Um GP que seria melhor não vermos Print
Written by Administrator   
Wednesday, 11 March 2020 21:38

Caros Amigos, é chegada a hora tão esperada pelos fãs de Fórmula 1 em todo mundo. Aqui no Brasil, na noite desta quinta-feira, os carros da Fórmula 1 vão para a pista a fim de se enfrentar na primeira corrida do ano, de uma temporada de 22 ou talvez 21 corridas no ano, a depender do que vai acontecer com o GP da China, que não será realizado devido a epidemia do Coronavírus.

 

 

Lamentavelmente, as atenções que deveriam estar voltadas – em sua grande maioria, pelo menos – para o que vai acontecer na pista após as duas sessões de treinos pré-temporada realizadas em Barcelona, estão ficando relegadas a um plano secundário devido aos riscos e a contaminação que já alcançou todos os continentes do mundo, contudo, neste micro universo específico do esporte a motor há um “vírus” potencialmente mais nocivo se considerarmos o circo da Fórmula 1 um perímetro em quarentena. Um dano colateral maior do que o anúncio das autoridades barenitas, informando que o GP daquele país – marcado para o dia 22 de março – será realizado com portões fechados.

 

Ainda no ano passado, Mercedes e Red Bull solicitaram à FIA que o motor da Ferrari fosse investigado. Durante algumas corridas no meio da temporada de 2019 os carros vermelhos mostraram uma velocidade – especialmente em treinos, com voltas lançadas – excepcional, mesmo não conseguindo manter tal performance em corrida, mas ainda assim, conseguindo resultados e vitórias expressivas. Mas as suspeitas de que havia “algo errado” vinha desde a temporada de 2018.

 

Mesmo terminado o campeonato, o pedido de investigação continuou valendo e no início do mês a FIA divulgou que “havia sido assinado um acordo entre ela e a Ferrari onde os detalhes deste acordo ficariam restritos às duas partes”. Tal comunicado gerou uma reação imediata não apenas da Mercedes e da Red Bull, mas também de outras cinco equipes (McLaren, Renault, Racing Point, AlphaTauri e Williams), que na semana passada publicaram um documento repudiando a atitude da FIA.

 

De forma tácita, o documento demonstrou a indignação do grupo das sete equipes que não usam motores Ferrari e chega a questionar a integridade da FIA neste processo, ameaçando inclusive usar de meios legais (cortes internacionais) contra a FIA e a Ferrari. Apenas para lembrar, Jean Todt, presidente da FIA há mais de uma década, foi diretor da Ferrari em seu mais recente período vitorioso, com Michael Schumacher como piloto.

 

Um conflito desta magnitude no último ano do atual Pacto da Concórdia (que tem este nome pelo endereço da FIA em Paris, a Praça da Concórdia) não é nada salutar para um projeto como o do Grupo Liberty Media de implementar um regulamento totalmente novo para a categoria. Os meus estimados leitores podem se surpreender com o que vou dizer agora, mas uma pessoa com o carisma e a personalidade de Bernie Ecclestone neste momento faz falta.

 

A maior prejudicada neste processo é, sem dúvidas, a Red Bull. A equipe austríaca conseguiu um grande ajuste com os motores da Honda e estes tiveram uma considerável evolução. O conjunto foi de grande efetividade com Max Verstappen conseguindo vencer algumas corridas e, individualmente, brigar de igual para igual com os pilotos da Ferrari na classificação do campeonato. Com uma Ferrari sem as vantagens de seu “motor suspeito”, a Red Bull poderia conseguir terminar a temporada de 2019 em 2° lugar no campeonato, o que em termos de premiação pela classificação seria algo de várias dezenas de dólares.

 

Contudo, a “guerra” declarada pode ter um personagem ainda mais importante. Em sua entrevista para o site dos Nobres do Grid, o promotor do GP Brasil de Fórmula 1, Tamas Rohonyi, em julho passado, revelou que o CEO do Grupo Liberty Media, Chase Carey, estaria se aposentando e que 2021 seria um ano de transição. Entre os candidatos a assumir a posição de Carey um dos “nomes fortes”, o de Toto Wolff teria sido “vetado” pela Ferrari, apesar disso não estar – teoricamente – no “pacote de direito a veto” que a equipe italiana tem no atual “Pacto da Concórdia”.

 

Este GP ainda terá muitas voltas e pode durar a temporada inteira, roubando a atenção daquilo que todos nós queremos ver: as disputas na pista.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva