A gestão sanitária e financeira da F1 Print
Written by Administrator   
Wednesday, 09 June 2021 20:25

Caros Amigos, Nas duas últimas semanas, ao contrário da bolsa de valores, minha saúde teve um “viés de baixa” e isso me fez ficar ausente na última quinta-feira. Ao contrário da minha saúde, a bolsa de valores no Brasil vem experimentando um processo ascendente e isso tem provocado reações distintas.

 

Por um lado, investidores novos e antigos tem buscado um retorno mais consistente e efetivo em relação às aplicações mais conservadores dos fundos de renda fixa pré e pós-fixados, além dos CDBs, muitas vezes deixando de lado uma importante lição do mundo dos negócios, que é o de não concentrar seus investimentos em apenas um seguimento do mercado, além de ter sempre uma “reserva técnica” para momentos delicados.

 

A Fórmula 1, ao contrário dos investidores excessivamente empolgados, está seguindo rigorosamente a cartilha do investidor calejado do mercado mobiliário e vem trabalhando bem com as oscilações pertinentes ao mercado de ações, onde o que temos hoje não é garantia de termos amanhã, que os rendimentos passados não asseguram rendimentos futuros e que ter um recurso extra na mão para as eventualidades precisa estar pronto para ser lançado em caso de necessidade.

 

Com o anúncio do cancelamento do GP de Singapura, devido aos procedimentos contra a pandemia na cidade-estado, o Grupo Liberty Media remanejou novamente o calendário, colocando o GP da Turquia – que havia sido adiado de sua data em junho por conta da chamada “bandeira vermelha” imposta pelo Reino Unido, exigindo período de quarentena para quem retornasse daquele pais – de volta como “opção de mercado”, especulando que até o final de setembro ou início de outubro, as condições sanitárias terão melhorado e a condição de bandeira vermelha terá sido alterada. Valendo lembrar que sete das dez equipes da categoria tem sede na Inglaterra.

 

Entretanto, além da condição de controle sanitário, um outro fator pesou na decisão do cancelamento do GP de Singapura (algo poderemos voltar a ver ainda este ano): O investimento na realização da corrida requer um investimento considerável por parte do promotor local e a impossibilidade de que este investimento seja compensado com a comercialização de ingressos, áreas de hospitalidade e ações comerciais deixam o promotor local onde houver este tipo de limitação relativa a presença de público sem condições de viabilizar o evento.

 

Esta situação ainda pode atingir outros promotores em outros países, como Japão, México e Brasil, onde os promotores locais não tem aporte de capital do governo para a realização do evento. No caso do Brasil, a prefeitura da cidade de São Paulo assinou um contrato de 5 anos para promover o GP, mas uma não vinda da Fórmula 1 ao Brasil (e isso pode acontecer diante do quadro da epidemia e uma mortandade de mais de duas mil pessoas por dia no país) pode fazer com que, somada a dificuldade que o promotor privado do GP do México terá, eliminar do calendário de 2021 ambas as corridas.

 

Mais uma vez, o Grupo Liberty Media tem como “trabalhar os seus ativos” e fazer uso de realizar duas etapas nos Estados Unidos, onde a pandemia está controlada e duas etapas nos Emirados Árabes, onde as questões financeiras inexistem. Que não sejamos “surpreendidos” com mais um ano sem GP Brasil de Fórmula 1 por conta da pandemia. Temos 5 meses para mudar o status sanitário do país e permitir que o promotor consiga levar público e gerar negócios na semana da corrida.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva