As consequências da inconsequência Print
Written by Administrator   
Wednesday, 03 October 2018 23:33

Caros Amigos, conforme prometi na semana passada, a temática voltada ao nosso automobilismo de consumo interno, necessidade premente para a própria sobrevivência, tanto das categorias que continuam lutando contra a “cultura da bola” no país do futebol, com toda a estrutura invisível dos milhares de empregos diretos e indiretos que o esporte a motor, quanto das praças esportivas, que precisam criar formas de manter seu espaço ativo a maior parte do tempo possível, mas que tem seu momento maior quando tem um evento com transmissão pela TV, com arquibancadas lotadas e grandes disputas na pista.

 

Fui buscar nos ensinamentos de São Tomás de Aquino, em seu tratado entitulado “A teoria da Inteligência”, subsídios para tentar entender como a definibilidade das decisões que seriam naturais e de como a doutrina por vezes imposta cria dogmas que explicitamente refletem o fracasso, apesar das tentativas de se legitimar consequências em relação à decisões tomadas de forma ilógica e/ou inconsequente.

 

Terminei a coluna da semana passada questionando o porquê da VICAR levar a etapa cancelada no autódromo de Tarumã, em Viamão-RS, para Londrina, onde há uma séria restrição para a acomodação do público e onde há a necessidade de se montar arquibancadas com pranchas de madeira e estrutura tubular ao invés de levar a mesma para Curitiba, em um autódromo com uma infraestrutura superior em todos os aspectos para as categorias que lá correrão e para a acomodação do público e onde a prova poderia ser feita pelo anel externo, diferente do traçado da segunda etapa do campeonato e que, segundo as palavras do CEO da VICAR, Sr. Rodrigo Mathias, todos os ingressos foram vendidos em abril.

 

Quem teve ou tem acesso a qualquer das edições do Guia da Stock Car, uma obra de excelência do grande jornalista Milton Alves, que há quase um ano e meio é integrante da nossa equipe de colunistas pode verificar que por muitos anos o autódromo de Curitiba recebeu duas etapas da Stock Car, sendo uma no circuito completo e outra no anel externo, fato que irá acontecer em Goiânia, com a realização da etapa de novembro, que teve seu local de realização definido na segunda quinzena de agosto.

 

Na entrevista que nos concedeu no primeiro semestre deste ano, o CEO da VICAR, Rodrigo Mathias, declarou que a falta de autódromos em condições de receber a categoria era um problema para a VICAR na montagem do calendário e queixou-se da falta de autódromos no país, voltando a considerar como possibilidade concreta o retorno da categoria aos circuitos de rua para levar a categoria para centros sem autódromo e onde a presença de público – e apresentar-se àquele determinado público – seria de interesse da categoria, seus promotores e das equipes com seus patrocinadores.

 

Como a maioria das equipes tem suas sedes no Paraná, São Paulo e Algumas ainda no Rio de Janeiro, uma corrida no autódromo de Curitiba seria muito mais interessante também a nível de logística, muito mais do que em Londrina, mas certamente os acontecimentos do final de semana em abril quando a categoria pagou por um produto e não recebeu o que foi contratado (o autódromo não foi preparado como deveria para receber o evento), além de todas as dificuldades criadas pela amadoresca administração do espaço, que teve seu excelente administrador dispensado em outubro do ano passado, assim como toda a equipe de manutenção do local.

 

Há cerca de 10 dias recebemos de diversos leitores fotos de um conjunto de portas de aço amontoadas e à venda em um ferro velho na cidade de Pinhais-PR, onde fica o autódromo, as mesmas foram identificadas como as portas dos boxes do autódromo, que foram retiradas por falta de manutenção e que, por não ter mais uma equipe para cuidar das mesmas, o atual gestor do espaço “resolveu o problema” da forma mais simples possível.

 

Lamentavelmente o autódromo de Curitiba está entregue ao destino, esperando – talvez – o último evento do calendário nacional (A final da Copa Truck, no dia 2 de dezembro) acontecer para que aconteça o encerramento definitivo das atividades de pista e o desmantelamento do que resta para ser removido, como os guard rails, barreiras de pneus, isso se não levarem antes, à revelia do “administrador”.

 

Dois leitores do site, residentes em Curitiba enviaram para nosso email o link de uma matéria de uma rádio com portal de notícias onde a manchete trazia a morte de um invasor que tentou roubar os fios de cobre do sistema de alta tensão do autódromo, depois de invadir o local e arrombar duas portas fechadas com cadeados. A situação terminou em tragédia porque invasor não sabia (ou não imaginava) que ainda havia alimentação elétrica no local, uma vez que a imagem que nos relatam é de total abandono.

 

Com a interdição de Tarumã e o iminente fechamento do autódromo de Curitiba, resta saber quantos mais poderemos perder nos próximos anos. Gostaria muito de saber do senhor Luis Ernesto Morales se o rigor com o qual ele inspecionou e preparou um caderno de obras de adequação a serem executados no autódromo gaúcho, tenha produzido algo semelhante em relação ao autódromo de Curvelo, que foi evidentemente aprovado para receber uma etapa da Stock Car em 2016 sem a menor condição de segurança.

 

Mas isso é assunto para uma próxima coluna...

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva 
Last Updated ( Thursday, 04 October 2018 10:32 )