Um ano bom para o automobilismo brasileiro Print
Written by Administrator   
Wednesday, 26 December 2018 09:25

Caros Amigos, desde quando foi confirmada a ausência de pilotos brasileiros para a temporada de Fórmula 1 de 2018 o que se ouviu foi “um rosário de muitas lamentações” – como costumava dizer o minha avó – e uma enxurrada de críticas onde a Confederação Brasileira de Automobilismo foi inumeramente citada, como se um dia Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet ou Ayrton Senna tivessem sido impulsionados pelo órgão regulador e fomentador do esporte.

 

Esta citação que está no estatuto do órgão logicamente dá margem a uma interpretação neste sentido, como se a CBA tivesse a obrigação de investir milhões e milhões de dólares (que ela não tem, mesmo com toda a “venda de carteirinhas”) para fazer com que pilotos brasileiros possam ter chances reais de chegar na principal categoria do automobilismo mundial.

 

Deixando de lado a discussão política, uma vez que esta nunca terá fim e todos os lados sempre encontrarão argumentos para justificar suas posições e independente de termos tido ou não um piloto na Fórmula 1 este ano, podemos dizer que tivemos um ano bom no automobilismo internacional, com diversos pilotos se destacando nos campeonatos na Europa e Estados Unidos como há um bom tempo não tínhamos.

 

 Caio Collet venceu de forma brilhante o campeonato francês de Fórmula 4, sendo ele um estreante na categoria e correndo na condição de “bolsista”, uma vez que só conseguiu confirmar sua participação após vencer uma seletiva que tinha como prêmio a participação na temporada da categoria de base padrão FIA disputada naquele país. Contudo, tanto o piloto quanto sua família e seu manager sabem que o caminho pela frente é difícil.

 

Esta é a mesma situação de Felipe Drugovich, que foi supremo no campeonato da Euroformula, vencendo catorze das dezesseis corridas disputadas e de forma incontestável. A família Drugovich, de grande tradição do automobilismo nacional, tem em Felipe a sua maior expressão e potencial não falta ao piloto. Apesar da categoria que ele disputou não ser considerada uma categoria tão forte se comparada a outras do continente, não se pode desprezar um piloto que consegue dominar os demais adversários de forma tão incontestável quanto o brasileiro o fez. Assim como Caio Collet, ainda há uma indefinição sobre qual o caminho a seguir e o fator financeiro é um grande adversário nesta corrida.

 

Para Enzo Fittipaldi, que foi terceiro colocado no campeonato alemão e campeão no campeonato italiano da Fórmula 4, ser um piloto da academia da Ferrari – além do peso de seu sobrenome – é um empurrão e tanto nas possibilidades de que o mais novo dos herdeiros do DNA Fittipaldi (prefiro, por enquanto deixar “Emmo” o filho do atual casamento do bicampeão do mundo que ainda corre de kart nos Estados Unidos fora da lista). A condição de piloto de um programa pode proporcionar a Enzo as melhores possibilidades, mas o caminho a ser seguido em 2019 é crucial para que a escalada não termine em queda.

 

Além dos três campeões europeus, tivemos ainda as excelentes participações de Matheus Iório e de Gianluca Petecof na Euroformula e na Fórmula 4 alemã e italiana, respectivamente. O caso de Petecof é o mesmo de Enzo, sendo ele um piloto da academia da Ferrari e que deve fazer a segunda temporada dos campeonatos que disputou pela primeira vez este ano. Na disputa italiana, o brasileiro terminou como o melhor entre os novatos.

 

O Brasil também terá para 2019 dois pilotos como “pilotos de teste” na Fórmula 1, com o reconhecimento do excelente trabalho de Sergio Sette Câmara (e logicamente o fato da Petrobras ser patrocinadora da equipe), independente dos tropeços da Carlin no campeonato da Fórmula 2, acabou por leva-lo à McLaren e mesmo sendo o caso dos pilotos de teste praticamente não irem para a pista, uma vez que quase não se testa, o acesso aos simuladores de uma equipe com a estrutura da McLaren.

 

Pietro Fittipaldi, que teve seus planos atrasados devido àquele acidente em Spa Francorchamps no Mundial de Endurance vai ser piloto de testes na equipe Haas, que tem sede nos Estados Unidos e que, de certa forma, as ligações do piloto que nasceu e cresceu nos Estados Unidos ajudaram a abrir esta porta. É possível que Pietro tenha mais chances de andar no carro nas sextas-feiras do que Sergio Sette Câmara, mas ambos ainda precisam obter a superlicença para assumir um lugar como titular e neste caminho, Sette Câmara tem a vida mais encaminhada, com a próxima temporada da Fórmula 2 na equipe DAMS, ele precisa ficar entre os 4 melhores ao fim do campeonato. Contudo, o título seria de vital importância.

 

Longe da Fórmula 1, infelizmente e injustamente, Felipe Nasr foi campeão do campeonato norte americano de protótipos, logo em seu ano de estreia, mostrando o piloto diferenciado que ele é e o tamanho do desperdício de não ter todo o seu talento e capacidade aproveitados na Fórmula 1.

 

Apesar dos resultados, em especial dos três pilotos nas categorias de base em Fórmulas europeias, precisamos ver até onde nossos pilotos terão “combustível” para continuar acelerando.  

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva