O incômodo silêncio em torno de Felipe Nasr Print
Written by Administrator   
Thursday, 02 February 2017 00:08

Caros Amigos, esta semana tem se mostrado conturbada no âmbito do automobilismo nacional, com a questão da Fórmula Truck, muito bem abordada em nosso Editorial. Contudo, não consigo me desligar de um assunto que há semanas venho protelando a abordagem, mas que cedo ou tarde eu precisaria fazê-lo: Felipe Nasr.

 

A Fórmula 1 é, por vezes – talvez por muitas vezes – uma categoria ingrata e injusta com bons valores que tem imenso potencial, mas que por circunstâncias não conseguem ter uma chance real de mostrar sua capacidade ou mesmo ter um cockpit para sequer sentar e se fazer presente no grid. Diante do encerramento das atividades da Manor, o piloto de Brasília está vivendo esta desagradável experiência.

 

Em sua entrada na Fórmula 1, Felipe Nasr contou com o fundamental apoio do Banco do Brasil, que estampou as cores no carro da equipe Equipe Sauber por duas temporadas, a um valor de investimento de 12 milhões de Euros por ano para ter Felipe Nasr como um de seus pilotos. Este valor é apenas um pouco menor do que o investimento feito anualmente na Confederação Brasileira de Volei (CBV), incluindo as modalidades de quadra e praia, masculino e feminino.

 

Um dos problemas do patrocínio esportivo é o retorno e o ano de 2016 foi o oposto do promissor 2015, quando Felipe Nasr atraiu os olhares com excelentes corridas, o triplo dos pontos do seu companheiro de equipe e a melhor estreia de um brasileiro na Fórmula 1 até hoje. Os dois únicos pontos da Equipe Sauber em 2016 foram uma obra das circunstâncias climáticas e da capacidade de pilotagem de um piloto como ele, que levou aquele carro a um 9º lugar.

 

O problema é que a dependência do patrocínio continuava presente, a disputa pelo seu lugar na equipe aumentava e as condições econômicas do país iam na direção contrária das necessidades do nosso piloto, com o Banco do Brasil anunciando uma redução anual de 750 milhões de Reais em despesas, além de anunciar um “Plano Extraordinário de Incentivo a Aposentadoria”.

 

A crise financeira, o desmoronamento do governo federal e a revelação de um déficit bilionário nas contas públicas estavam levando o Banco do Brasil a fechar Pelo menos 28 superintendências regionais de varejo e três de governo serão fechadas. Além disso, o BB fechará dois centros de serviço e sete gerências regionais de controles internos, 402 agências em todo o país e na transformação de outras 379 em postos de atendimento bancário, em um processo que teria início no ano seguinte, em 2017. Com esta mudança, o impacto implicará na redução de 9.300 vagas no quadro de pessoal.  Como justificar um investimento de 12 milhões de Euros em patrocínio de um só atleta?

 

Um grupo de diretores do banco chegou a ir até o Autódromo Internacional José Carlos Pace para ter uma reunião com Monisha Kaltenborn, Diretora da Equipe Sauber. Contudo, os valores que o banco ainda estaria em condições de investir como patrocínio estavam muito aquém do que havia sido praticado nos anos anteriores.

 

O grande “pecado” foi o fato daquele 9º lugar conquistado brilhantemente em Interlagos ter rendido para a Equipe Sauber cerca de 40 milhões de dólares em premiação do campeonato, muito mais do que seria o patrocínio por uma nova temporada. Dinheiro este que fez imensa falta à Equipe Manor, que tinha um ponto conquistado até então e contava com esta premiação para manter-se viva para 2017.

 

A questão que mais me incomoda – e certamente não apenas a mim – é o silêncio por parte de sua assessoria de imprensa, seu tio e manager, Amir Nasr, e dele próprio sobre as possibilidades para 2017. Não creio que haja no Brasil um fã de Fórmula 1 que não deseje ver seu sucesso, seja na Fórmula 1, seja em qualquer outra categoria do automobilismo internacional.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva