Brasil: o país do balonismo Print
Written by Administrator   
Thursday, 24 July 2014 00:14

Caros amigos, na última segunda-feira, assistindo um telejornal matinal de uma poderosa rede de televisão, pude ver uma matéria de quase cinco minutos onde a cidade de Rio Claro, interior de São Paulo, mostrando que a partir desta quinta-feira, esta será a sede da 21ª edição do Campeonato Mundial de Balonismo, que contará com equipes de 32 países e 103 pilotos – sete Brasileiros – na disputa do título. Os treinos já começaram desde a sexta-feira passada e a abertura oficial do evento, a partir das 20h.

 

Os voos competitivos serão realizados entre os dias 20 e 26 em dois horários: pela manhã às 8 horas e no período da tarde a partir das 16 horas. No último dia de provas, dia 26, os voos competitivos ocorrem somente pela manhã. No mesmo dia, ocorre a cerimônia de premiação, às 20 horas. No domingo, a partir das 8 horas, as equipes fazem um “voo Fiesta”, que marcará o encerramento oficial do evento.

 

O espetáculo de cores no céu azul do interior paulista é realmente lindo e a Confederação Brasileira de Balonismo (acredite caro leitor, existe uma Confederação Brasileira de Balonismo) está de parabéns por conseguir espaço e divulgação, não apenas na televisão, mas nos principais “cadernos de esportes” dos portais de notícias da internet e também em jornais impressos, com matérias de 1/4 de página, ou até meia página, com fotos coloridas.

 

Praticamente no mesmo período, no Kartódromo Internacional de Nova Odessa, também no interior do estado de São Paulo, localizado a cerca de 120 Km da capital paulista e apenas 20 Km de Campinas, terá lugar a oitava edição do KWC, o campeonato mundial de karts equipados com este tipo de propulsor, motores de quatro tempos.

 

Considerada a divisão mais democrática da modalidade ao redor do mundo, principalmente por apresentar os menores custos de participação entre todos os torneios realizados em kartódromos, o torneio disputado pela primeira vez em 2007 na cidade de Phoenix, nos EUA, volta ao país depois de cinco anos. Mais de 150 pilotos, de 15 países, são esperados para as disputas.

 

Algum dos estimados leitores leu alguma notícia sobre este campeonato em algum portal de notícias da internet, sobre o campeonato mundial de kart KWC? Não vale considerar sites especializados... e mesmo estes, pouquíssimos sequer mencionaram a competição! Sobre o Brasileiro de Kart, que está sendo realizado em Itu, apenas os ‘especializados’ tocaram no assunto. Os demais, nada!

 

O Brasil, que é dono de três títulos mundiais de kart, com Augusto Ribas, Gastão Fráguas e Ruben Carrapatoso, que teve Ayrton Senna duas vezes vice-campeão merecia mais respeito, mais consideração, mais mídia... mas aonde está a CBA e sua assessoria de imprensa nestas horas?

 

É provável que o competente Ronaldo [Dinho] Leme, não tenha autonomia – muito menos verba – para atuar junto aos veículos de mídia eletrônica, jornais e redes de televisão. Verba para poder colocar matérias pagas precisaria da participação direta dos patrocinadores uma vez que a CBA está “no vermelho”.

 

Independente disso – que me perdoem os balonistas – mas quantos títulos mundiais vocês tem? Nenhum! Só de Fórmula 1 o automobilismo tem oito! Se contarmos títulos internacionais de uma forma geral chegamos a uma centena facilmente.

 

Daí quando eu vejo num jornal de circulação nacional, pertencente ao grupo de mídia que detém os direitos de transmissão da Stock Car colocar na segunda-feira após a corrida que reinaugurou o Autódromo Internacional de Goiânia ter no caderno de esportes uma “nota” de cinco linhas, num espaço de 3 por 5 centímetros, o resultado da corrida em meio as notícias do vôlei, hipismo e tênis eu penso o que? Sabotagem ou sacanagem?

 

Que os balonistas deixem o céu colorido, que na hora de cantar o hino cantem “à partia inflada”. Eles são ‘a patria de ar quente’, numa alusão a “patria de chuteiras” do futebol. Enquanto isso, no asfalto de Nova Odessa, faz-se forte o verso da música de Chico Buarque que diz: “a coisa aqui tá preta”!

 

Enquanto isso, no Balcão do Cafezinho…

 

Com o aperto do calendário para as férias de agosto, domingo teremos corrida naquela pistinha da Hungria que sabe-se lá Deus como ainda está no calendário (O Bom Velhinho deve ganhar muita grana ali, só pode ser), pode ser uma chance para o ‘Macarroni’ ir descansar a cabeça, baixar a fervura e tentar desrudar da panela... porque tá feia a coisa.

 

Depois de não conseguir escapar do acidente com o Kimi ‘Tomotodas’ em Silverstone, o piloto brasileiro encorporou o sobrenome e transformou-se num fusili após passar por cima da roda dianteira esquerda da McLaren de Kevin Magnussen, esmerilhando o asfalto da área de escape com seu ‘santantônio’.

 

Passado o susto do acidente, quando abriu a boca, o ‘Macarroni’ reencorporou o ‘fusili’ e “entrou em parafuso”, jogando a responsabilidade do acidente pra cima do piloto dinamarquês, afirmando que os pilotos de hoje precisam aprender que não se ganha uma corrida na primeira curva. Tá, então por que raios você fechou a tomada pra cima da McLaren com esta do seu lado e por dentro da curva?

 

A pirueta deve ter mesmo chacoalhado a cabeça do ‘Macarroni’, que saiu atirando em todas as direções. O experiente, equilibrado e competente Livio Orichio, que há décadas acompanha o circo da F1 e viu de tudo, tomou uma “patada à grano duro” quando foi perguntar ao piloto se ele realmente achava que não tinha culpa no acidente.

 

O problema está ficando maior a cada etapa, com o ‘Frangote’ Bottas com 61 pontos à sua frente na pontuação e o triplo de pontos. Apesar disso, a chefona da equipe, Clarie Williams, tratou de declarar esta semana que a equipe está muito contente e que o ‘Macarroni’ está dando para a equipe aquilo que ela esperava. Sabe aquela coisa do futebol de que “o time só perde, mas o técnico continua ‘prestigiado’ pela diretoria”?

 

Mas o que mais me espantou foi ver na segunda-feira a noite o compacto da corrida no canal por assinatura, que a partir do sábado passado também está transmitindo os treinos oficiais uma vez que o Mickey Mouse dá mais IBOPE que o ‘Circo do Bom Velhinho’. Tanto o ligadíssimo caprichoso narrador quanto o co-editor do Almanaque Fontoura dos comentários não pouparam o Macarroni de críticas – e pesadas – sobre o acidente, atribuindo a culpa ao piloto “da casa”.

 

Tal espanto tem uma razão: além do – até o episódio – pachequismo declarado, durante a transmissão do treino classificatório o comentarista argumentou que, levando 3 décimos de segundo no Q2 do novato Magnussen, o campeão de 2009, Jenson Button, estaria vendo a porta da rua na McLaren. No Q3 o ‘Macarroni’ tomou os mesmos 3 décimos de segundo do ‘Frangote’... e nenhum comentário sobre portas, ruas, aposentadorias e/ou similares foi feito. Interessante, não?

 

Mais interessante que isso só os mais recentes comentários do Niki Lauda, que num ‘revival’ anos 70, época em que os pilotos falavam o que tinham que falar, o que lhes ‘dava na telha’ e dane-se o mundo, disparou a mtralhadora ao jornal espanhol ‘El País’. Começou falando da escalada dos custos como sendo um dos principais problemas do Mundial e disse que é preciso estabelecer limites para implantar um controle orçamentário. O exemplo citado foram os novos motores, que consomem e contaminam menos, mas que seu desenvolvimento custou muito caro e que, mesmo com os fabricantes vendendo unidades entre 18 e 20 milhões de euros, quem paga por eles também sofre no bolso.

 

Lauda também desdenhou do ‘chororô’ da Red Bull e da Ferrari sobre o domínio da Mrcedes lembrando que, quando elas foram as dominantes, não reclamavam do regulamento e relembrou que para 2015, tanto a Renault quanto a Ferrari poderão trocar 48% do motor, o que é muito. Em 2016, só 18% e – mais uma pedrada – que a Mercedes não pode ser punida pela estupidez dos outros, citando a McLaren, que usa o mesmo motor e que “o carro é uma M”, assim como o da Ferrari, outra M”!

 

Depois e chamar a equipe italiana de “cassino” e de dizer que o ‘Príncipe das Lamúrias’ deve estar frustrado por estar preso a um contrato, tendo como compensação apnas o salário que ganha, o que vimos foi tanto Ron Dennis quanto Luca di Montezemolo terem ficado calados quanto às críticas do tricampeão, que  conquistou campeonatos pelas duas equipes. E tem como contestá-lo?

 

Lamentei muito o “pedido de desculpas” onde o Lauda disse que foi “duro demais” com os ferraristas. Sabe-se lá o dia de amanhã, não é mesmo? Neste mundo não devemos fechar portas. Quem não se lembra da declaração do Piquet chamando o Comendador de Gagá? Gargalhadas e verdade à parte, isso certamente fechou a porta da equipe para ele.

 

Aliás, na Ferrari além dos problemas com o carro há o problema com os pilotos. Além do lamurioso Alonso, o ‘Tomotodas’ está naquela do “estar prestigiado”. O finlandês tem passado aperto com a “M de carro”, segundo Niki Lauda e não consegue tirar o melhor da F14T, ao contrário do espanhór (não é, Ciro?) que tem tirado leite de pedra. Na Alemanha, o nosso simpático biriteiro foi engolido – por vezes pelos dois lados – em algumas das melhores disputas do ano.

 

O mais interessante – ou intrigante – desta estória é que a imprensa ferrarista (digo, italiana) tem sido de uma benevolência sem tamanho com o “filho pródigo”, último campeão pela ‘Scuderia’. Diante de tal desempenho, o ‘Macarroni’ foi trucidado pelos peridistas, comentaristas e editores de todas as publicações do país. A “aposta” é – mais uma vez – para o carro do próximo ano.

 

Em falando de próximo ano, o Bom Velhinho, que em 2015 deverá estar vendo o sol nascer quadrado, em entrevista à revista americana 'Forbes' nessa semana, adiantou que o GP do México vai voltar à cena da F1 em 2015 após 23 anos de ausência. A última vez que a categoria foi ao autódromo Hermanos Rodríguez, na Cidade do México.

 

O novo GP mexicano tem como idealizadores Tavo Hellmund, dono da USGP e do Circuitos das Américas em Austin, no Texas, e Alejandro Soberón, diretor-geral da Corporación Interamericana de Entretenimento (CIE). Entre os outros envolvidos com o projeto estão Carlos Slim Domit, filho do homem mais rico do mundo Carlos Slim e parte do Comitê Executivo da FIA; George González, executivo-chefe da CIE; e Federico Alaman, presidente da automobilismo da Ocesa.

 

É claro que por trás de todo este arranjo estão os milhões do Carlos Slim, o “dono do México”, patrocinador dos dois pilotos mexicanos na F1, Sergio Pérez e Estebán Gutiérrez. Além disso, o presidente do México, Felipe Calderón é fã de automobilismo e esteve no GP da Alemanha.

 

Como a categoria também pretende incluir o GP do Azerbaijão, em Baku, como o próximo na sequência a entrar no calendário, o número de provas pode subir já para 2016. Só que tem um ponto No entanto, Ferrari, McLaren e Red Bull teriam a chance de aprovar ou não essa situação, já que seu contrato prevê um máximo de 20 corridas por temporada. Para as equipes, que recebem 63% do todo arrecadado pela F1 em um ano, talvez não seja tão ruim. Pelo contrário, até coerente.

 

Como bem sabemos, a lógica e a coerência do Bom Velhinho é algo bem peculiar. Dias após incidente com o vôo MH17 da Malaysia Airlines - que deixou 298 pessoas mortas na região de Hrabove, próximo a Donetsk, região no leste da Ucrânia que vive disputa entre o governo ucraniano e grupo separatistas pró-Rússia. A suspeita, é que o avião tenha sido abatido por um míssil soviético sob o poder do Exército Popular de Donetsk, um dos grupos separatistas da região, o nosso futuro presidiário minimizou o fato diante da passagem da categoria pela Rússia daqui há dois meses e meio em Sochi, cidade que recebeu os Jogos Olímpicos de Inverno em fevereiro.

 

E a tal da coerência também faltou aos comissários e ao diretor de prova no GP da Alemanha quando a Sauber de Adrian Sutil apareceu diante das câmeras de TV atravessada em plena reta dos boxes, depois rodar. Com o motor apagado e ciente do perigo, o alemão deixou o carro, ciente que sua posição era perigosa e poderia ser atingido pelos demais. Era evidente que se fazia necessária a entrada do safety-car... mas porque ele não entrou?

 

Para piorar, três fiscais atravessaram a pista correndo para tentar colocar em ponto morto a Sauber e empurrá-la para uma “agulha” e assim deixá-lo em uma posição segura! Só para lembrar, há duas semanas, no GP da Inglaterra, quando o Kimi ‘Tomotodas’ perdeu o controle do xucro cavalinho rampante e estampou o carro num ‘guard rail’ interno de um trecho de reta onde dificilmente outro carro bateria, os comissários e a direção de prova interromperam a corrida e foi preciso esperar uma hora até o mesmo ter as lâminas trocadas. E aí, onde está a lógica? Qual é o critério?

 

O agrupamento dos carros prejudicaria diretamente o líder da prova, o ‘Paquito’ Rosberg faltando apenas 19 voltas para o final da prova. Ainda mais que “a metade não germânica” da equipe puxou o ‘Neguin’ Hamilton para os boxes, calçando-o com pneus supermacios. Com todos partindo em fila indiana, as chances do inglês, que largou na 20ª posição, chegar ao topo do pódio seriam reais. Até agora, ninguém da FIA ou da FOM se manifestou sobre o assunto.

 

Na contramão da Fórmula 1, a Fórmula Indy foi pra lá de precavida: diante da chuva que caiu no sábado em Toronto, no Canadá, a direção de prova decidiu por interromper a prova até que as condições de tempo melhorassem. E olha que nem tinha tanto ‘spray’ para que os pilotos não conseguissem ver para onde estavam indo.

 

Mas a cereja do bolo foi ver o Safety Car ir para a pista para avaliar as condições do traçado urbano e perder o controle na tomada da curva 3! Mario Andretti, que pilotou na Fórmula 1 no tempo em que os pneus não tinham metade da aderência dos compostos atuais não conseguiu “engolir” a decisão e ironizou: “Nova regra da Indy: corridas na chuva podem ser disputadas desde que os carros não levantem spray”! E olha que nem todos os pilotos eram americanos...

 

Bom mesmo é no cinema, onde americano não é braço duro e ganha campeonato do mundo. Para quem assistiu o filme ‘Grand Prix’ – uma obra de ficção que contou com cenas reais de corridas da época e a participação dos pilotos que disputavam o campeonato – onde um piloto (Pete Aron) interpretado por James Garner, vencia o campeonato mundial de Fórmula 1. Nesta semana o ator faleceu, mas este filme e o seu personagem ficarão para sempre na memória dos apaixonados pelo automobilismo.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva