Reflexões Póstumas! Print
Written by Administrator   
Wednesday, 10 August 2016 21:59

Caros amigos, é sempre muito triste quando recebemos a notícia da morte de um piloto e precisamos falar sobre isso. Sendo o Site dos Nobres do Grid um site de história, o estimado leitor pode até pensar que a coluna desta semana vai ser sobre o falecimento de Chris Amon, um piloto que mesmo só tendo ganho uma corrida de Fórmula 1 na vida, esta não contava pontos para o campeonato mundial e ainda assim, tratam-no com mais respeito aqui no Brasil do que tratam Rubens Barrichello e Felipe Massa.

 

No sábado passado o piloto norte-americano Bryan Clauson sofreu um gravíssimo e violento acidente em oval de terra de Belleville, no Kansas, quando disputava uma corrida da categoria de “Midget Cars” (ou “carros anões”, se formos traduzir ao pé da letra), que é homologada pela USAC (United States Auto Club), uma das Federações Promotoras (nos Estados Unidos as coisas são diferentes daqui do Brasil).

 

Os “Midget” são carros com uma relação peso/potência poderosa (e perigosa). Os carros pean 450 Kg e tem motores de 400cv, correndo em provas de circuitos ovais, muitas vezes bastante pequenos como o de BelleVille, que tem apenas meia milha de comprimento. Ou seja, 804,5 metros. Menor do que muitos dos nossos kartodromos.

 

Apesar de terem uma estrutura tubular – aparentemente – bastante resistente, é um caso a se pensar até onde vai a segurança destes veículos, especialmente por suas aberturas laterais e frontais, que expõem os pilotos muito mais do que qualquer monoposto, seja dos sob regulamentos da FIA, seja os sob regulamentos particulares dos Estados Unidos.

 

Bryan Clauson já havia vencido esta prova em três ocasiões e, depois de largar na nona posição, disputava a liderança quando os líderes chegaram no tráfego dos retardatários. Tentando se desvencilhar dos carros mais lentos, soltar, acabou indo em direção ao muro e teve o carro jogado de volta à pista de 1/2 milha. O carro da Simpson Racing estava de lado quando foi acertado na direção do cocpkit em uma colisão em “T”.

 

As imagens disponíveis na internet não mostram o que fez o Bryan Clauson desgarrar na curva, mostrando apenas o carro saindo pela tangente até tocar na mureta e sair capotando, voltando para a parte mais baixa da pista onde foi atingido por outro competidor que não conseguiu se desviar.

 

Acidentes podem acontecer em qualquer corrida. É um esporte de risco e todos que o praticam sabem que estão sujeitos a isso, mas algumas coisas do automobilismo norte americano costumam me impressionar – negativamente – por coisas que no meu pouco entender beiram o amadorismo.

 

Um exemplo disso foi o acidente que encerrou a carreira do tricampeão das 500 milhas de Indianápolis e tetra campeão da categoria, Dario Franchitti, que voou em direção a uma tela de proteção onde as imagens não mostravam haver os cabos de aço tensionados na mesma, algo que foi visto no circuito da categoria montado no Anhembi. A tela no circuito de Houston era uma tela comum, incapaz de resistir o impacto como exige as normas da FIA.

 

No caso das categorias americanas, vemos carros com uma fragilidade em termos de segurança e circuitos com padrões de infraestrutura que beiram o improviso e com isso, os riscos aos pilotos que neles correm aumenta potencialmente.

 

No caso do acidente de Bryan Clauson, a equipe de resgate levou cerca de 30 minutos para conseguir tirar Bryan das ferragens do carro antes de colocá-lo num helicóptero. O piloto estava inconsciente quando foi colocado no helicóptero, mas segundo um amigo da família, o piloto conseguia respirar por conta própria, algo que não condizia com o quadro clínico que se apresentou ao longo das horas seguintes.

 

Infelizmente o quadro crítico que foi apresentado nos boletins médicos chegara ao final que ninguém gostaria de receber, com o anúncio da morte do piloto, internado no Centro Médico do Oeste, em Lincoln, Nebraska, distante cerca de 209 Km do circuito onde sofreu o acidente.

 

Procurei, desde segunda-feira até a tarde de hoje (quarta-feira), pelas notícias onde a USAC estivesse sendo apedrejada em praça pública como uma adúltera muçulmana ou como fariam aqui no Brasil com a CBA caso algo assim acontecesse numa etapa do campeonato brasileiro de velocidade na terra. Nem uma linha!

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva 

Last Updated ( Thursday, 11 August 2016 00:23 )