A negativa australiana e a realidade brasileira Print
Written by Administrator   
Wednesday, 07 July 2021 19:59

Caros Amigos, O meu pai sempre foi uma pessoa muito rígida na nossa educação e uma das coisas que ele sempre disse e que eu sempre repeti para meus filhos é: “O errado é errado, mesmo que todos estejam fazendo, e certo é certo mesmo que ninguém o esteja fazendo”.

 

Este ensinamento, simples e direto aplica-se a qualquer coisa em nossas vidas. Muitas vezes as coisas ao nosso redor acontecem da maneira errada, mas cabe a nós termos a índole correta para fazer e respeitar o que é o certo. Esse problemática está diretamente ligada à nossa mentalidade e a forma grotesca como pensamos em agir com as coisas ao nosso redor. Parece que no meio de tanta coisa errada acontecendo junto, nós tivéssemos esquecido do que é certo e o que é errado.

 

Neste início de semana o Grupo Liberty Media e a Dorna receberam a decisão governamental (isso é preciso estar bem claro: independente do trabalho dos promotores locais, das empresas donas dos eventos e mesmo das administrações municipais do enorme país insular) determinando o cancelamento do GP da Austrália de Fórmula 1 e do GP da Austrália de Moto GP.

 

O governo de Victoria, liderado por Daniel Andrews, responsabilizou a decisão pelos efeitos contínuos da pandemia COVID-19, incluindo uma implementação que está sendo considerada mais lenta do que o previsto do programa de vacinação da Comunidade Britânica e limites subsequentes para a controle de viajantes internacionais. Apesar de alguma contrariedade na posição de outras regiões e mesmo em Melbourne, considerada a capital do esporte da Austrália.

 

O ministro do Turismo, Esporte e Grandes Eventos, Martin Pakula, expôs sua decepção com a decisão, mas também reconheceu a realidade da pandemia e, constrito, reconheceu ser necessário, até obter-se taxas de vacinação muito mais altas, não é possível retornar a a realização de eventos como a Moto GP e a Fórmula 1 em “configurações mais normais” ou mesmo com os procedimentos que as duas empresas promotoras vem tomando.

 

A Fórmula 1 – normalmente realizada em março – já havia sido adiada para novembro na esperança de que um acordo pudesse ser fechado para realizarem o evento para a Austrália. O Grande Prêmio da Austrália do ano passado foi cancelado na manhã do primeiro dia do evento devido a preocupações com o coronavírus e a atual exigência do governo australiano – e isso é para todo o país – de realização de quarentena de 14 dias seria um entrave para a realização dos dois eventos. Na última semana houve um crescimento na média de casos para 39 casos/dia.

 

O Aberto da Austrália, torneio de tênis que faz parte do Grand Slam foi realizado no início deste ano depois que os jogadores concordaram em ficar em quarentena por duas semanas em hotéis e, dentro do que há estabelecido pelo governo local, este deverá ser o procedimento para o evento em 2022 caso a vacinação na Austrália continue avançando lentamente como está. Gostemos ou não, os dirigentes australianos estão sendo responsáveis, fazendo o certo mesmo que nem todos o façam.

 

Então olhamos para a realidade do que se avizinha, em um país com mais de meio milhão de mortos por conta da pandemia. Hoje a Austrália teve 26 novos casos de Covid19 e totaliza até o momento 910 óbitos... o dobro do número de mortos que o Brasil tem por dia e, durante a transmissão do GP da Áustria de Fórmula 1, os comentaristas celebravam o fato de todos os ingressos (40% da chamada “capacidade”) colocados a venda terem sido vendidos.

 

Mas está “tudo certo”, porque é o que “todos estão fazendo”, com governadores e prefeitos “flexibilizando” as restrições de trânsito e aglomerações no país, apesar do índice de mortandade que vemos e lemos, muitas vezes como algo que “já faz parte da rotina”.

 

 Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva