Pontos a se considerar Print
Written by Administrator   
Wednesday, 13 March 2019 23:04

Caros amigos, passados os meses do inverno europeu e a ansiedade de todos os fãs do automobilismo, a temporada 2019 do Campeonato Mundial de Fórmula 1 vai ter início neste próximo final de semana no circuito de Albert Park, na Austrália.

 

A expectativa antes do início de qualquer temporada sempre existe, mas a temporada de 2019 começa com a expectativa de uma Ferrari mais rápida do que a Mercedes e com um carro capaz de “arrancar sorrisos” de Sebastian Vettel depois de uma segunda metade de ano tenebrosa para o piloto alemão.

 

A temporada traz ainda uma “misteriosa” Red Bull com uma carro – mais uma vez – revolucionário e um surpreendentemente resistente e potente motor Honda, uma disputa equilibrada entre as demais equipes, com a perspectiva de disputas bastante agitadas, especialmente se as mudanças feitas no regulamento se mostrarem eficientes, e uma Williams que perdeu seu principal nome – Paddy Lowe – que aparenta estar sob um comando vacilante e tomando o rumo de outras equipes, que já tiveram seus anos de glória nas mãos de grandes comandantes como a Tyrrell, Brabham e Lotus, estar vivendo o ocaso de sua existência.

 

Sessenta anos depois o campeonato terá de volta o ponto extra para o piloto que fizer a volta mais rápida da corrida. Poucos dos fãs de Fórmula 1 lembram que no início de tudo, entre 1950 e 1959 o piloto que estabelecesse a volta mais rápida da prova recebia um ponto extra. No atual formato, há uma pequena diferença: esse piloto precisa terminar a corrida entre os 10 primeiros. Do contrário, nenhum ponto será dado. É uma regra semelhante a já existente na Fórmula 2.

 

Sendo 21 etapas no campeonato mundial, temos – potencialmente – 21 pontos em disputa pelos 20 pilotos que disputarão o campeonato (pelo menos na teoria, pelos 20 pilotos). Uma vez que já tivemos diversos campeonatos na história da categoria em que o título foi dividido por um ponto apenas – e ainda temos o caso de 1984, onde a diferença entre Niki Lauda e Alain Prost foi de meio ponto – esta novidade da temporada pode ser algo capital para os postulantes ao título e um motivador para que ninguém descuide do controle da corrida até a última volta.

 

Para o telespectador, que quer ver a disputa na pista, que quer ver corridas emocionantes e disputas entre carros e pilotos de diferentes equipes, de uma forma geral passa desatento pela outra grande disputa que vem tomando vulto e pode ser o fator de maiores “emoções” ao longo da temporada de 2019: a renovação dos contratos da Fórmula 1 – agora sob o comando do Grupo Liberty Media – com os proprietários de autódromos e promotores de GPs ao redor do mundo.

 

No final do mês de janeiro eu escrevi sobre o assunto, abordando o pleito da FOPA (Associação de Promotores da Fórmula 1, em tradução livre), que na época divulgou um duro comunicado manifestando sua preocupação com a postura dos dirigentes do Grupo Liberty Media em relação as questões políticas do esporte. O comunicado, assinado pelos promotores de 16 dos 21 GPs do calendário de 2019, critica a falta de comunicação e colaboração entre o Grupo Liberty Media e organizadores dos eventos, assim como por não ter voz ativa na gestão do calendário.

 

A gestão do calendário tem sido um dos grandes pontos de conflito entre não apenas os promotores de eventos, mas também em relação as equipes. O Grupo Liberty Media tem buscado “expandir mercado”, algo que o “manager” anterior, o interminável Bernie Ecclestone fez ao levar a Fórmula 1 para o oriente médio, Singapura, Azerbaijão, Rússia e até para a Índia.

 

A polêmica tem girado justamente em torno do nome do controverso octogenário inglês que, enquanto era o todo poderoso da categoria, não hesitou em cobrar valores elevados de promotores de eventos, de impor regras nada flexíveis no relacionamento com eles e de ter sempre “uma alternativa” a um promotor que não quisesse fazer a corrida em um país com tradição por um país que pagaria o que ele pedisse para ter a Fórmula 1 em seu território.

 

Fora do controle deste esporte que ele transformou ao longo das décadas de 70 a 2010, como tudo no mundo dos negócios, mudanças vieram e mudanças sempre causam impactos quando se tem um sistema acomodado e com a compra da Fórmula 1 pelo Grupo Liberty Media junto à CVC, o modelo de gestão de Bernie Ecclestone não “encaixou” com o a linha de visão empresarial do grupo comandado por Chase Carey. O dirigente inglês saiu quase que pela “porta dos fundos”.

 

Contudo, para quem o conhece bem, sabe que aquela não era uma guerra perdida, mas apenas uma batalha e que agora, Bernie Ecclestone volta à carga. Segundo o diretor-executivo do Liberty Media, Greg Maffei, o ex-todo poderoso da categoria tem dito aos promotores que eles estão pagando demais pelas corridas. E com diversos contratos em período de renovação nestes próximos dois anos, envolvendo praças como Inglaterra, Alemanha, Espanha, Itália e México (além do Brasil em 2020), há o fator do apoio governamental aos eventos, como nos casos do governo do Azerbaijão, Rússia e países árabes, que pagam o preço pedido na época por Bernie Ecclestone. Inclusive o governo mexicano já informou que não irá mais colocar dinheiro na realização da efervescente corrida do autódromo Hermanos Rodrigues depois de 2019.

 

Talvez, perto desta disputa longe das pistas e câmeras de tv, a luta pelo ponto que pode ser conquistado com a melhor volta na corrida, as vitórias dos favoritos ou as potenciais ultrapassagens devido ao novo regulamento não venha a ser o assunto que irá tomar as manchetes do noticiário ao longo do ano.

 

Eu já havia encerrado a coluna quando recebi a notícia da morte do Diretor de Provas Charlie Whiting. Um perda sem tamanho para o automobilismo. Em nome de todos do Projeto Nobres do Grid deixo aqui a nossa nota de pesar.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva

  
Last Updated ( Thursday, 14 March 2019 08:52 )