Carlos Col e os axiomas de Zurique Print
Written by Administrator   
Wednesday, 05 December 2018 22:05

Caros Amigos, todos vocês, meus estimados leitores já sabem que eu trabalho com o mercado mobiliário, sendo sócio de um fundo de gestão e investimentos.

 

Neste nosso meio, um tanto distante do esporte a motor (talvez nem tanto como acabarei mostrando), há um ditado bem conhecido onde diz-se: “Não coloque todos os ovos em uma única cesta”. Apesar de muito conhecido, nem sempre ele é bem compreendido.

 

No livro “Os axiomas de Zurique”, uma referência neste meu mundo profissional, e considerado uma “bíblia” daqueles que ainda têm a esperança de enriquecer no mercado financeiro, satiriza o conceito. Em resumo, o autor considera que diversificar é para aqueles que não querem ganhar dinheiro. Literalmente: “Ao diversificar, você cria uma situação em que, provavelmente, ganhos e perdas acabam se cancelando e o deixando exatamente onde começou – no Ponto Zero”.

 

Contudo, a prática e a análise mostram justamente o contrário: Com a diversificação, conseguimos diminuir esse risco, que chamamos de risco específico. O risco específico é aquele que você corre ao deter uma determinada ação. Em uma carteira, os riscos específicos das diversas ações se compensam, e você fica apenas com o chamado risco sistemático, que é o risco do mercado como um todo.

 

Usei esta fórmula ilustrativa para comentar um movimento de mercado relativo ao meio do automobilismo que não deixa de me deixar preocupado com as potenciais implicações futuras. Como uma ação ou lote de ações em um mercado volátil, a aposta correta pode render dividendos consideráveis ao investidor, mas um movimento oscilatório negativo irá gerar um grande prejuízo.

 

No mundo do automobilismo tivemos o recente – e festejado por muitos – anúncio do retorno do promotor Carlo Col ao meio da Stock Car. Convidado pelo dono da empresa, o empresário do ramo do entretenimento, Fernando Altério, o antigo proprietário da VICAR estará de volta ao comando da empresa como presidente do conselho diretivo da empresa, que contará também com a presença do próprio Fernando Altério no conselho e ainda há uma vaga aberta para compor o terceiro integrante deste conselho.

 

O evento da VICAR tem na sua composição os eventos Stock Car, Stock Light e o Campeonato Brasileiro de Marcas. A primeira com 12 corridas por ano e as outras duas com 8 etapas cada uma, acompanhando a categoria principal em seu calendário de execução, que eventualmente tem as três categorias, eventualmente apenas duas, de acordo com o tamanho do autódromo e a sua capacidade de acomodar mais ou menos equipes e competidores.

 

Acontece que, desde o ano passado, Carlos Col também é o promotor responsável pela Copa Truck, chamado pelo grupo de pilotos, proprietários da categoria, para fazer uma gestão profissional e recuperar o prestígio das corridas de caminhões, que sofreu um forte abalo com a cisão dos pilotos com a Fórmula Truck, da família Felix e o esvaziamento da competição original. Uma tinha o nome, a estrutura e não tinha mais pilotos, a outra tinha os pilotos, os caminhões, mas não tinha a expertise no “como fazer o negócio”.

 

Em menos de dois anos Carlos Col conseguiu fazer com que o prestígio e o apelo popular da categoria fosse recuperado. As imagens vistas recentemente nos autódromos de Goiânia e de Pinhais com públicos que encheram as arquibancadas, camarotes e estacionamento, mesmo sem aquela fórmula que trazia uma programação voltada para um público muito específico: os caminhoneiros. Agora o evento busca além destes, o fã de corridas, de automobilismo.

 

Em 2018 Carlos Col e a Copa Truck abraçaram uma outra categoria para fazer parte do evento, algo que em praticamente 20 anos o evento anterior não conseguiu ou não se interessou em atrair. Com restrições orçamentárias devido à diminuição do aporte financeiro da montadora alemã, o Mercedes Challenge encontrou no evento da Copa Truck um parceiro onde eles teriam espaço, visibilidade e tempo de pista para os pilotos, que eram “estrangulados” em um calendário e um ‘schedule’ com três ou quatro categorias, horários curtos e rigidamente cronometrados.

 

Para 2019 a categoria deve receber uma segunda categoria de suporte, fazendo o formato de três categorias no evento com o anúncio no último salão do automóvel da categoria que terá o apoio da Hyundai, utilizando o modelo HB20, equipados com motores de 1600cc, pouca preparação e um custo mais acessível, sendo uma opção interessante para o piloto que deseja iniciar uma carreira em carros de turismo.

 

Com isso se consumando, Carlos Col estará no comando de seis das dez categorias nacionais (exceções feitas à Porsche, Sprint Race, Brasileiro de Endurance e Turismo Nacional 1600). Se formos considerar o fator público nesta “carteira automobilística”, mais de 85% do publico que frequenta os autódromos estará ligado ao sucesso e gestão do empresário paulista.

 

A competência de Carlos Col é algo que ninguém no meio do automobilismo teria coragem de contestar nos dias de hoje, mas até onde ter tantos fatores ligados ao sucesso do automobilismo nacional poderia ser perfeitamente relacionado com um dos “Axiomas de Zurique”.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva