Nuvens negras sobre o Planalto Central Print
Written by Administrator   
Wednesday, 12 November 2014 22:05

Caros Amigos, o tema da coluna desta semana estava praticamente fechado e o texto pronto quando recebemos a notícia, também oriunda do planalto central que nos fez mudar radicalmente de direção e elevar o nosso ceticismo em relação a mais um projeto onde o conturbado cenário político nacional afetará – mais uma vez – o combalido cenário esportivo.

 

O Diário Oficial de Brasília na data de ontem, quarta-feira, 12 de novembro, que a licitação para as obras de reforma do autódromo Nelson Piquet seria adiada. A razão do adiamento foi a descoberta de falhas no processo, cujo laudo foi assinado por três engenheiros. O adiamento está assinado pela assessor da empresa, Paulo Jayme Barbosa Ferreira.

 

Segundo Renato Rainha, conselheiro do Tribunal de Contas do Distrito Federal, os três engenheiros fizeram um laudo detalhado e especificaram as falhas no edital. O ponto que mais chamou a atenção foi terem solicitado em um mesmo contrato duas obras. “A licitação continha as reformas a serem feitas para realizar o evento da Fórmula Indy e as obras necessárias para depois deste campeonato. Deveriam ser duas licitações distintas. Dessa forma atrasariam as obras para o evento”, observou Rainha.

 

Além disso, os engenheiros observaram que não havia o projeto básico de licitação definido, este específica os serviços e obras a serem contratados. O documento também não trazia informações sobre pesquisa de preço. Com o projeto básico repleto de falhas, com serviços e obras cobrados duas vezes e sem o levantamento de custos correto (que novidade, não?), o cancelamento era a medida a ser tomada, informou o conselheiro do Tribunal. As obras estavam previstas em 250 milhões reais, podendo chegar a até 312 milhões... e provavelmente não pararia por aí, vide o custo final da reforma do estádio para a copa, que bateu na casa dos dois bilhões de reais.

 

Quem vem assistindo regularmente os canais de televisão do sistema Bandeirantes (TV Bandeirantes, Band Sports e Band News teve oportunidade de ver nos últimos 10 dias, pelo menos, uma grande quantidade de notícias sobre a corrida, mostrando reuniões da presidente Maruska Lima, da empresa encarregada da obra – a Terracap – em reuniões e explanações sobre o que e como seria feito com a participação dos “inocentes” americanos que não sabem o tamanho da cumbuca onde estão enfiando a mão.

 

É sempre bom lembrarmos que todo este processo está se dando no final de um mandato governamental onde o governador que está deixando o cargo no Distrito federal, Agnello Queiroz, teve seu nome envolvido em diversos processos administrativos onde a legalidade e a matemática dos números apresentados foi questionada.

 

Candidato à reeleição, foi alijado do segundo turno por decisão soberana da população, que elegeu um antigo aliado, Rodrigo Rolemberg, cujo partido – o PSB – lançou candidatura própria. Se bem que, antes disso, os eleitores do Distrito Federal estavam dispostos a reconduzir ao governo o ficha suja José Roberto Arruda, envolvido em escândalos no senado e depois no próprio governo do DF.

 

Com a troca de comando no governo, ter a garantia de uma obra como essa, estimada em 300 milhões de reais, mas que o histórico de obras públicas do nosso país pode vir a multiplicar a cifra em pelo menos duas vezes este numerário. Sendo assim, a troca de comando certamente se apresentaria como um “risco extra” para todo o processo.

 

O problema vai muito além do campo automobilístico e mesmo esportivo. Em junho de 2013, um relatório do Conselho Fiscal da TERRACAP apontou a  grande dificuldade financeira enfrentada pela  empresa, que naquele ano teve  um lucro de R$ 335 milhões e um passivo de R$ 1 bilhão. A recomendação do Conselho era de conter gastos e suspender doações. No entanto, a Agência continuou tomando medidas administrativas altamente prejudiciais à sua vida financeira, como contrato milionário de publicidade enorme quantidade de patrocínios e shows, reestruturação da empresa, além de doações descontroladas de lotes.

 

Cabe agora a Novacap, empresa de urbanização do Distrito Federal, parte da Terracap, a agência do governo fazer um novo dital de licitação, ao menos para a primeira parte da reforma, com as alterações do traçado e o recapeamento da pista – que nunca for recapeada desde a sua construção, em 1974 – e a adequação das condições de segurança com as áreas de escape, telas e barreiras de pneus. Além disso, ter as arquibancadas móveis com capacidade para abrigar cerca de 80 mil espectadores.

 

Eu continuo querendo acreditar... mas está ficando mais difícil.

 

Enquanto isso, no Balcão do Cafezinho…

 

Certa vez, o Nelson Piquet mandou uma daquelas que só ele é capaz de mandar e falou que o Comendador Enzo Ferrari estava ‘Gagá’, para delírio da imprensa italiana. Acho que ou o “Bom Velhinho” tá se fazendo ee louco, ou tá pedindo pra tomar um “tchau e benção” ou tá ficando ‘Gagá’ tanbém.

 

Ele declarou neste final de semana aqui no Brasil que não acredita que a crise da Fórmula 1 tenha tamanha proporção em relação ao que tem sido noticiado e negou qualquer possibilidade de o grupo CVC, acionista majoritário da F1, fornecer uma quantia para ajudar as equipes que necessitam de ajuda financeira, apesar do CEO da CVC, Donald Mackenzie ter declarado que estaria destinando 100 milhões de libras para a Sauber, a Force Índia e a ‘Nega Genii’ não fecharem as portas também.

 

Caso o “Bom Velhinho” tenha razão e o depósito do dinheiro da CVC não seja feito, isto certamente vai reabrir as discussões e colocar as equipes menores em ponto de ameaçar um novo boicote. Gerard Lopez, dono da “Nega Genii” havia deixado claro que queria uma solução até o fim de semana do GP do Brasil. Até agora ninguém falou nada, e com isso o risco de vermos um grid ainda menor em Abu Dhabi volta a existir. 

 

Ao saber que a Caterham está fazendo uma “vaquinha”pela internet (crowdfunding) para arrecadar a quantia necessária e levar a equipe para a última etapa em Abu Dhabi, o “Bom Velhinho” declarou que a atitude tomada pela equipe inglesa é inaceitável, pois apenas permanece no esporte quem tem meios de se manter sozinho que  tal atitude “é um desastre para a imagem da categoria.”

 

E não é que a ‘vaquinha tá funcionando? o “#RefuelCaterhamF1”, para arrecadar a quantia necessária, 24 horas depois da criação, a equipe já havia conseguido acumular 515,8 mil libras. Na terça-feira já havia passado da casa de um milhão. A equipe percisa de 2,38 milhões de libras para poder levar sua estrutura até o oriente médio e participar (disputar é muito eufemismo) da etapa de encerramento desta temporada. Quem quiser ajudar, pode doar qualquer valor. Desde 10 libras a até 45 mil.

 

Com metade da meta atingida, Finbarr O’Connell se disse satisfeito com a vaquinha, mas sabe que ainda falta muito. Apesar de arrecadação seguir em um bom ritmo, O’Connell, revelou o surgimento de um possível comprador para o time. De acordo com o administrador legal da equipe, “um novo financiador interessado” considera a possibilidade de comprar a Caterham.

 

Durante o final de semana do GP Brasil a Marussia anunciou oficialmente o que o nosso colega, Paulo Alexandre Teixeira escreveu em sua última coluna: o encerramento das atividades. Contudo, o presidente da empresa, Greame Lowdon está negociando um acordo para salvar o time e permitir que as atividades continuem em 2015, até mesmo podendo estar presente na etapa final desta temporada.

 

A FOM anunciou que a categoria deve estar presente com 11 equipes e, no lugar de “Marrussia” está o antigo nome da equipe, a “Manor”. E o chefão da equipe confessa que o foco não é realmente correr em Abu Dhabi, mas garantir que nosso carro esteja no calendário em 2015. Segundo ele, os times podem perder três corridas e ainda continuar no campeonato (essa eu juro que não sabia). Sendo assim, quem sabe acontece um milagre.

 

Contudo, crescem a cada dia os rumores sobre o terceiro carro diante da crise enfrentada pelas equipes médias. As opiniões entre as equipes de ponta da F1 estão divididas: Enquanto Red Bull e Ferrari se mostraram mais abertas ao recurso, McLaren e Mercedes não tem se mostrado reticentes com relação a ideia de ter mais um carro na pista.

 

A encrenca está no custo. Christian Horner, chefe da Red Bull, revelou ainda que o custo de colocar um terceiro carro no grid estaria entre 35 a 40 milhões de Euros. Para ele, este é um dinheiro que tem de vir dos detentores dos direitos comerciais da categoria (a CVC, no caso). Horner acha que pode ser mais viável ajudar as equipes privadas com um valor até menor.

 

O jornal inglês ‘Times’ no último domingo escreveu que há uma sinalização para que Ferrari e Red Bull coloquem um terceiro carro no grid. Já pensaram uma Ferrari com o ‘Príncipe das Lamúrias’, o ‘Darth Vettel’ e o Kimi ‘Tomotodas’? Quem sabe não seria este o motivo do espanhol estar todo risonho nos últimos dias, apesar de todos os indícios apontarem para um “finalmente” na “novela” com a McLaren...

 

Segundo os ingleses, este esforço seria parte de num acordo entre FOM e as equipes, que coloca Red Bull e Ferrari na frente da lista daquelas que devem alinhar um terceiro carro. Posteriormente, McLaren, Mercedes e Williams tomariam o mesmo caminho... embra todos neguem veementemente que as coisas estejam indo nesta direção.

 

Uma outra opção que voltou a ser comentada é a possibilidade da venda de chassis – teoricamente- a partir de 2016. Quem abriu o verbo em Interlagos, depois da corrida, foi o diretor-adjunto da equipe indiana, Bob Fernley. Segundo ele, a F1 está caminhando na direção de adotar “carros clientes” em função de uma suposta falta de dinheiro e a ideia é um sistema “interino” de três carros enquanto não se acretam as egras para o sistema de “equipes clientes”. A equipe Haas seria uma primeira a funcionar neste sistema, mas estão todos com “um pé atrás”.

Monisha Kaltenborn, chefe da Sauber, também está reticente quanto a esta ser uma saída possível e perene. Para ela seria o fim do encanto da F1 e a destruição do que o público gosta de ver... e foi mais além: “se tivermos 5 equipes fornecedoras e poderosas, as outras serão sempre as perdedoras, o que iria acabar com a real competição” (com se existisse isso hoje) Uma outra solução poderia e deveria ser encontrada para as equipes médias (Sauber, Force India e a ‘Nega Genii’).

 

Mas aí vem o ‘genial’ “Bom Velhinho” com uma daquelas suas ideias surtadas tipo molhar a pista no meio das corridas ou fazer “atalhos” nos circuitos. A “pérola”da vez foi colocar na pista o que foi chamado de 'Super GP2', um carro da categoria de acesso atualizado, com um “motor melhorado”, seja lá o que for isso. Aí sim teremos a esculhambação defiitiva da categoria.

 

Como o negócio é correr atrás de dinheiro, depois de Bahrein e Abu Dhabi, a F1 considera a possibilidade de introduzir o Catar no calendário. As negociações entre a FOM e os administradores da pista de Losail já estariam avançadas, segundo site britânico ‘Motorsport.com’. Com isso, o traçado de Doha poderia ganhar seu espaço no programo do Mundial em 2016 ou 2017. Mas... se eles entram, quem sairia?

 

Apesar de ter contrato assinado até 2020, Interlagos pode ser colocado como “candidato”, especialmente se o público não melhorar. Apesar do esforço da transmissão da FOM, em algumas tomadas foi possível ver que as arquibancadas de concreto da curva do café estavam praticamente vazias, assim como havia claros consideráveis no início da reta oposta. E a organização disse que o público deste ano foi 2% maior do que o recebido no ano passado... que também foi decepcionante.

 

O circuito de Losail foi construído em 2004 e custou ao governo local 60 milhões de dólares. Três anos depois, a pista recebeu um novo investimento milionário, que garantiu a iluminação completa do traçado. Desde 2004, o Mundial de Motovelocidade corre na pista do Catar, tendo inaugurado o sistema de iluminação em 2008. Ter um sistema de iluminação é algo que muito interessa ao “Bom Velhinho”, por conta da possibilidade de adequar o horário da transmissão ao fuso horário na Europa. Abra o olho, SPTuris...

 

Sabe aquele ditado de que o castigo vem à cavalo? O “castigo”, na NASCAR, veio no muro. Um acidente na última curva tirou os dois brigões da categoria – Jeff Gordon e Brad Kaselowsky – da disputa final, o “Chase” da categoria, agora restrita à quatro pilotos (Kevin Harvick, Joey Logano, Ryan Newman e Danny Hamlin). Detalhe importante. Caso Ryan Newman chegue na frente de seus adversários em Homestead, mesmo sem vencer, pode sagrar-se campeão sem ter ganho uma corrida sequer na temporada!

 

Os Piquet brilharam no final de semana em Interlagos. Na preliminar da Fórmula 1, Pedro Piquet, de apenas 16 anos, venceu a corrida da Porsche Challenge. Pedro fez um treino com um carro da categoria em Curitiba no mês passado e treinou no final de semana da corrida em São Paulo. Foi o suficiente para deixar para trás pilotos que há anos correm na categoria.

 

Já o pai, o tricampeão Nelson Piquet não deixou de falar sobre os assuntos polêmicos da categoria e durante a transmissão da corrida, diante das câmeras da FOM, transmitindo para o mundo inteiro, diante da tensão dos boxes da Mercedes e dos olhares fixos do amigo e ex-companheiro de Brabham, Niki Lauda, no melhor estilo irreverente que o marcou entre os amigos, tacou um beijo na bochecha do austríaco, provocando risos de todo o box  e “quebrando a tensão do ambiente”.

 

Quem dera tivéssemos mais “quebras de regras” na engomadinha F1... e em precisarmos de alicates!

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva