Caros Amigos, Em sempre fui um apaixonado por literatura e entre meus autores favoritos, Niccoló Machiavelli, que a maioria de nós conhece como Nicolau Maquiavel, sempre me atraiu por sua sabedoria e acidez.

Um dos principais pensadores de sua época, o Renascimento, que consiste em um intermédio entre a Idade Média e a Modernidade. Defensor do absolutismo e de ações duras e austeras por parte de um governante quando necessário, Maquiavel foi injustiçado ao entrar para a história como o patrono da expressão “maquiavélico”, utilizada para designar alguém capaz de tudo pelo poder. Para Maquiavel, a conservação do poder nas mãos de um bom governante, mesmo que em situações de maior controle, é condição necessária para a conservação da ordem política.

Como autor, sua obra mais conhecida é ‘O Príncipe’, que é um verdadeiro “manual” para um governante se manter no poder. Além de outras obras, várias frases e pensamentos são de sua autoria e algumas costumam lhes ser atribuídas. Entre elas, uma – que será o centro da nossa coluna desta semana – trata especificamente sobre a justiça de uma forma em geral: “Aos amigos, favores, aos inimigos, a lei”, traduz em muito diversas situações que testemunhamos em nosso cotidiano.

Pouco antes das duas etapas e finais de semana consecutivos de atividades da Stock Car em Curitiba tivemos mais um comunicado sobre pilotos que recuperaram por recursos na justiça – no STJD – de resultados nas corridas de Goiânia, a abertura do campeonato, e na etapa seguinte, disputada em Mogi-Guaçu, no Veloccità. A cada decisão judicial e as mudanças dos resultados, a classificação do campeonato também muda e o que vemos este ano na Stock Car é uma sucessão de punições e contestações.

A Confederação Brasileira de Automobilismo em sua nova gestão, atenta e atuante, designou o seu assessor de imprensa, o competente jornalista Américo Teixeira, para manter informados os jornalistas sobre as decisões dos comissários técnicos e desportivos ao longo das competições nos finais de semana, algo que deve estar dando muito trabalho devido ao volume de decisões, contestações e ações impetradas pelas equipes e pilotos, fazendo um grande somatório que, neste ano de 2021, parece ter tomado um vulto que não havia em anos anteriores.

Nós temos no nosso site um colunista que é um dos maiores especialistas no meio esportivo quando se trata de análise e julgamento de questões esportivas à luz dos regulamentos de uma competição de automobilismo. Sergio Berti Izé, diretor de provas na Porsche GT3 Carrera Cup tem uma trajetória de mais de duas décadas nas funções mais importantes nas competições nacionais e há anos é o diretor brasileiro do GP Brasil de Fórmula 1, que há quatro anos escreve com total liberdade e independência, abordando questões polêmicas que acontecem no Brasil e no exterior.

O que estamos vendo este ano é uma elevação considerável nas ações ocorridas ao longo das corridas e mais uma série de ações pós-corridas que tem levado os comissários a se debruçar por horas sobre as imagens, revendo varias vezes os momentos onde as situações aconteceram para tomar uma decisão – colegiada – e definir uma posição em relação aos ocorridos. Evidentemente, decisões podem ser contestadas, mesmo que não haja muita possibilidade de erro de julgamento e/ou interpretação de alguma parte do regulamento.

Todo processo legal pode ser questionado por quem se sentir prejudicado. O êxito ou não neste questionamento vai depender de diversos fatores. O que não se pode contestar é que a lei é para todos e ao contrário de um lamentável comentário em uma corrida transmitida recentemente, comissários não “adoram punir pilotos”.

Um abraço e até a próxima,