Novos rumos, novos prumos Print
Written by Administrator   
Wednesday, 12 July 2017 22:28

Caros Amigos, a grande assunto que se antecipa ao Grande Prêmio da Inglaterra, onde foi disputado o primeiro GP da história da categoria, dia 13 de maio de 1950, justamente em Silverstone, uma pista construída num antigo campo de pouso utilizado pela Royal Air Force durante a segunda guerra mundial e um dos poucos que não foi atacado pelos bombardeios alemães durante o conflito.

 

Em janeiro deste ano, com a categoria já sobre a gestão do Grupo Liberty Media, o presidente do BRDC (British Racing Driver’s Club), John Grant, disse que o contrato assinado por seu antecessor, Derek Warwick, assinou com a FOM de Bernie Ecclestone um contrato de longa duração em 2013 que comprometia o clube a fazer um grande investimento de modernização do circuito, com a construção de novos boxes, paddock, escritórios, Hospitality Centers e outras conveniências, com duração até 2026 era inviável economicamente.

 

O presidente, que também teve seus anos como piloto apresentou os números para provar que estava falando a verdade... e uma dura verdade: em 2015 o prejuízo foi de 2,8 milhões de libras e no ano seguinte, em 2016, o tamanho do déficit praticamente dobrou, atingindo alarmantes 4,8 milhões de libras. Sem falar nas taxas a ser pagas para realizar a etapa deste ano, um montante de 16,2 milhões de libras.

 

Os contratos assinados nos tempos de Bernie Ecclestone eram extremamente benéficos a FOM, que ganhava em qualquer circunstância. Ao promotor local, as únicas fontes de retorno são o faturamento das bilheterias das arquibancadas, o estacionamento e a locação das barracas de comida e bebida, geralmente insuficientes para cobrir o investimento feito para manter a etapa no autódromo.

 

No caso de Silverstone, a presidência do British Racing Driver’s Club revelou que a taxa tem uma majoração de 5% ao ano, algo muito acima da inflação da Inglaterra e que não tem como ser repassada para os ingressos, uma vez que os salários dos torcedores locais também não sobem à razão de 5% ao ano, o que faz com que o rombo tenda a aumentar a cada ano que passa.

 

Na forma em que foi assinado, o contrato permite sua interrupção após a realização do GP da Inglaterra em 2019 e após reunião do conselho do BRDC, o Grupo Liberty Media foi formalmente informado que a cláusula que permite a interrupção do contrato estaria sendo acionada. Evidentemente que este tema ter voltado à tona justamente nos dias que antecede o GP da Inglaterra tem o claro propósito de levar a cúpula do Grupo Liberty Media para a mesa de negociação e buscar um acordo que não seja danoso ao clube inglês que tem sob sua responsabilidade um dos mais emblemáticos autódromos do mundo.

 

E bom lembrar que o que está acontecendo com Silverstone não é novidade. Diversos autódromos que mantém ou mantiveram contrato com a Formula One Management nas décadas de gestão Bernie Ecclestone passaram por problemas contratuais. Fosse para manter os seus contratos, fosse para renová-los, fosse para atender as reformas exigidas. Diversos deles estão atravessando problemas.

 

Nurburgring tem uma dívida de 300 milhões de Euros que seu dono russo luta para pagar, cobrindo seus empréstimos com outros em outras instituições financeiras. A Malásia também deixou claro que não manteria o GP de Fórmula 1 quando paga 20% do que era cobrado em contrato com a FOM para receber a Moto GP, promovida pela Dorna.

 

No caso da Inglaterra especificamente, nos últimos anos, com seu olhar aguçado, Bernie Ecclestone já vinha trabalhando a ideia de fazer uma corrida em um circuito urbano no centro de Londres, contando com a simpatia de boa parte do empresariado local. Ele tentou, antes da renovação do contrato de Silverstone, a possibilidade de voltar a usar Donington Park, mas os proprietários do circuito nem se esforçaram a discutir a proposta, tamanho o investimento necessário para adequar a pista aos padrões exigidos pela FOM.

 

A Fórmula 1 vive novos ares e Chase Carey já deu sinais que considera importante as praças tradicionais, tanto que está negociando a volta do GP da França e em Paul Ricard. Não vejo como algo impossível um “ajuste” no contrato e a continuidade de Silverstone por muitos e muitos anos.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva