O sonho e a realidade Print
Written by Administrator   
Thursday, 22 February 2018 00:01

Caros Amigos, para qualquer empresa de alcance global, estar sob os holofotes – positivamente, claro – é muito importante para consolidar uma posição de mercado e entre as empresas brasileiras poucas tem este alcance e a Petrobrás é uma delas, apesar de ter sido envolvida nos escândalos de corrupção do Brasil e exposta negativamente nos últimos anos.

 

Antes de sairmos criticando a tudo e a todos, como é hábito da maioria dos brasileiros, e muitas vezes sem um real conhecimento do assunto, a Petrobras detém tecnologia de ponta em diversas áreas do ciclo do petróleo e seus derivados. Uma trajetória que não vem de hoje. Quando era a fornecedora de combustível da Williams, os engenheiros da empresa elogiaram a qualidade do combustível produzido, revelando inclusive que o produto brasileiro tinha produzido um ganho de potência por sua eficiência no processo de combustão.

 

Apesar do contrato poder estar sendo celebrado, ao menos por parte da empresa, por outro lado o fato está sendo contestado aqui no Brasil por dois motivos evidentes: o primeiro, o fato de que o contrato não garante a presença ou a entrada futura de um piloto brasileiro na equipe, algo que havia no tempo do primeiro contrato com a Wiliams, onde havia uma cooperação técnica com os engenheiros do time e não só no time principal, mas na equipe Junior que disputava o campeonato da F3000. Na ocasião, alguns brasileiros foram pilotos desta equipe e também pilotos de testes da Williams, casos de Max Wilson, Ricardo Sperafico, Bruno Junqueira, João Paulo Oliveira e Antonio Pizzonia, que chegou a disputar algumas corridas na F1.

 

Atualmente a McLaren tem um programa de investimento em jovens pilotos e o investimento em criar seus campeões teve em Lewis Hamilton seu maior fruto. Atualmente a equipe conta com um piloto que preparou desde as categorias de base em um dos seus carros, o belga Stoffel Vandoorne e este ano, na Fórmula 2, o programa dá ao inglês, Lando Norris, o mesmo passo de formação que veio desde o kart, indo para a Fórmula Renault e seguindo as etapas para chegar na Fórmula 1. Além de Vandoorne e Norris, a McLaren também tem trabalhado a carreira do holandês Nick de Vries, que também disputará a Fórmula 2 em 2018.

 

A parceria entre Petrobrás e McLaren pode ir além das atividades de competição na Fórmula 1. Logicamente que a dependência disso está ligada aos resultados técnicos mapeados no desempenho dos carros. Em atendendo os objetivos – preferencialmente indo além – a parceria pode vir a ser estendida também aos carros esportivos da marca e às diferentes áreas de tecnologia nas quais a McLaren está presente, como inteligência artificial e desenvolvimento de dados.

 

2018 será o primeiro ano em que o Brasil não terá um piloto na Fórmula 1 desde 1970, quando Emerson Fittipaldi estreou no GP da Inglaterra ao volante de um Lotus 49. O anúncio do contrato de parceria entre Petrobrás e McLaren, sem que haja no contrato a possibilidade de se investir em um jovem talento brasileiro para trilhar um caminho até a Fórmula 1 não é o sonho dos brasileiros em geral, que poderiam estar vendo neste acordo a possibilidade de se abrir um caminho para isso acontecer.

 

Na verdade, Zak Brown e Eric Boulier poderiam – e devereiam – olhar com atenção alguns jovens pilotos brasileiros como Gianluca Petecof e Caio Collet, que tem se destacado deste o kartismo. Correndo temporadas completas na Europa e que tem potencial para dar resultado para a equipe inglesa. Certamente os dirigentes sabem quem são os pilotos com potencial para ter uma carreira de sucesso e devem conhecer os dois brasileiros que este ano participarão de campeonatos da Fórmula 4.

 

Por um outro lado, lendo algumas críticas ao contrato firmado, em nenhum artigo de nenhum veículo de comunicação, seja esportivo ou não, no Brasil, Europa ou Estados Unidos (aonde gira a roda da economia mundial) foram mencionados valores envolvidos direta ou indiretamente na negociação. Isso deveria ser o suficiente para amainar algumas críticas proferiras na mídia local sobre as bases do contrato, a condição financeira da empresa brasileira e o fato de não haver nenhuma clausula relativa a entrada de um piloto ou de pilotos brasileiros no programa de jovens talentos da McLaren, certamente um dos mais cobiçados entre os existentes.

 

Uma questão precisa ser levantada e talvez a resposta esteja no parágrafo anterior, justamente na informação que não temos: se a Petrobrás está investindo em uma parceria para ter seu nome ligado a uma das maiores equipes de Fórmula 1 da história, porque não investiu uma parte ou este montante de dinheiro na exposição da sua marca dando apoio e criando programas para melhorar o automobilismo local, criar programa para jovens pilotos brasileiros irem correr no exterior ou mesmo patrocinar um piloto que já esteja correndo no exterior, como os já citados ou ainda Sergio Sette Câmara, Pedro Piquet e os irmãos Enzo e Pietro Fittipaldi.

 

Talvez se formos realmente fazer este questionamento, não venhamos a gostar da resposta.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva