Atitude e Hombridade! Print
Written by Administrator   
Thursday, 24 September 2015 00:49

Caros amigos, foi particularmente difícil escolher um tema para a coluna desta semana, diante de tantos acontecimentos e notícias relevantes no meio do esporte a motor, mas a minha escolha acabou sendo sobre questões de ética e hombridade, algo extremamente necessário em todos os seguimentos da vida, não apenas no esporte.

 

Há pouco menos de um mês, escrevi um duro e realístico editorial (leia aqui) sobre a ação da SPTuris com relação aos interesses do automobilismo nacional onde o órgão da prefeitura de São Paulo priorizou a assinatura de locação com um cliente, quando poderia tê-lo feito com mais de um e com isso impediu, tecnicamente, a viabilidade da realização da etapa de encerramento da Fórmula Truck.

 

Descobrimos por meio do nosso correspondente da Sucursal do Ceará, o jornalista Roberio Lessa, que a Fórmula Truck não foi a única vítima da manobra comercial da SPTuris. A Moto 1000 GP, a mais importante categoria de motovelocidade do país tinha buscado as datas do final de semana 27, 28 e 29 de novembro para realizar a etapa de encerramento do campeonato de 2015, mas teve suas pretensões frustradas.

 

Segundo nota oficial da categoria, a direção do Campeonato Brasileiro de Motovelocidade buscou, inclusive, compor uma ação conjunta com competições de automobilismo que terão etapas em Interlagos (sem mencionar com qual deles seria). Diante da inviabilidade dessa composição e do sucesso verificado em suas últimas etapas em Curitiba, a capital paranaense acabou por ser escolhida.

 

Mais uma vez venho aqui cobra uma atitude da Confederação Brasileira de Automobilismo – e agora incluo também a Confederação Brasileira de Motociclismo – a tomar uma atitude, junto ao Ministério do Esporte para que haja uma intervenção administrativa na gestão da SPTuris em uma praça de esportes por não estar dando a devida prioridade aos eventos esportivos no local e a estar agindo de forma (suspeita) a prejudicar promotores de eventos de esporte a motor em detrimento de outrem.

 

Será que um senhor de parcos cabelos brancos como o senhor Diretor da SPTuris, fruto dos anos e experiências vividas não pode ter, não quer ter a hombridade e a decência de, no caso de uma praça como Interlagos, dar a devida atenção ao esporte a motor? Será que locar o autódromo para a Fórmula Truck ou para a Moto 1000 GP é tão deficitário a ponto de ser preferível fazer uma outra atividade?

 

Enquanto isso, veio do outro lado do mundo, numa palavra dita de forma dura, contundente e direta pronunciada por um adolescente de 17 anos. Max Verstappen e Carlos Sainz Jr. estavam correndo bem próximos, em oitavo e nono lugar, respectivamente quando se aproximaram do sétimo colocado, o mexicano Sergio Perez.

 

Os pneus do piloto espanhol eram um pouco mais novos, tinham menos voltas do que os de Verstappen. Foi quando, vendo o seu piloto tentando sem sucesso ultrapassar o adversário da Force India, que tem um motor mais forte (Mercedes) em relação aos Renault da Toro Rosso, ouvimos a recuperação do rádio na transmissão da televisão onde alguém da equipe (engenheiro, estrategista o seja quem for) deu uma instrução para que Verstappen trocasse de posição com seu companheiro de equipe para que o mesmo tentasse passar o adversário de outra equipe.

 

O sonoro “NÃO” foi dado não apenas uma, mas duas vezes e de forma que qualquer um entenderia a mensagem, o grau de indignação e a personalidade que este menino demonstrou ter. lembrei do episódio do Rio de Janeiro, em 1981, quando Carlos Reutemann recusou-se a ceder a posição para o seu companheiro de equipe, o então campeão do mundo, Alan Jones.

 

A diferença entre a atitude de Carlos Reutemann e a de Max Verstappen, em ceder a posição para seu respectivo companheiro vai muito além do que poderíamos chamar de “ética do esporte”. Em 1981 o argentino estava prestes a completar 39 anos, mais do que o dobro do precoce piloto holandês (que nasceu na Bélgica) e o que estava em jogo era uma vitoria e não um ou dois pontos no campeonato de construtores, no qual a equipe austríaca está 28 pontos atrás da concorrente indiana.

 

A situação foi tão constrangedora para a equipe que Franz Tost, chefe da equipe Toro Rosso, depois da corrida, veio “apoiar a atitude de Max Verstappen”, dizendo que, depois de observar melhor, Carlos Sainz Jr. não conseguia se aproximar o suficiente para ultrapassar o companheiro, que perseguia a Force India.

 

A atitude de Max Verstappen poderia perfeitamente para aqueles que protagonizaram os “hoje sim”, os “faster than you”, as “batidas planejadas” e também mostrar que atitude e hombridade não dependem de idade, cabelos brancos ou pseudointeresses comerciais.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva