Uma pergunta para Frank Williams Print
Written by Administrator   
Wednesday, 20 March 2019 23:15

Caros Amigos, depois de quatro meses de ansiedade, os fãs de Formula 1 puderam ver os carros da categoria mais cobiçada e prestigiada do mundo largaram para o GP da Austrália em Melbourne.

 

Não vou fazer da minha coluna mais um comentário sobre a corrida vencida brilhantemente por Valttery Bottas ou criticar a ordem de equipe dada pela Ferrari, tão pouco reverberar as queixas de Lewis Hamilton no rádio sobre a estratégia que a equipe adotou.

 

De certa forma, com um pouco de saudosismo e uma boa dose de preocupação ao ver a performance dos carros da Williams ao longo do final de semana e minha preocupação vai bem além da última fila do grid. Ver o campeão da Fórmula 2 em 2018, George Russell terminar a corrida com duas voltas de desvantagem para o vencedor e não ver perspectivas de progressos para um time que já foi campeão e dominador da categoria não é uma questão de mero saudosismo. Sobre Robert Kubica, a situação foi ainda mais constrangedora, para dizer o mínimo. Mas um problema tão complexo como apresentado pela Williams desde o ano passado tem raízes bastante profundas.

 

O corpo técnico da Williams esteve à beira de um motim contra seu diretor técnico, Paddy Lowe, já que problemas com a construção do seu carro de 2019 ameaçam privar a equipe do crucial período de testes de inverno pelo terceiro dia consecutivo. Tal situação precipitou a saída do engenheiro que veio da Mercedes alimentando esperanças de que por suas mãos a equipe revertesse a espiral negativa na qual mergulhou em 2016, após uma excelente temporada em 2014 e uma temporada aceitável no ano seguinte.

 

Mesmo com os padrões recentes e sombrios da equipe britânica, os eventos das últimas que antecederam o período pré-temporada em Barcelona foram profundamente lamentáveis, especialmente em se tratando de uma equipe com o histórico da Williams, com o carro não chegando em Barcelona até a madrugada da quarta-feira da primeira semana de testes, a equipe da Williams estava trabalhando durante a noite só para garantir que ele estivesse pronto para a sessão da tarde. Após o cancelamento de shakedown planejado da semana passada do Williams FW42, bem como a perda de dois dias e meio de testes.

 

So as hostes de Paddy Lowe a equipe foi ao fundo do poço na temporada de 2018, marcando apenas 7 pontos na temporada (os meus estimados leitores mais antigos poderão certamente lembrar da catastrófica campanha da Brabham em 1979, quando a equipe conquistou também 7 pontos, mas para a temporada seguinte, eles reencontraram o caminho e Nelson Piquet poderia ter sido campeão do mundo já em 1980. Contudo, a espiral da Williams continuou apontando para baixo nas duas semanas pré-temporada e esteve sempre com os piores tempos.

 

Enquanto Sir Frank Williams, o fundador da equipe, supervisiona pessoalmente o trabalho de desenvolvimento na fábrica de Grove, a administração do dia-a-dia está nas mãos de sua filha Claire, a vice-diretora da equipe. Mas é bom lembrar que ela chegou a colocar em xeque sua continuidade na função no ano passado, mas era evidente que ela e Paddy Lowe não falavam o mesmo idioma e que as decisões erradas dele (ninguém viu isso?) precipitaram a lamentável situação que vimos na abertura do campeonato em Melbourne. Até no documentário sobre os bastidores da Fórmula 1, que será transmitido pela Netflix, mostrando imagens inéditas da Williams, expõe questionamentos sobre suas credenciais para liderar a equipe durante o Grande Prêmio de Mônaco da última temporada.

 

Não preciso alongar-me em comentários sobre a performance da equipe e seus pilotos no final de semana de abertura do campeonato. A equipe investiu grande esperança em sua formação de pilotos, tendo emparelhado com o polonês Robert Kubica com o novato britânico de 21 anos, George Russell, mas os problemas com o carro parecem muito enraizados para superar a qualquer momento em breve. Ficou evidente que mesmo em teino e principalmente em corrida, o polonês não tem condições de andar sequer no mesmo ritmo do estreante inglês e este, por sua vez, não tem como por sobre si a responsabilidade de encontrar as soluções para um problema que vai além do cockpit.

 

Sendo o dinheiro o maior combustível para uma equipe, a saída de Lance Stroll e a perda do patrocínio da Martini foram dos golpes letais na equipe de Frank Williams. A não permanência de Sergey Sirotkin e a opção por Robert Kubica, ao menos na corrida de abertura, talvez tenha se mostrado errada. Por maior que seja o histórico e a capacidade mental do polonês, o que ele tem – fisicamente falando – a oferecer durante uma corrida de mais de 90 minutos não se resume aos quase dois segundos que Russel impôs a ele.

 

Em 10 dias teremos a segunda etapa do campeonato e acho pouco provável que qualquer comentarista de automobilismo que esteja acompanhando a Fórmula 1 acredite que haverá qualquer tipo de mudança no cenário apresentado em Melbourne. Infelizmente vimos este mesmo filme ao longo dos últimos 25 anos com a Lotus, Tyrrell e Brabham.

 

Ao contrário das equipes anteriormente mencionadas, a Williams tem uma estrutura e projetos de engenharia para o automobilismo que vão muito além da sua equipe de Fórmula 1. A sobrevivência da equipe ou uma mudança no caminho que eles estão seguindo é uma pergunta que não pode ser respondida por outro que não o próprio Frank Williams.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva