Parabéns Cascavel... assim espero! Print
Written by Administrator   
Monday, 06 August 2012 22:08

 

 

Caros amigos, a coluna desta semana deveria ser, no mínimo, co-assinada pelo nosso editor chefe, o Flavio, que esteve em Cascavel na reabertura do Autódromo Internacional de Cascavel – Zilmar Beux.

 

No final do ano de 2010, a chefia esteve na cidade do oeste paranaense para fazer a matéria para a seção “Raio X dos Autódromos Brasileiros” e encontrou um autódromo bastante degradado, além de defasado tecnicamente, incapaz de receber uma competição de automobilismo de alto nível. Contudo, no final da matéria foi apresentado pelo então presidente do Automóvel Clube de Cascavel, Miguel Beux, filho de Zilmar Beux, que preservaria o espetacular traçado do circuito, alargando-o dos 9 metros para 13,5 metros, mudando os boxes para a reta que leva à curva mais espetacular do país – o ‘bacião’ – além de oferecer mais conforto para o público, com o projeto de estacionamentos dando ao autódromo uma infraestrutura moderna e capaz de receber qualquer categoria do continente.

 

Em relação ao projeto que nos foi apresentado, algumas coisas não ficaram como vimos na época: a largura da pista não ficou tão grande, mas os 12 metros já permitem disputas até entre os caminhões da Fórmula Truck, além da eliminação da chicane que foi feita antes do ‘bacião’ nos tempos da pista antiga. As áreas de escape foram aumentadas, ganharam asfalto, barreiras de pneus com os mesmos fixados por parafusos como deve ser, guard rails com três lâminas...

 

Cascavel transformou-se em um autódromo como todo piloto, seja de carros, seja de motos, merece... ou ao menos está se transformando. Algumas coisas que estavam no projeto ainda não foram feitas, como a passagem para a área interna do circuito (o que fez com que se cruzasse a pista para acessar os boxes), o asfaltamento da área de manobra (graças a Deus não choveu, caso contrario, viraria um lamaçal pavoroso) e a torre de cronometragem e direção de prova ainda não saiu do papel.

 

O amigo leitor pode estar se perguntando: e como é que fizeram uma corrida num autódromo que não estava pronto? Se levarmos em conta que, mesmo inacabado, o estágio atual do autódromo de Cascavel ainda o deixa em condições muito melhores do que Goiânia, Brasília, Caruaru, Fortaleza e do sucateado Rio de Janeiro. Além disso, a equipe de Roberto Cirino, pai do piloto Wellington Cirino chegou em Cascavel três semanas antes da prova e – como sempre – fez acontecer, mesmo debaixo de chuva (choveu uma semana neste período).

 

Na quinta-feira, quando nosso Editor chegou ao autódromo, os operários ainda trabalhavam freneticamente para entregá-lo.

 

 

Por maior que tenha sido o esforço de todos (prefeitura de Cascavel, estrutura da Truck e todos os operários que trabalharam duro para que no dia 5 de agosto pudesse acontecer ), há que se reconhecer: o autódromo não estava pronto!

 

As áreas de escape tinham recebido há pouquíssimo tempo as placas de grama e o terreno estava fofo. Quando se saia da pista, a quantidade de terra (o barro vermelho típico da região) subia alto – e o caminhão quase atolava. Como disse antes, felizmente não choveu! Com o terreno fofo, as zebras viraram lâminas. Quem atacou errado uma zebra e pegou um ‘canto vivo’, teve o pneu estourado. Foi assim com Renato Martins e Paulo Salustiano.

 

Parte das zebras e prolongamento de cimento começaram a se quebrar ainda na sexta-feira. O erro aí foi evidente.

 

 

Contudo, o mais grave aconteceu com o vencedor da prova: Leandro Totti. Na sexta-feira, após os treinos livres, algumas zebras apresentaram quebras e as partes quebradas deixaram à mostra de que isso poderia continuar acontecendo... e aconteceu.

 

Logo no início da corrida, um ‘petardo’ de cimento foi lançado pelo caminhão de Roberval Andrade (naquele momento em 2º lugar) contra o parabrisa do caminhão nº 73. Por uma imensa felicidade, o projétil atingiu o lado direito do vidro... e vazou pelo vidro traseiro! Imaginem se fosse no lado esquerdo, atirado contra o piloto? Na entrada da reta dos boxes, um dos pontos onde o cimento começou a quebrar, o Flávio foi até lá e fotografou o detalhe: uma camada de 7 cm de cimento estava assentado sobre o terreno. Isso está certo? Claro que não.

 

A pista foi refeita (alargamento e recapeamento) por uma empresa chamada Pedreira Rio Quati. Esta empresa nunca fez uma obra em autódromo antes, segundo informação de funcionários da mesma, colhidas em depoimento no próprio autódromo. Os pilotos dos pesados caminhões foram unânimes ao afirmar de que a pista está muito ondulada, que a freada para o ‘bacião’ está complicada.

 

 

Leandro Totti teve seu parabrisa atingido por uma destes pedaços de cimento. Se fosse no lado esquerdo, ele seria atingido. 

 

Em setembro, a Stock Car vai para Cascavel (ao menos é o que se falava por lá). Os caminhões viraram a volta na casa de 1m17s/1m18s. Os Stock estão sendo estimados a virar praticamente 1 minuto cravado, quicá abaixo. Além disso, vai ser a ‘prova de fogo’ da resistência do asfalto à tração dos mais de 500cv dos carros da categoria. Tomara que eu esteja errado, mas confesso estar com medo de que Cascavel se transforme num novo Campo Grande.

 

A Inglaterra, que tem uma área equivalente à do estado do Ceará, tem mais autódromos que o Brasil, e todos eles, muitos deles em lugares pequenos, mas em todos eles, os circuitos são bem cuidados, recebem eventos praticamente todos os finais de semana, e à cada evento, pessoas de outras cidades, de outras regiões, vão até lá... assistir as corridas e movimentar a economia!

 

Cascavel tem pouco menos de 200 habitantes, segundo o senso de 2010. Qualquer prefeito minimamente inteligente no interior do Brasil, em qualquer cidade com população entre 200 e 500 mil pessoas, bem servida por rodovias (o sul e sudeste tem diversas o centro oeste e o nordeste poderiam vislumbrar isso) para o deslocamento da estrutura necessária, ter um autódromo poderia gerar uma excelente fonte de renda, movimentar a economia da região e, com um bom planejamento, receber um evento de alto nível por mês. Basta fazer as contas: Stock; Truck; Br de Marcas; GT Brasil e Mercedes Challenge; Top Series Endurance; Copa Fiat; Porsche Cup; DTCC; Spyder; Sprint... além dos campeonatos de motociclismo.

 

Caruaru tem um projeto de reforma pronto. Este projeto foi apresentado também na seção “Raio X dos autódromos brasileiros” em 2010 (a visita ao autódromo foi em julho daquele ano) e até hoje, a mesma não saiu do papel. Na época, o administrador do autódromo – Pedro Manuel – disse que estava tudo certo, a verba estava praticamente liberada, só faltava assinar...

 

 

O projeto de reforma do autódromo de Caruaru está pronto desde 2010. Contudo, nada foi feito até o presente momento. 

 

Em Fortaleza, também visitado na época, o engenheiro Alexandre Romcy nos mostrou uma planta para a criação de um trioval no atual circuito, com 14 metros de largura de pista... e que também não saiu do papel. Esse nem previsão tem!  

 

Que outras pessoas sigam o exemplo de Edgar Bueno na sua dedicação e iniciativa de resgatar o autódromo da cidade que governa, mas que tenham o cuidado de fazer tudo no tempo certo. A torcida para que minhas preocupações sejam infundadas é enorme, mas eu confesso que elas são enormes!

 

Hoje não vai ter cafezinho...

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva

 

Last Updated ( Tuesday, 07 August 2012 00:53 )