Quem dá mais por Interlagos... e o que vai querer em troca Print
Written by Administrator   
Wednesday, 04 September 2019 20:35

Caros Amigos, alguns dos emails que recebo dizem não entender o sentido dos títulos das minhas colunas e porque eu faço dos primeiros parágrafos abordagens que, para estes, nada tem a ver com o automobilismo.

 

O sentido de se fazer um prólogo (texto ou uma advertência, geralmente breve que antecede uma obra escrita e que tem por objetivo apresentá-la ao leitor. Do grego “prólogos” que significa “escrito preliminar”. Prólogo é o mesmo que introdução, prefácio, prefação, preâmbulo), ao menos no meu caso, é convidar o estimado leitor a fazer uma reflexão mais profunda, ligando o prólogo a essência da ideia base do texto.

 

Em todo caso, nas últimas semanas, estou procurando – ao menos no título da nossa coluna semanal – colocar o chamamento à leitura de uma forma mais direta sobre o tema central da coluna e, quem sabe, atrair um maior interesse de outros leitores que acham estranho o tipo de convite que faço. Afinal, um título de uma coluna é um convite à sua leitura.

 

Como mencionei a coluna da semana passada, nela eu abordei o fato de que a câmara dos vereadores da cidade de São Paulo resgataram o projeto para tirar das mãos do município a gestão do autódromo de Interlagos, por meio de um projeto de concessão, que foi aprovado na câmara e levado ao gabinete do prefeito, que acabou por dar o seu aval nesta semana ao andamento do processo.

 

Não se trata de um processo simples e este, possivelmente, só terminará no próximo mandato, que pode ter ou não Bruno Covas à frente da prefeitura. Portanto, não veremos nenhuma mudança este ano e talvez nem no próximo. Em sem primeiro momento, o processo ainda busca uma reunir um conjunto de propostas para estabelecer os parâmetros técnicos para o lançamento do edital de concessão de Interlagos.

 

A partir do momento que conseguir reunir um conjunto de propostas para o aproveitamento e utilização do espaço onde encontram-se o autódromo e também o kartódromo de Interlagos é que a prefeitura irá elaborar os documentos que especificarão aquilo que poderá ou não ser feito e, a partir daí, é aberto um processo de consultas e audiências públicas. O edital final, com possíveis alterações, só será publicado depois de ser finalizado todo esse processo.

 

Ao contrário do que foi noticiado em diversos veículos de mídia, quatro e não cinco grupos se interessaram pela concessão do autódromo (o RNDG, a WTorre, a Time Four Fun e o Acelera BR). Comparado a outros processos semelhantes lançados pela administração municipal, como o estádio do Pacaembu, e o ginásio do Ibirapuera, a disputa pela concessão do autódromo de Interlagos foi a que atraiu menos interessados, inicialmente. No caso do estádio, 7 empresas mostraram interesse e 4 disputaram o edital. No caso do ginásio do Ibirapuera, 9 empresas apresentaram projetos. Vejamos, no decorrer do processo do autódromo de Interlagos, quantas empresas apresentarão projetos no edital.

 

O presente estágio esteve aberto até o último dia 26 de agosto onde os grupos inicialmente interessados poderiam apresentar seus modelos de projeto (Procedimento Preliminar de Manifestação de Interesse - PPMI) para a utilização do autódromo, o que foi feito pelos 4 grupos mencionados no parágrafo anterior. Agora, creio, cabe a mim apresentar quem são estes referidos grupos aos meus estimados leitores para que possamos ter uma melhor visão do cenário.

 

O grupo RNDG Consultoria e Negócios, do qual faz parte o piloto Affonso Giaffone, venceu o edital para reformar e gerir o autódromo Nelson Piquet, em Brasília, o mesmo mencionado na coluna da semana passada e que o TCDF está querendo impugnar. Recentemente o grupo venceu e assinou a concessão do complexo esportivo que engloba o Estádio Mané Garrincha, também em Brasília, por 35 anos.

 

A WPR Participações LTDA (WTorre), é conhecido por ter construído e fazer a gestão da arena de futebol do Palmeiras. O grupo concorreu também a concessão do Estádio do Pacaembu e ficou em terceiro lugar na concorrência do referido edital (entre os 4 apresentados). A empresa constrói shopping centers, prédios comerciais e outros empreendimentos que são o sonho de consumo de alguns vereadores paulistanos e uma real ameaça ao autódromo como autódromo.

 

A empresa Time Four Fun (T4F), é a dona da VICAR, empresa que promove a Stock Car, mais importante categoria do automobilismo nacional. Voltada para o entretenimento, entre seus eventos, a apresentação de artistas de renome mundial e festivais de música já tiveram como palco o autódromo. A empresa tem a parceria/concessão de 4 espaços na capital paulista.

 

O grupo Acelera BR, que supostamente seria uma associação ligada à Confederação Brasileira de Automobilismo, teve na informação do Assessor de Imprensa da entidade máxima do automobilismo nacional, Sr. Emerson Souza, negou categoricamente não apenas a ligação com este grupo como sequer haver conhecimento de quem seriam os integrantes deste grupo e o que o mesmo teria proposto.

 

Durante todo o tempo de tramitação do PL 705, da gestão de João Doria à frente da prefeitura de São Paulo, a associação Interlagos Hoje, grupo que reúne integrantes das federações de automobilismo e motociclismo de diversos estados, clubes, pilotos, escolas de pilotagem e empresários, que por quase dois anos trabalharam nos bastidores da câmara municipal e de secretarias da prefeitura até que o projeto tivesse sido arquivado mantém-se atento.

 

Liderado pelo colunista do site dos Nobres do Grid e diretor de provas internacionais, Sergio Berti Izé, e pelo empresário Orlando Sgarbi, o movimento Interlagos Hoje terá mais uma etapa onde eles trabalharão para que a prioridade deva estar voltada para o esporte motor, com a garantia de manutenção da pista dentro dos padrões atuais, garantia de preços variáveis para as locações de eventos, reativação das áreas de uso público, que de acordo com lei ordinária de 1997 abria as áreas no entorno da pista, quando não há eventos esportivos ou locações, como área de lazer para o público, manutenção e preservação das áreas de mata nativa, permissão de exploração de áreas autorizadas onde shows e eventos em datas não abertas para o esporte a motor.

 

O que estes grupos vislumbram como possibilidades de retorno com a concessão de Interlagos é ainda algo a se descobrir, mas certamente todos enxergam possibilidades concretas de retorno. Vamos acompanhar os próximos passos com muita atenção e com informações corretas.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva 
Last Updated ( Thursday, 12 September 2019 09:53 )