiu a visibilidade na televisão, certo? Pois bem, a patrocinadora principal da categoria pulou fora!

 

Por mais que o novo todo poderoso da VICAR, Mauricio Slaviero diga que ‘a categoria se sustenta’, para que ela ‘se sustente’ é preciso que haja receita, pois ninguém faz automobilismo por filantropia e para ter receita é preciso: a) vender o espetáculo, tanto para a televisão quanto para o público que frequenta os autódromos. Logicamente nenhuma das partes (televisão e VICAR) revela quanto foi pago/recebido. b) Ter um bom pacote de patrocínio... e perder um patrocinador ‘master’ e não substituí-lo há perda de receita. Com matemática não há briga, ela é lógica! c) vender seu produto para o público em geral. Ou seja, encher os autódromos, vender seus produtos nas lojas.

 

Quem vende os ingressos da Stock Car é a Time For Fun (T4F), empresa de entretenimento que promove e vende os ingressos de diversos shows de grandes estrelas no país. O aumento do valor dos ingressos para a temporada 2013 da Stock foi difícil de engolir. 40 reais a arquibancada e 120 reais o ingresso com direito ao passeio no pit lane para ver os pilotos de perto. O resultado foi o que se viu (ou o que não se viu) em Interlagos. Se tinha 10 mil pessoas no autódromo foi muito! Na visitação aos boxes, nada daquela confusão em frente das equipes. Faltou gente!

 

Em Curitiba o público foi bem melhor, mas a arquibancada do kartódromo (tem a que fica na frente dos boxes e a que fica depois da torre de controle e vai até o final da reta) tinha, se muito, metade do seu espaço ocupado. Lembrando que a arquibancada em frente aos boxes tem metade do seu espaço ocupado pelos ingressos cortesia de patrocinadores da categoria.

 

Sem exposição na TV aberta para as empresas que patrocinam pilotos e equipes, sem um patrocinador master para injetar um bom pacote de dinheiro e sem conseguir encher os autódromos, não tem como não questionar a ‘sustentabilidade’ da categoria mais antiga do país. Teria Carlos Col saído do barco antes do mesmo ‘fazer água’?

 

Enquanto isso, no balcão do cafezinho...

 

A nossa piloto batalhadora, Bia Figueiredo, tenta – mais uma vez – segurar uma vaga no grid da Fórmula Indy.

 

Com o apoio de seu principal patrocinador, a Ipiranga, Bia está fechando contrato para correr na Dale Coyne a temporada de 2013, que terá – a princípio – 19 etapas. O contrato já garantia a brasileira na prova de São Paulo e nas 500 milhas de Indianápolis, agora garante que a nossa piloto vai largar na abertura do campeonato na pista de rua de Saint Petersburg.

 

O grupo liderado pela Ipiranga está negociando a participação de Bia Figueiredo em outras etapas, em ovais, inclusive, mas é bom lembrar que em 2011 o seu rendimento ficou aquém do esperado e agora, mais do que nunca, ela tem que mostrar muito serviço. Capacidade ela tem, resta ver se terá tranquilidade.

 

Na Nationwide, Nelsinho Piquet, que vinha ali, próximo do top 10 nas três primeiras provas do campeonato acabou abandonando a etapa deste final de semana, o que comprometeu sua posição na classificação (caiu de 8º para 14º). Ma ainda teremos 29 etapas...

 

Na categoria principal, a Sprint, Kasey Kahne se aproveitou de um vacilo de Brad Keselowski na última relargada para vencer a etapa no ‘ovinho’ de Bristol da Nascar, (sem transmissão da TV por assinatura que transmite o campeonato), e  “compensar” a corrida perdida na semana passada quando, mesmo com mais carro, terminou em 2º. Kyle Busch terminou em segundo, enquanto Keselowski foi em terceiro.

 

Essa vai para os ‘cuecas’ de plantão. Tamara Ecclestone, a filha do bom velhinho, vai ser a capa da Playboy de maio nos Estados Unidos. Será que já faz parte da estratégia de promover a categoria no país onde a Fórmula 1 nunca conseguiu realmente ‘vender seu peixe’? Discretamente, como homem casado que sou, confesso estar curioso para ver o que a jovem vai mostrar. Diga-se de passagem, as duas filhas (Tamara e Petra) do casamento com a modelo Slavica Radic, 30 centímetros (no mínimo) mais alta que ele. Bom, o que essa revista vai vender...

 

Mas a grande notícia para os lados da terra do Tio Sam foi a fusão da American Le Mans Series com a Grand-Am, projeto que veio sendo desenhado desde o final do ano passado, tendo sido inclusive anunciada 6 meses atrás.

 

As duas categorias tem similaridades e semelhanças e com isso acabavam competindo entre si, diferente do sistema da NASCAR, onde a coisa funciona como uma ‘escada’.

 

Com a ‘benção’ da IMSA, a competição terá cinco categorias na pista, sendo a grande novidade a GX, com carros experimentais e de ‘tecnologia verde’. Contudo, este ano elas ainda correm separadas. A primeira prova em conjunto será as 24 horas de Daytona de 2014.

 

Entre as grandes corridas dos carrões na América do Norte, neste final de semana tivemos as 12 horas de Sebring, que até o ano passado fazia parte do Mundial de Endurance. A Audi, que levou 2 e-tron para a disputa, anunciou que não mais disputaria a prova nos anos seguintes, mas fez o espetáculo... com uma dobradinha com direito os carros se batendo na pista.

 

Sem André Lotterer, substituído por Olivier Jarvis no carro 1 e com Lucas Di Grassi no carro 2, os substitutos fizeram o pessoal da Audi ficar sem ar ao trocar tinta durante a prova. Detalhe: eles são pilotos do carro 3 da equipe! Lucas fez uma corridaça, e o time com Tom Kristensen e Alan McNish poderia ter vencido o carro campeão do mundo – mesmo sem Lotterer – e a corrida se não fosse o minuto e meio perdido com uma punição à Alan McNish. Honestamente, acho uma estupidez se a equipe não colocar este time (Kristensen/McNish/DiGrassi) junto para correr em Le Mans.

 

E começou a Fórmula 1. Depois de um dilúvio no treino do sábado – que só terminou no domingo – a corrida, para a felicidade geral de quem queria ver corrida, acabou sendo sem chuva – salve alguns pingos aqui e ali. Se a falta de chuva foi uma surpresa diante do céu carrancudo do final de semana, o que aconteceu na pista deve ter levado os apostadores das casas londrinas a loucura!

 

O comentário sobre a corrida vou deixar para nosso grande jornalista Toni Vasconcelos. Não perca a coluna Alta Velocidade na quinta-feira... mas pra quem achava que a disputa ficaria apenas entre Vettel e Alonso, entre a Ferrari e a Red Bull, olha o Kimi e a Nega Genii, aí, gente!

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva

 

 

Last Updated ( Tuesday, 19 March 2013 23:04 )